Sergio Moro não é mais o Ministro da Justiça e Segurança Pública. O ex-juiz federal confirmou, na manhã desta sexta-feira (24), que deixa o cargo no governo de Jair Bolsonaro (sem partido). A saída acontece depois do presidente exonerar Mauricio Valeixo, diretor-geral da Polícia Federal e aliado de Moro desde os tempos da Operação Lava-Jato. As informações são do jornal Folha de S Paulo.
Nesta quinta-feira, Moro teria dito a Bolsonaro que deixaria o cargo caso o presidente resolvesse interferir na Polícia Federal e na permanência de Valeixo. Nas primeiras horas dessa sexta, no entanto, a exoneração foi confirmada no Diário Oficial da União.
A saída de Moro gera uma grande crise política e acontece poucos dias depois da demissão de Luiz Henrique Mandetta, agora ex-ministro da Saúde, depois de diversos atritos com o presidente em relação a medidas de combate ao novo coronavírus.
Após diversos desgastes, Valeixo negociava uma saída pacífica do cargo para meados de junho, mas a antecipação da demissão surpreendeu aliados. Agora, o presidente quer indicar um nome de sua confiança ao comando da PF.
Desde que assumiu o cargo, Bolsonaro ensaiou em mais de uma oportunidade mudar o comando da PF, minando a influência de Sergio Moro sobre a cúpula da corporação. Tentativas de ingerência se deram com a abertura e o avanço de investigações contra pessoas do entorno do presidente.
O incômodo de Bolsonaro aumentou recentemente por causa de inquéritos que apuram um suposto esquema de fake news para atacar autoridades em redes sociais, entre elas alguns adversários, e atos pró-golpe militar promovidas por grupos bolsonaristas, no último domingo (19), o presidente foi a um deles.
Trajetória de Moro no governo
Moro largou a carreira de juiz federal com a promessa de que teria autonomia total na pasta, mas vem colecionando derrotas desde que entrou no governo - como a aprovação de um pacote anticrime diferente daquele que ele tinha idealizado (incluindo a figura do juiz de garantias) e a troca do diretor da PF no Rio de Janeiro.
Em janeiro deste ano, Bolsonaro já havia tensionado sua relação com Moro diante de uma possibilidade de esvaziar o Ministério da Justiça. Na ocasião, antes de embarcar em uma viagem à Índia, o presidente disse que poderia recriar o Ministério da Segurança Pública, tirando-a do comando de Moro.
Desde que assumiu o cargo, em janeiro de 2019, o ex-juiz da Lava Jato já viu seu poder ser reduzido quando perdeu o antigo Coaf, rebatizado de UIF e subordinado atualmente ao Banco Central.
Moro também se mostrou insatisfeito em relação ao modo como o Planalto vem conduzindo a crise do coronavírus, sobretudo depois da demissão de Luiz Henrique Mandetta. Moro elogiou publicamente a atuação de Mandetta, o que foi visto como uma crítica indireta a Bolsonaro.
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