🔴 🔵 Ministro da Justiça volta afirmar relação de "DEPUTADOS e CAMANDO DA PM com o CRIME ORGANIZADO"
Publicado
em 2 de nov de 2017
O ministro da Justiça, Torquato Jardim, reviveu
nesta semana, com certas adaptações, o clássico filme O Homem Que Sabia Demais,
dirigido por Alfred Hitchcock, em 1934.
Jardim virou, na visão de analistas
ouvidos por EXAME, o Ministro que Falou Demais. Em vez de ficar sabendo sem
querer de um assassinato, como na história do filme, o ministro falou sem papas
na língua sobre o ambiente que cerca vários deles.
Mais precisamente, sobre a
onda de violência no Rio de Janeiro. Na terça-feira ele disse ao blog do jornalista
Josias de Souza, do UOL, que o governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando
Pezão, e o secretário de estado da Segurança Pública, Roberto Sá, não têm
controle sobre a Polícia Militar do estado – que, diga-se, passa por uma
interminável crise na área de segurança.
Mais: ele afirmou que “comandantes de
batalhão são sócios do crime organizado no Rio” e que o comando da PM decorre
de acertos entre um deputado estadual e o crime organizado.
Para completar,
disse que a situação só tem chance de melhorar com a troca de governo. As
reações dos atingidos pelas declarações foram imediatas, e variaram da surpresa
à fúria.
Jorge Picciani, presidente da Assembleia Legislativa e o deputado
estadual com mais poder no estado, disse que o ministro “mente”, é “irresponsável”
e “age com má-fé”. Roberto Sá se disse indignado.
O presidente da Câmara dos
Deputados, o carioca Rodrigo Maia (DEM), se disse perplexo e na espera de
provas vindas de Torquato.
Pezão afirmou que não negocia com criminosos e que
vai interpelar judicialmente Jardim esperando que ele prove as acusações. Nos
bastidores, analistas e assessores próximos à cúpula do poder em Brasília dizem
que Jardim, se não foi sutil, tampouco está errado.
O descontentamento com a
área de segurança pública do Rio de Janeiro é geral entre os ministros que
tratam do assunto – além da Justiça, o problema também esbarra na pasta da
Defesa, que enviou forças armadas para o estado e é comandada por Raul
Jungmann, e no gabinete de Segurança Institucional, chefiado pelo general Sérgio
Etchegoyen.
A avaliação comum é que sobram erros e vazamentos nas operações
conjuntas feitas entre o Exército e a Polícia Militar do estado. “Nós já
tivemos conversas — ora eu sozinho, ora com o Raul Jungmann e o Sérgio
Etchegoyen —, conversas duríssimas com o secretário de Segurança do Estado e
com governador.
Não tem comando”, disse Jardim na entrevista ao UOL. Mais a
fundo, na lógica de Jardim – compartilhada por políticos e diversos
especialistas em segurança pública e no estado – dificilmente o crime tomaria a
proporção que tomou no estado sem o apoio de políticos eleitos pelo voto.
“Voltamos à Tropa de Elite 1 e 2”, disse o ministro em entrevista ao jornal O
Globo nesta quarta. A ideia da nova entrevista era apaziguar os ânimos, mas a
situação só fez piorar.
Até quem costuma tratar dos mesmos temas levantados
pelo ministro diz que suas falas foram intempestivas. “O que ele fala não é
novidade. Dizer que existe propina entre tráfico, polícia e política não é
novidade.
Dizer que existe arrego não é novidade. O que ele diz está no meu
relatório da CPI das milícias e o que eles fizeram desde então?
Eu entreguei
nas mãos do ministro da Justiça da época e dos presidentes da Câmara e do
Senado. Ele é um ministro da Justiça, não é um comentarista”, diz o deputado
estadual Marcelo Freixo (PSOL).
Ele foi responsável pela CPI da Milícias, em
2008, que terminou com 226 indiciados e levou a prisão de diversos políticos,
incluindo um deputado estadual, e também serviu de inspiração para o roteiro
dos filmes Tropa de Elite 1 e 2.
Nenhum comentário:
Postar um comentário