Por Natasha Romanzoti, em 20.06.2020
Cientistas da Universidade Monash (Austrália) desenvolveram um
método para detectar a presença de mais de dois milhões de eventos de ondas
gravitacionais até agora “perdidos”, o que significa observar mais de 8 bilhões
de anos-luz além do que estamos fazendo atualmente.
“Isso
nos oferecerá uma imagem de como o universo jovem se parecia, ao mesmo tempo em
que fornecerá informações sobre sua evolução”, disse o Dr. Rory Smith, do
Centro ARC de Excelência em Descoberta de Ondas Gravitacionais da Universidade
Monash.
Ei, faltam
dois milhões aqui
Recentemente,
a ciência fez um enorme avanço quando os detectadores de ondas gravitacionais
LIGO e VIRGO começam a funcionar, identificando 35 eventos a partir da fusão de
buracos negros e de estrelas de nêutron.
Isso
é ótimo, mas acontece que existem provavelmente outros dois milhões de eventos
deste tipo – um par de buracos negros se fundindo a cada 200 segundos, e um par
de estrelas de nêutron a cada 15 segundos – gerando ondas gravitacionais que
não estamos detectando.
Agora,
uma equipe australiana criou um método para detectarmos a presença desses
eventos fracos sem necessidade de verificar cada um individualmente, apenas
medindo as propriedades de fundo das ondas gravitacionais.
Problemas
A
maioria das fusões compactas produzem ondas gravitacionais fracas demais para
gerar uma detecção não ambígua. Logo, muitas informações passam batido pelos
observatórios hoje.
“Além disso, inferências feitas sobre a população de buracos
negros podem ser suscetíveis a um ‘viés de seleção’, devido ao fato de que
apenas enxergamos um punhado de sistemas, os mais ‘barulhentos’ e ‘próximos’ a
nós. O viés de seleção significa que podemos ter uma visão limitada de buracos
negros, em vez da imagem completa”, explicou o Dr. Smith.
O
novo método, que deve consertar isso, está atualmente sendo testado pelo
pessoal do LIGO e deve estar totalmente operacional em alguns anos.
Uma espiada
na evolução do universo
Enxergar
todas as fusões binárias de buracos negros é importante porque esses eventos –
que liberam quantidades enormes de energia na forma de ondas gravitacionais –
carregam informações sobre o espaço-tempo e a matéria nuclear nos ambientes
mais extremos do universo.
De
acordo com Eric Thrane, coautor do estudo também da Universidade Monash,
observações individuais de ondas gravitacionais “traçam a evolução das
estrelas, de aglomerados de estrelas e das galáxias”.
“Reunindo
informações de muitos eventos de fusão, podemos começar a entender os ambientes
em que as estrelas vivem e evoluem e o que causa seu destino final como buracos
negros. Quanto mais longe enxergamos as ondas gravitacionais dessas fusões,
mais jovem era o universo quando elas se formaram”, esclareceu.
Um
artigo sobre a pesquisa foi publicado na revista científica Royal
Astronomical Society. [Phys]
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