Especial para o BSM·8 de Abril de 2020
O coronavírus e a cloroquina: quando
exigir consenso é um tremendo contrassenso
Especial para o BSM
O BSM publica em primeira mão um
documento redigido pelo professor Marcos Eberlin e coassinado por 30 cientistas
de diversas áreas em defesa do uso da hidroxicloroquina em pacientes não-graves
de Covid-19.
Os signatários da carta, todos ligados ao movimento Docentes Pela
Liberdade (DPL), somam mais de 60 mil citações em publicações científicas
internacionais.
Segue a íntegra do texto:
Por Marcos Eberlin, PhD
O Ministro da Saúde, Luiz Henrique
Mandetta, desaconselha o uso da (hidroxi)cloroquina ou sua associação com
azitromicina (HCQ + AZT) para doentes não-graves, e justifica sua decisão pela
“falta de consenso científico”. “Ciência, ciência, ciência, seguimos a
ciência!”, proclama o Senhor Ministro, soando, para muitos, como culto e
prudente. Porém, ele está equivocado!
Pois o que seria essa ciência que o
Ministro afirma seguir?
E haveria tempo suficiente para esperar por uma
resposta, definitiva e consensual, de uma comunidade científica?
E quem
falaria, de fato, em nome dessa ciência consensual, para anunciar o seu
veredito?
Sou um cientista, químico e
bioquímico, e já atuei em várias áreas da medicina e de análises clínicas.
Meu
grupo desenvolveu um método inovador e rápido de diagnóstico de zika.
Minha
filha — Lívia Eberlin — desenvolveu uma caneta para diagnóstico seguro de
câncer e, juntos, trabalhamos em um método rápido de diagnóstico para o
coronavírus.
São dados obtidos nesta semana, e, se tais dados forem
confirmados, teremos algo muito inovador a oferecer pela ciência. Atuo em
ciência há mais de 40 anos, coordenei um grupo de pesquisas com mais de 55
doutores e pós-doutores, já orientei mais de 200 deles, e publiquei mais de
1.000 artigos científicos com quase 25 mil citações.
Desculpe a falta de
modéstia, mas se ciência é a questão aqui, tenho que dizer que sou um dos
cientistas brasileiros mais produtivos da ciência brasileira contemporânea.
Atuo, também, em uma área da ciência que estuda nossas origens, na qual uma
teoria é apresentada como pleno consenso científico; entretanto, mesmo em meio
a este “consenso”, ainda reinam mais dúvidas do que certezas. No fundo, nós
cientistas só sabemos que quase nada sabemos! Mas se um pouco sabemos,
que usemos este conhecimento já, aqui e agora!
Com a autoridade científica que meus
feitos me outorgam, não tenho dúvidas em declarar que o Senhor Ministro da
Saúde, Henrique Mandetta, equivoca-se tremendamente ao clamar por consenso
científico nas atuais circunstâncias.
Consenso, não raro, diz respeito a
políticos. Mas como afirma Richard Feynman, um dos maiores físicos e filósofos da
atualidade: “A ciência é a cultura da dúvida”. Jamais teremos certeza
consensual em ciência! É evidente que o acúmulo de muitos dados ao longo de
vários anos de pesquisas pode certificar algumas hipóteses e derrubar outras,
provisoriamente. Mas a dúvida sempre persistirá. E é preciso que persista a fim
de que a própria ciência avance e se aperfeiçoe.
Portanto, exigir consenso científico
e que cientistas em suas sociedades científicas se reúnam e cheguem em uma
posição consensual, em meio a uma pandemia, é revelar temor em agir num momento
premente como o que vivemos.
Para a cloroquina no tratamento do Covid-19, pedir
consenso de seres por natureza céticos e questionadores é solicitar o
impossível, para justificar uma omissão. É ignorar as evidências que já temos
em nome de muitas evidências que até poderão surgir, porém, tarde demais; quem
sabe depois da morte de muitos. É se negar a desviar o Titanic, enquanto
se espera um consenso sobre se a mancha no radar é mesmo um iceberg à frente.
Em Portugal, por exemplo, médicos do
Ministério da Saúde adotaram o HCQ + AZT para tratar o Covid-19, tomando essa
decisão com pouco mas expressivo embasamento científico, frente aos resultados
do primeiro estudo do professor Didier Raoult e seu numeroso grupo de pesquisadores
e de especialistas do Instituto Ricardo Jorge (onde há pesquisadores com
elevada produção científica que estudam a malária e outras doenças tropicais),
e do Instituto de Medicina e Higiene Tropical da Universidade Nova de
Lisboa.
Os portugueses esperaram por consenso
científico? De duas sociedades científicas? Pediram estudos clínicos
multicêntricos com duplo cego envolvendo um número de casos cientificamente
válido? Evidentemente que não! Seria um contrassenso imenso insistir em
exigir coisas assim numa hora como esta! Pois estudos desta natureza seriam
demorados demais (pelo menos 12 meses), e o vírus que enfrentamos não tem
clemência por temerosos e retardatários.
Pior, estudos com esta metodologia são
difíceis de serem aplicados em doenças infecciosas, pois colocariam em risco a
vida dos participantes nos grupos de controle e/ ou de placebo. Na verdade, nem
sequer seriam aprovados em muitos Comitês Científicos de Ética.
Os portugueses, caro Ministro
Mandetta, foram bravos, corajosos e plenamente científicos. Usaram as
evidências empírico-científicas de que dispunham e não hesitaram: agiram,
rapidamente, pois era hora. Siga esse protocolo de sucesso!
Descartar um tratamento com baixo
risco e com potencial para salvar muitas vidas, mesmo que possa até não
funcionar, dar empate, é uma atitude moralmente inadmissível! E, por que não,
cruel.
Argumentos sobre a não cientificidade
do uso de HCQ + AZT, ou, que devemos usá-las somente após ser declarado esse um
consenso científico ignoram o que é ciência, como se constroem consensos
científicos, sua efetividade em muitos casos, é verdade, mas, outrossim, suas
inegáveis limitações, em outros.
Seria muito bom conhecer mais, se
tempo tivéssemos, mas os dados disponíveis atualmente clamam com veemência pelo
uso da cloroquina, e já!
E quais seriam estes dados?
A favor da HCQ + AZT temos:
1. A cloroquina já é usada há décadas, conhecemos as dosagens, as suas
contraindicações.
2. Africanos a tomam todos os dias, e missionários na África são
aconselhados a tomar doses diárias. Muitas vidas na África talvez sejam salvas
por essa “feliz coincidência”.
3. Não há relatos científicos de muitas mortes ou sérios efeitos colaterais
pelo uso da HCT.
4. Vários estudos fervilham no Brasil e no mundo mostrando sua eficácia. A
Prevent os tem aplicado preventivamente em centenas de seus pacientes idosos,
com muito sucesso.
Uma pesquisa na literatura científica (sciFinder e outros)
sobre a HCT retorna muitos registros de seu efeito antiviral, inclusive no tratamento
de zika.
5. Um dos maiores especialistas em epidemias no Brasil, entre eles um
pesquisador sênior e altamente produtivo e respeitado, o Dr. Paolo Zanotto,
aconselha fortemente seu uso.
6. O pior efeito colateral é a morte, e este efeito colateral ronda
milhares no Brasil pelo não uso da HCQ+ AZT!
7. Vários médicos têm feito uso próprio da HCQ + AZT, em casos “brandos”,
inclusive o coordenador da equipe de Governador Dória em SP, o Dr. David Uip.
Por que para ele pode, e para o povo, não pode? Um amigo meu, biólogo e
cientista, consultou seu médico, tomou e sarou, em poucos dias.
Contra temos:
1. A falta de consenso científico.
Ou seja: é uma goleada cientifica de
7 x 1 a favor da cloroquina ou da dupla HCQ+ AZT.
Caro Ministro, ciência é o pesar das
evidências que temos, aqui e agora. É agir hoje, com coragem e esperança.
Errar é humano, mas errar por esperar
consenso científico é isenção hedionda, pois o inimigo já derrubou as nossas
muralhas e está a ceifar as vidas de nossas mulheres e filhos.
Há relatos de pobres morrendo
clamando pela cloroquina! Pois os ricos e poderosos, como o Dr. Uip, estão
sendo todos tratados por seus médicos particulares com HCQ + AZT, e, por um
motivo qualquer que ainda me é obscuro, negando-se a revelar a receita da cura.
Médicos não abandonam seus pacientes, e também não lhes negam a receita!
Mas ainda há tempo e esperança. E,
Senhor Ministro, estou certo de que tomará a decisão correta.
Não corra o risco de ter sobre vossa
consciência o peso da morte de centenas ou milhares de pessoas que poderão
morrer sem sequer ter a chance de testar a terapia. Seja corajoso, seja
científico! Autorize o uso da ciência que temos aqui e agora, a ciência de
hoje!
Ministro: se errar, erre tentando,
empatando! Mas se acertar, acerte ganhando, salvando vidas!
*******
Coassinam esta carta os seguintes
cientistas:
NOME
|
instituição
|
citações
|
Marcelo Hermes Lima
|
Universidade de Brasília
|
6365
|
Aguimon Alves da Costa
|
Universidade Cândido Mendes
|
|
Alexandre Barbosa Andrade
|
Universidade Federal de Ouro Preto
|
|
Amilcar Baiardi
|
Universidade Católica de Salvador
|
2483
|
Bruno Lima Pessoa
|
Universidade Federal Fluminense
|
50
|
Carlos Adriano Ferraz
|
Universidade Federal de Pelotas
|
8700
|
Carlos Prudêncio
|
Instituto Adolfo Lutz
|
228
|
Cesar Gordon
|
Universidade Federal do Rio de
Janeiro
|
754
|
Cláudio Antônio Sorodo Días
|
Universidade Federal da Grande
Dourados
|
|
Eduardo Gonçalves Paterson Fox
|
sem filiação
|
418
|
Elvis Böes
|
Instituto Federal de Brasília
|
685
|
José Carlos Campos Torres
|
Universidade Estadual de Campinas
|
115
|
Laércio Fidelis Dias
|
Universidade Estadual Paulista
|
121
|
Leonardo Vizeu Figueiredo
|
Escola da Advocacia-Geral da União
|
288
|
Maira Regina Rodrigues Magini
|
Universidade Federal do Rio de
Janeiro
|
177
|
Marcio Magini
|
Universidade Federal do Rio de
Janeiro
|
207
|
Milton Gustavo Vasconcelos Barbosa
|
Universidade Estadual do Piauí
|
|
Ney Rômulo de Oliveira Paula
|
Universidade Federal do Piauí
|
|
Pablo Christiano Barboza Lollo
|
Universidade Federal da Grande
Dourados
|
1116
|
Pedro Jorge Zany P. M. Caldeira
|
Universidade Federal do Triângulo
Mineiro
|
65
|
Rodrigo Caiado de Lamare
|
PUC-RJ e University of York
|
11341
|
Ronaldo Angelini
|
Universidade Federal do Rio Grande do
Norte
|
664
|
Rosevaldo de Oliveira
|
Universidade Federal de
Rondonópolis
|
17
|
Rui Seabra Ferreira Junior
|
Universidade Estadual Paulista
|
1318
|
Luís Fabiano Farias Borges
|
CAPES
|
|
Jane Adriana Ramos Ottoni de Castro
|
Universidade de Brasília
|
|
Martinho Dinoá Medeiros Júnior
|
Universidades Federal de Pernambuco
|
|
Marcos N. Eberlin
|
Universidade Presbiteriana Mackenzie
|
24941
|
Marcus Vinicius Carvalho Guelpeli
|
Universidade Federal dos Vales do
Jequitnhonha e Mucuri
|
95
|
Leonardo de Azevedo Calderon
|
Fundação Oswaldo Cruz
|
1230
|
José Roberto Gomes Rodrigues
|
Universidade do Estado da Bahia
|
|
total de citações
|
61378
|
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