O desenvolvimento do transporte marítimo aproximou as Américas da Europa
Foto: Arquivo
A população da Itália,
principalmente a rural e mais pobre, após um longo período de lutas para a
unificação do país (1815-1870), sofreu grandes dificuldades para
sobreviver, quer nas pequenas propriedades onde trabalhava,quer nas
cidades para onde partira, em busca de trabalho.
Nessas condições, portanto, a
emigração, além de ser estimulada pelo governo italiano, inclusive com
falsa propaganda, era, também, uma questão de sobrevivência para as famílias.
Segundo dados do IBGE, de 1876 a 1920 vieram para o Brasil 1.243.633 imigrantes
italianos.
A imigração subvencionada (aprovada
após a Lei do Ventre Livre) durou de 1870 a 1930. Foi uma iniciativa,
inicialmente, de fazendeiros e visava estimular a vinda de imigrantes: as
passagens eram financiadas, bem como o alojamento e o trabalho inicial no campo
ou na lavoura. Como a imigração subvencionada estimulava a vinda de
famílias, e não de indivíduos isolados, nesse período chegavam famílias
numerosas, integradas por homens, mulheres e crianças, muitas vezes, de
mais de uma geração.
No período de 1876 a 1900, a emigração
atingiu todas as regiões italianas, em especial as regiões do norte, incluindo
três, em particular, que, sozinhas, forneceram 47% do contingente migratório: o
Vêneto (17,9%), Friuli Venezia Giulia (16,1%) e Piemonte (12,5%).
Do norte, a emigração privilegiou a
Europa e a América Latina, com mais subdivisões para os destinos que
atravessavam o oceano: os vênetos foram principalmente para o Brasil, enquanto
os piemonteses escolheram a Argentina. Nas regiões da Itália central, a
emigração foi dividida igualmente, entre os estados do norte da Europa e os
destinos transoceânicos.
Na segunda metade do século XIX, o
desenvolvimento do transporte marítimo aproximou as Américas da Europa: navios
transportando mercadorias da América para a Europa fizeram a viagem de volta
com uma carga de emigrantes. A partir de 1860, os emigrantes começaram a partir
com navios a vapor de Gênova.
Com o surgimento da produção de
monocultura, desenvolvida para atender à crescente demanda de matérias-primas
do mercado internacional, os países latino-americanos precisavam de uma massa
crescente de mão de obra. Os principais destinos da emigração italiana foram
Argentina e Brasil, mas também, em menor número, a outros países da América
Latina, como Venezuela, Uruguai e Peru.
No Brasil, os italianos desembarcaram
em massa (ver tabela 2), após a abolição da escravatura (1888) e dirigiram-se,
principalmente, para duas áreas: no sudeste, no estado de São Paulo, e no sul,
nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Na área paulista, os
italianos eram empregados, principalmente, em plantações de café, onde eram
forçados a trabalhar em regime de semiescravidão. Na primeira fase migratória
(1878-1902), portanto, o norte da Itália dominou (52,9%, com Vêneto e Friuli
Venezia Giulia na liderança), dessa porcentagem, porém foram excluídos os
emigrantes trentinos, que até 1918 eram súditos do Império Austro-Húngaro.
Expatriados por região de origem
(1876-1915)
Região
1876-1900 1901-1915
Piemonte
709.076
831.088
e Valle d’Aosta
Lombardia
519.100
823.659
Veneto
940.711
882.082
Trentino
-
-
Friuli
V.G. 847.072
560.721
Liguria
117.941
105.215
Emilia
220.745 469.430
Toscana
290.111
473.045
Umbria
8.866 155.654
Marche
70.050
320.107
Lazio
15.830 189.125
Abruzzo
109.038
486.518
Molise
136.355
171.680
Campania
520.791
955.188
Puglia
50.282 332.615
Basilicata
191.433
190.260
Calabria
275.926
603.105
Sicilia
226.449
1.126.500
Sardegna
8.135
89.624
Total
5.257.911 8.765.616
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