Nos
últimos anos, centenas de brasileiros têm sido vítimas de perseguição judicial
e arbitrariedades — e quase todos compartilham um mesmo perfil: são alinhados à
direita.
Um
dos casos que escancaram o regime de perseguição é o de Eduardo Tagliaferro,
ex-diretor do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que confirmou à imprensa, no
ano passado, a veracidade de conversas internas com integrantes do gabinete do
ministro Moraes, divulgadas pela Folha de São Paulo.
Essas mensagens revelam o que muitos já suspeitavam: um ambiente de censura e perseguição política dentro da estrutura eleitoral de 2022.
Em uma das
conversas, o braço direito de Moraes chega a pedir que Tagliaferro fosse
“criativo” para justificar a censura à Revista Oeste, por exemplo.
Mais
tarde, Tagliaferro apresentou novas provas, mostrando que a estrutura de
“combate à desinformação” do TSE teria sido usada para fichar ideologicamente
réus do 8 de janeiro — com postagens antigas críticas a Lula e ao PT sendo
supostamente utilizadas para negar pedidos de liberdade provisória.
Segundo ele, também houve pressão para criar um relatório que justificasse operações contra empresários de direita, acusados de “defender golpe” em conversas privadas no WhatsApp.
O documento, conforme a denúncia, teve a data adulterada
antes de ser anexado ao processo.
Tagliaferro
ainda afirma que foi montada uma estrutura paralela de denúncias, formada —
segundo ele — por militantes de extrema-esquerda que enviavam posts e contas a
serem derrubadas, contrariando a versão oficial de que o monitoramento de “fake
news” era movido apenas por denúncias anônimas.
De
acordo com o denunciante, essa rede seria composta por parceiros externos do
TSE, incluindo ONGs, universidades e agências de checagem, que colaboravam no
envio de conteúdos a serem avaliados e removidos.
Em
qualquer país minimamente sério, denúncias de tamanha gravidade, feitas por um
insider, levariam à abertura de investigações independentes, tanto sobre os
agentes acusados de abuso, quanto sobre o processo eleitoral em si.
Mas não no Brasil.
O próprio ministro Moraes, cujo gabinete é alvo direto das acusações, determinou a abertura de inquérito contra Tagliaferro.
E o
procurador-geral da República — também citado nas denúncias — apresentou contra
ele uma acusação por “tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de
Direito”.
É
evidente que nem Moraes nem o PGR poderiam conduzir o caso, uma vez que possuem
interesse direto e inequívoco no desfecho das investigações.
Agora,
o julgamento da denúncia contra Tagliaferro está marcado para a semana de 7 de
novembro, na 1ª Turma do Supremo, sob relatoria do próprio Moraes.
A defesa já apresentou sua manifestação prévia e reiterou o pedido de impedimento do ministro, alegando falta de imparcialidade.
Segundo os advogados,
Tagliaferro atuava em um setor subordinado à Presidência do TSE, então ocupada
por Moraes, e parte das mensagens vazadas envolveria decisões do próprio
ministro — que seria, portanto, “terceiro interessado” e até “vítima” no caso.
A
defesa também solicitou a redistribuição do processo para outro ministro e a
anulação das provas obtidas a partir do celular do ex-assessor.
Infelizmente, sabemos o que esperar.
Assim como ocorreu com as centenas de recursos apresentados contra decisões de Moraes — todos rejeitados —, é pouco provável que o pedido prospere.
O próprio ministro, em recente manifestação, chegou a
citar o indeferimento dos 707 recursos contra seus atos como prova de sua
suposta correção.
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