Por ser tão
raro, o linfoma de Hodgkin é também desconhecido da maior parte das pessoas e,
em particular, dos jovens adultos, faixa etária em que se regista um pico da
incidência desta doença. Em entrevista ao Lifestyle ao Minuto, e no Dia Mundial
do Linfoma, Isabel Barbosa, presidente da Associação Portuguesa de Leucemias e
Linfomas, explica tudo o que deve saber sobre este tumor.
"Oprimeiro sintoma do linfoma de Hodgkin é, muitas vezes,
uma tumefação, que, por norma, não causa dor. Outros sintomas podem
incluir a sudação frequente, especialmente durante a noite, febres
elevadas inexplicadas, perda de peso, cansaço, tosse ou falta de ar e
comichão persistente em todo o corpo", alerta a presidente da Associação
Portuguesa de Leucemias e Linfomas, Isabel Barbosa.
Na Europa, são diagnosticados anualmente cerca de 18 mil
casos de linfomas, sendo
que os homens têm um risco ligeiramente superior de
desenvolverem este linfoma.
Entre os fatores de risco associados destacam-se o historial de
infeção pelo vírus Epstein-Barr, a
imunodeficiência associada a infeção por VIH, a transplantação de orgãos
sólidos ou progenitores hematopoiéticos, a utilização de fármacos
imunossupressores e antecedentes de doenças autoimunes, além dos possíveis
fatores genéticos.
Atualmente, os tratamentos utilizados curam cerca de oito em
10 doentes com linfoma de Hodgkin. Nas últimas décadas, registou-se um desenvolvimento da
investigação nessa área, que tem permitido grandes progressos, tendo-se
verificado um aumento da sobrevivência aos cinco anos.
Para os casos difíceis de tratar (como os que
não respondem ou recidivam ao tratamento), a investigação tem procurado
melhorar o tratamento e, recentemente, a imunoterapia mostrou ser uma
alternativa terapêutica relevante.
Leia a entrevista de Isabel Barbosa e
entenda todas as caraterísticas e facetas deste tumor potencialmente
letal.
Os
sintomas do linfoma são comummente observados noutras doenças menos
grave.
Pode explicar aos nossos leitores em que consiste o linfoma de
Hodgkin?
O linfoma é um tipo de cancro no sangue que
afeta as células do sangue chamadas linfócitos. Os linfócitos são um tipo de
glóbulo branco e fazem parte do sistema imunológico, que defende o organismo
contra infeções.
Quando têm linfoma, alguns dos linfócitos não
funcionam adequadamente, não se desenvolvem completamente (imaturos) ou
dividem-se de uma forma anormal. Esses linfócitos anormais podem acumular-se
nos gânglios linfáticos, fazendo com que inchem e formem um nódulo.
O linfoma de Hodgkin é uma forma rara de
linfoma caracterizada por uma célula tumoral anormal específica - Reed
Sternberg - não presente em outras formas de linfoma.
Existe mais do que uma variante deste linfoma?
Existem alguns subtipos dependentes do tipo
de células associadas.
Em que idade costuma surgir?
O pico de incidência atinge dois grupos
distintos: os jovens adultos (20-25 anos) e adultos por volta dos 60 anos.
Afeta mais os homens ou as mulheres?
Apresenta-se, mais frequentemente, no sexo
masculino.
As suas causas são mal conhecidas, mas
existem estudos que demonstram uma associação à infeção pelo vírus
Epstein-Barr, presente em mais de 50% dos casos de doença de Hodgkin.
Quais são os sintomas deste linfoma?
Os sintomas do linfoma são comummente
observados noutras doenças menos graves, como a gripe ou outra infeção viral.
O primeiro sintoma é, muitas vezes, uma
tumefação, que, por norma, não causa dor. Outros sintomas podem incluir a
sudação frequente, especialmente durante a noite, febres elevadas inexplicadas,
perda de peso, cansaço, tosse ou falta de ar e comichão persistente em todo o
corpo.
E quais são os fatores de risco que propiciam o aparecimento
desta doença?
Há algumas coisas que não podemos mudar que
afetam o risco de alguém ter um linfoma, como idade e sexo. Por vezes, há
fatores externos que podem ter um impacto, como ter certas infeções virais ou a
exposição a níveis muito altos de radiação.
Há tratamento para esta condição?
Em geral, a doença de Hodgkin é tratada com
quimioterapia ou radioterapia, ou ainda, uma combinação de tratamentos. Mais
recentemente, pode incluir a imunoterapia com novos medicamentos que
identificam marcadores na superfície das células afetadas e as destroem.
A transplantação de medula óssea
(transplantação hematopoiética) é também um possível tratamento para estes
doentes.
Pode ser fatal?
Pode, embora seja extremamente raro
acontecer. A maioria dos doentes é curada com os tratamentos
atuais.
Qual a taxa de sobrevivência para os doentes que sofrem com esta
patologia?
A incidência (número de novos casos por ano)
tem estado estável, enquanto a taxa de sobrevivência tem vindo a crescer
extraordinariamente.
O prognóstico é diferente para cada tipo de
linfoma e para cada doente. Muitos fatores diferentes podem afetar o
prognóstico - como a idade, saúde geral e o tipo de linfoma.
Quais são as principais dificuldades que os doentes afetados
pelo linfoma de Hodgkin enfrentam?
As principais dificuldades podem ocorrer com os tratamentos de quimioterapia e
radioterapia, que têm alguns efeitos adversos para os doentes. Contudo, estes
efeitos são temporários e, no final dos tratamentos, os doentes recuperam e têm
boa qualidade de vida.
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