RESUMO
DA NOTÍCIA
· Página
bolsonarista compartilhou vídeo criticando atuação da FAB e do GSI no
caso do sargento Manoel Silva Rodrigues
· Carlos
Bolsonaro fez comentário criticando general Heleno e desencadeou crise no
governo
A
disputa interna de poder no governo Jair Bolsonaro (PSL) ganhou novo
capítulo nesta segunda (1º), com um ataque indireto do filho presidencial
Carlos contra o general Augusto Heleno, chefe do GSI (Gabinete de
Segurança Institucional).
Como
nos outros episódios em que pontificou ofensiva da ala autoproclamada
ideológica do governo contra os militares que cercam o pai, o vereador carioca
iniciou a carga com uma mensagem algo cifrada na rede social Twitter.
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Carlos
fez o comentário em uma página bolsonarista, a @snapnaro. Ele havia postado um
vídeo de uma pessoa que se identifica como jornalista acusando o GSI e a FAB
como cúmplices do sargento Manoel Silva Rodrigues.
O
militar foi preso na semana passada na Espanha com 39 kg de cocaína no
avião a serviço da Presidência que levava uma equipe precursora da comitiva que
acompanhou Bolsonaro à reunião do G20, no Japão. O episódio virou vexame
mundial, e Heleno o classificou de "azar".
Carlos
então comenta: "Por que acha que não ando com seguranças? Principalmente
aqueles oferecidos pelo GSI? Sua grande maioria podem (sic) ser até homens bem
intencionados e acredito que seja, mas estão subordinados a algo que não
acredito. Tenho gritado em vão há meses internamente e infelizmente sou
ignorado".
O
site bolsonarista ataca diretamente Heleno, dizendo que "a culpa é
dele", replicando o que assessores palacianos haviam dito quando o caso
estourou.
O general chegou a responder, dizendo que a responsabilidade pelas
revistas de aeronaves era da FAB.
Carlos
não chega a tanto, e nem é preciso. O vídeo replicado traz uma teoria
conspiratória usual entre os apoiadores mais radicais do presidente: de que os
militares em torno dele são influenciados pelo Foro de São Paulo, a entidade
que reúne partidos de esquerda na América Latina.
O
Foro é um dos alvos preferenciais de Olavo de Carvalho, escritor radicado nos
EUA que influencia toda a ala ideológica do governo e acredita em uma
conspiração marxista mundial.
O seguem no governo os filhos de Bolsonaro, em
especial Carlos e o deputado federal Eduardo, e os ministros Ernesto Araújo
(Itamaraty) e Abraham Weintraub (Educação).
Quando
a postagem começou a circular, militares de alta patente da ativa se
manifestaram em grupos de WhatsApp, criticando duramente Carlos.
Alguns
defendiam um maior afastamento do governo Bolsonaro, o que já vem ocorrendo
devido ao que consideram tratamento injusto das Forças pelo presidente. Entre
os generais da reserva no governo, houve silêncio.
Os
olavistas estão em alta. O presidente rearranjou as forças internas no Planalto
nas últimas semanas, retirando dois generais ligados a Heleno de cargos
importantes: Carlos Alberto dos Santos Cruz foi demitido da Secretaria de
Governo, e Floriano Peixoto, rebaixado da Secretaria-Geral para os Correios.
Santos
Cruz foi alvo de campanha aberta de Olavo. O Exército reagiu, escalando seu
ex-comandante Eduardo Villas Bôas para rebatê-lo com dureza -só que Bolsonaro
pôs panos quentes, defendeu o escritor e por fim demitiu o general. Villas Bôas
é assessor de Heleno.
Desde
então, crescem os rumores de que o general do GSI seria o próximo alvo da ala
olavista. Até como forma de confrontar os boatos, Bolsonaro o levou para a
viagem ao Japão. Sua posição como principal conselheiro do presidente, contudo,
já está abalada há algum tempo.
No
domingo (30), contudo, Heleno foi o único ministro do governo a subir em
palanque no ato de desagravo ao ministro Sergio Moro (Justiça) e em favor da
agenda de Bolsonaro. E o fez ao lado de Eduardo Bolsonaro, o que levantou a
dúvida entre alguns militares sobre a natureza do ataque de Carlos.
O
vereador é considerável mercurial. Teve uma relação difícil com o pai, que o
obrigou a disputar ainda adolescente uma eleição para barrar a mãe na Câmara do
Rio.
Reaproximaram-se e Carlos assumiu a estratégia digital do presidente bem
antes da campanha de 2018, e é o filho de Bolsonaro com maior influência sobre
o pai.
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