
Pesquisadores
brasileiros descobriram uma larva de mosquito capaz de emitir luz azul.
A nova
espécie, nomeada Neoceroplatus
betaryiensis, foi encontrada em uma área particular de Mata
Atlântica, a Reserva Betary, no sul do Estado de São Paulo.
A espécie foi
descrita na revista Scientific Reports.
São conhecidos outros
insetos e fungos bioluminescentes no continente, mas eles emitem luz nas cores
verde, amarelo, ou vermelho.
Portanto, a cor da luz torna essa é uma descoberta
inédita. coordenador do trabalho é o professor do Instituto de Química
(IQ) da USP, Cassius Stevani.
A pesquisa integra o Projeto Temático
“Quimiexcitação eletrônica em sistemas biológicos: bioluminescência e ‘foto’química
no escuro”, coordenado por Etelvino José Henrique Bechara, professor do IQ.
Características identificadas
Embora inédita no
continente sul-americano, espécies emissoras de luz azul, de acordo com
Stevani, foram identificadas na América do Norte, Nova Zelândia e Ásia.
Quando tocam nas
larvas elas podem parar sua luminescência, que volta quando elas não são mais
agitadas. Apenas as larvas emitem luz, os indivíduos adultos não.
Elas têm uma
lanterna na cauda e duas próximas aos olhos. No entanto, entre os exemplares
coletados, um emitia luz de vários pontos do corpo.
Essa larva diferente
das demais foi levada ao laboratório e se tornou uma pupa bioluminescente. No
entanto, ela não deu origem a um mosquito, como esperado, e sim a uma vespa.
A
conclusão dos pesquisadores foi de que a vespa também pertence a uma nova
espécie da família Ichneumonidae,
que deposita ovos dentro de larvas de outros insetos.
Não se
sabe se ocorreram devido à infecção causada pela vespa, se indica uma nova
espécie de mosquito, ou se está relacionado com características morfológicas
que diferenciam fêmeas e machos da espécie N.
betaryiensis.
Essa nova espécie gera
luz a partir da reação de um substrato (luciferina) e uma enzima que a catalisa
(Luciferase).
Consequências da descoberta
O conhecimento da
biodiversidade é o primeiro ponto importante dessa descoberta considerada rara
entre esses organismos. Além disso, há a possibilidade de desvendar um novo
sistema de bioluminescência. Isso poderia dar origem a novas aplicações
analíticas ou biotecnológicas, como marcação de células ou genes específicos em
estudos biológicos ou biossensores de poluição.
Também está envolvido
na pesquisa o professor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), em
Sorocaba, Vadim Viviani, que coordena o Projeto Temático Bioluminescência de
Artrópodes, financiado pela Fapespe. Ele lidera o grupo de pesquisa
Bioluminescência e Biofotônica, do Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq).
Recentemente o grupo
coordenado por Viviani descobriu uma espécie do gênero Neoditomyia em cavernas do parque Intervales, no
sul do Estado de São Paulo. Essa espécie também possui luciferina e sua
proteína de ligação (SBF), mas não emite luz. Quando o substrato foi misturado
com a luciferase de O. fultoni (espécie
americana), como fizeram com o da nova espécie, gerou luz azul.
Análises mostram que a nova espécie é próxima da Neoditomyia e de O. fultoni,
do ponto de vista genético. Com base no conhecimento sobre as outras espécies,
os pesquisadores planejam isolar e investigar a luciferase e a luciferina da N. betaryiensis, mais rara e não tão facilmente
encontrada como a espécie norte-americana.
Depois de terem sido
isoladas as substâncias serão clonadas para determinar a estrutura. A da
luciferase pelo grupo da UFSCar e a da luciferina pelo do IQ. [EurekAlert, Scientific Reports, Jornal da USP, Agência FAPESP]
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