Fábio Gonçalves·25 de Março de 2020
Doria, Caiado e outros governadores, na surdina, reúnem-se com
embaixador e estreitam laços com a ditadura do Partido Comunista Chinês
Ontem
(24) um grupo de governadores participou de uma reunião discreta com o
embaixador chinês no Brasil, Yang Wanming, que ficou conhecido pelo grande
público depois de passar mensagens desrespeitosas à família presidencial, em
discussão com o deputado Eduardo Bolsonaro.
Participaram
da conferência, cujo objetivo era discutir estratégias no combate ao
coronavírus, os governadores: João Dória (PSDB-SP), Helder Barbalho (MDB-PA),
Ronaldo Caiado (DEM-GO), Eduardo Leite (PSDB-RS) e Romeu Zema (Novo-MG).
Segundo
nota oficial emitida no Webchat da Embaixada Chinesa do Brasil, durante a
reunião, os governadores elogiaram a China pelo êxito na contenção interna do
Covid-19 e pela contribuição do país de Xi Jinping, líder do Partido Comunista
Chinês, à segurança do mundo.
“Os
governadores disseram apreciar muito a resposta da China à epidemia e os
notáveis resultados alcançados. Também avaliaram positivamente a contribuição
da China para a manutenção da segurança pública mundial. Ademais, agradeceram à
China o compartilhamento das informações de prevenção e controle com a
comunidade internacional, incluindo o Brasil, e expressaram sua esperança de
aprender com a experiência da China, para fortalecer ainda mais a cooperação
antiepidêmica com a China”, diz o comunicado.
Dentre
outras coisas, conversou-se sobre a possibilidade de que os
chineses disponibilizem, além de equipamentos médicos, conhecimento técnico
para o enfrentamento da nova peste.
Referindo-se
ao governador de São Paulo, João Dória, a nota destacou que a capital paulista,
centro econômico do país, é também a maior aliada da China, e que, por isso, é
importante, neste momento de crise, que se estreitem ainda mais os laços
comerciais e culturais entre chineses e a administração paulistana.
“A China
está disposta a trabalhar com os governos locais do Brasil, incluindo o estado
de São Paulo, para manter um desenvolvimento estável do comércio bilateral
entre os dois países, especialmente nos tempos difíceis atuais, para
implementar constantemente projetos pragmáticos de cooperação e resistir
conjuntamente ao impacto da epidemia’.
É
importante salientar que esta reunião, que não foi repercutida na mídia
brasileira, não constava na agenda oficial de João Dória.
Dória e a anarquia dos governadores
O
governador paulistano, nome muito cotado para as eleições presidenciais de
2022, tem liderado um movimento que reúne outros governadores, prefeitos,
parlamentares, membros do judiciário e veículos de imprensa com o objetivo de
isolar o presidente Jair Bolsonaro.
Na
contramão das diretrizes de Brasília, o que esse grupo pretende, pelo menos
suas ações o indicam, é tomar medidas independentes e descoordenadas no
enfrentamento da epidemia — via de regra apostando em soluções extremas como a
quarentena generalizada —, buscando auferir para si, caso a situação se
normalize, os louros políticos, a coroa de herói local.
Na
esteira de Dória, que hoje mesmo meteu-se num entrevero com Bolsonaro, que o
chamou de aproveitador e politiqueiro durante uma videoconferência, Ronaldo
Caiado, até então aliado do presidente, rompeu publicamente com o mandatário o
chamando, dentre outras coisas, de “ignorante”.
Dória
convocou, para hoje à noite, uma reunião com os 27 governadores do país. Desta
conversa deve se definir quem está com o Brasil e com seu presidente
democraticamente eleito e quem está sob as botinas de Pequim, a serviço do
Partido Comunista.
Contra a bandalheira: sigam o líder
Em
sentido contrário a esse movimento anárquico — que, diga-se, tem gerado um
verdadeiro pandemônio em vários municípios do país, com casos de abusos
policial, desabastecimento do comércio, hostilidade pública, dentre outros —
alguns políticos têm preferido abrandar o tom e acatar as orientações do
governo central.
Vale
citar o caso do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB-DF), que,
tendo sido um dos primeiros a decretar medidas de isolamento social para conter
a epidemia, em declaração nesta quarta-feira (25), questionado sobre o
pronunciamento de Bolsonaro, disse que “não é hora de politizar” e que, na
condução da crise, “Bolsonaro tem parte da razão”.
Outro que
mudou o tom e parece ter aceitado a direção do Palácio da Alvorada é o prefeito
do Rio de Janeiro Marcelo Crivella (Republicanos-RJ). Crivella, dos maiores
entusiastas das medidas de isolamento em massa, criticadas por Bolsonaro, se
disse agradecido pela mensagem de esperança transmitida pelo
presidente e que consultará o Ministério da Saúde a ver quais são as novas
diretrizes indicadas pelas pasta de Henrique Mandetta.
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