O presidente Michel Temer (MDB) poderá acabar atrás das grades a partir de 1º de janeiro de 2019, quando deixa o cargo e fica à mercê da Justiça ordinária, admitiu em entrevista publicada nesta sexta-feira o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun.
"Hoje ninguém pode ser preso, principalmente no império da prisão preventiva. Meu medo é que o devido processo não seja respeitado", disse Marun ao UOL, acrescentando com segurança que Temer vem sendo "perseguido".
"No Brasil, temos duas categorias profissionais que podem ser as únicas que não têm responsabilidade sobre suas ações: juízes e promotores", alfinetou.
Marun, que ocupa uma posição de articulação no governo Temer, criticou a atual luta contra a corrupção que leva o sistema judiciário a considerá-la fora dos limites estabelecidos pela Constituição.
Embora Marun preveja um futuro complicado para Temer quanto este a perder o seu status privilegiado, ele não acredita que uma terceira denúncia hipotética possa vir à tona nos próximos meses.
Marun disse que, caso se materialize uma terceira denúncia, ela será "enterrada" no Congresso, no qual a Câmara dos Deputados tem o poder de autorizar que Temer seja investigado ou não. Nas duas primeiras ocasiões, os parlamentares escolheram arquivar as investigações – elas voltam a correr quando Temer deixar o cargo.
Temer é investigado pela Polícia Federal por supostamente ter se beneficiado com um decreto para algumas empresas no porto de Santos (sudeste), em troca de subornos.
A polícia tem até o início de julho para coletar provas e, a partir de então, a Procuradoria-Geral da República (PGR) pode registrar uma nova denúncia contra Temer por corrupção, a terceira desde que ele assumiu o cargo.
Membros que o apoiaram antes seriam mais relutante em ser associados à salvação do líder do governo, que se acumula altos níveis de impopularidade e não pretende concorrer às eleições.
No entanto, vários analistas políticos apontaram recentemente que uma terceira queixa seria especialmente sensível para o presidente devido à proximidade das eleições de outubro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário