Como funcionam as viagens do avião presidencial?
Entenda
por que esses voos requerem mais de uma aeronave.
Um segundo-sargento da Força Aérea (FAB) embarcou em um dos aviões
que dão apoio à comitiva do presidente Jair Bolsonaro com destino a Sevilha, na
Espanha, carregando 39 kg de cocaína. Ele foi preso ontem (26) pelas
autoridades espanholas.
O caso gerou muitas dúvidas: por
que há mais de um avião na comitiva? O segundo-sargento está diretamente
subordinado à comitiva do presidente ou ele é só um militar comum – que também
atende viagens empreendidas por ocupantes de outros cargos importantes? Vamos
explicar tudo aí embaixo.
Um complexo plano de ação é
montado para transportar um chefe de Estado brasileiro. A organização é
composta por dezenas de pessoas e dura bem mais tempo do que a própria estadia
do eleito no país estrangeiro.
A primeira parte começa assim
que o presidente é convidado para um outro país. A equipe oficial se distribui
e delega as atividades de cada um. O Escalão Avançado, também conhecido como
ESCAV, é montado. Ele se encarrega de organizar todos os detalhes da viagem in loco,
ou seja: precisa estar no local de destino do presidente antes que ele chegue.
Esse primeiro avião sai do
Brasil com algo entre sete e cinco dias de antecedência. O ESCAV é composto por
assessores, seguranças, diplomatas, oficiais de telecomunicações, as pessoas
responsáveis pelo cerimonial e outros funcionários de menor patente. Algumas
outras pessoas também podem pegar “carona” nesse avião, mas não é qualquer um:
normalmente são políticos ou jornalistas que irão fazer a cobertura da viagem
para a imprensa.
Ao chegar lá, o Escalão
Avançado tem uma série de tarefas a fazer. O ideal é que eles tenham pelo menos
três dias úteis para resolver tudo. Eles participam de reuniões, verificam a
segurança dos locais que o presidente irá frequentar, montam planos de evacuação,
verificam saídas de emergência, fazem recomendações e até planejam a disposição
dos quartos da equipe oficial no hotel. O médico da equipe, por exemplo, deve
ficar no quarto ao lado ou próximo do presidente, caso alguma emergência
aconteça durante a noite.
A equipe de telecomunicações
também precisa montar uma base no hotel. Eles garantem a segurança dos
telefones que serão usados pela equipe. Além disso, o ESCAV também organiza o
descolamento do presidente durante a viagem, garantindo que ele não passe por
áreas inseguras, por exemplo. Tudo é feito para que a estadia do presidente se
assemelhe ao máximo com as condições em que ele se encontra em Brasília.
Vale reforçar que nenhuma
dessas pessoas voa no mesmo avião que o chefe de Estado. O famoso “Aerolula” —
uma versão executiva do Airbus A319 — é reservado ao presidente e sua comitiva
mais próxima.
O nome oficial da aeronave
presidencial é Airbus VC-1A, mas ela não recebeu o apelido à toa. Ela foi
adquirida pelo ex-presidente Lula em 2005, em substituição aos Boeings 707 —
também conhecidos como “sucatões” — usados pela presidência anteriormente. O
Airbus VC-1A também foi usado por Dilma, Temer e, atualmente, Bolsonaro.
O Airbus se assemelha
superficialmente a um avião comercial (a Latam, inclusive, usa esse modelo),
mas o executivo vem com alguns detalhezinhos extras. Ele tem um quarto com
cama, armário, TV e banheiro com chuveiro para o presidente. Além disso, ele
também tem uma sala de reunião e poltronas para o resto da equipe que estiver
no mesmo voo.
O presidente viaja com
seguranças, assessores, pessoas do cerimonial e um médico — uma equipe parecida
com o grupo de pessoas que vai antes. A diferença é que essa equipe é formada
pela alta patente, os chefes de cada setor. Eles são mais próximos do
presidente e costumam estar com ele em todos os momentos.
A tripulação dos aviões é
formada pelo Grupo de Transporte Especial (GTE), da Força Aérea Brasileira.
Esse é um grupo composto por militares especializados no transporte dos
detentores de cargos altos, como ministros, o vice-presidente e — é claro — o
próprio presidente. É a esse grupo que pertencia o segundo-sargento.
O embarque desses aviões também
não acontece nos terminais normais de passageiros. Ele se passa em um terminal
militar, onde são feitos os procedimentos de segurança. Os passageiros desses
aviões passam por revistas e raio X, assim como em voos comerciais. Acontece
que normalmente tudo se passa entre pessoas conhecidas, então não é incomum que
os procedimentos sejam menos rigorosos.
A segurança no local de chegada
já é outra história. Toda a rota do avião deve ser autorizada por cada país que
irá passar. A segurança no desembarque também depende da rigidez do país.
Até um terceiro avião de apoio
é necessário para garantir que tudo dê certo. Ele pode ficar nas redondezas do
local em que está o presidente. O avião serve como uma reserva caso algo dê
errado com o avião presidencial ou o outro avião de apoio. Ele também é
preparado para transportar o presidente e sua equipe se for necessário.
[Nota: as informações foram
passadas à SUPER por uma fonte que já participou de várias comitivas
presidenciais, em diversos governos.]
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