A Organização Europeia para a Pesquisa
Nuclear (CERN) aprovou um plano para a construção de um supercolisor de
partículas com 100 quilômetros de circunferência e capacidade energética de 100
teraelétron-volts.
A nova máquina deixará o Grande Colisor
de Hádrons (LHC), atual colisor do CERN, no chinelo: este possui apenas 27 km e
faz partículas colidirem a 16 TeV.
Por enquanto, só há um obstáculo para a
concretização do chamado “Colisor Circular Futuro” (Future Circular Collider,
ou FCC na sigla em inglês): dinheiro. Ele possui um custo estimado de US$ 23
bilhões (cerca de R$ 120 bilhões, no câmbio atual), um orçamento tão alto que o
CERN vai ter que fazer uma vaquinha para o projeto decolar.
Fábrica de bóson
de Higgs
O FCC deve ajudar os físicos a desvendar
mistérios do Modelo Padrão de Física de Partículas, como a matéria escura.
Esta supermáquina poderá, por exemplo, criar
muitos bósons de Higgs, a elusiva partícula descoberta em 2012 pelo LHC.
“O FCC produziria grandes quantidades de bósons
de Higgs em um ambiente muito limpo, faria progressos dramáticos no mapeamento
das diversas interações do bóson de Higgs com outras partículas e [permitiria]
medições com uma precisão extremamente alta”, disse o conselho do CERN em um
comunicado de imprensa.
Duas fases
Sua construção está prevista para ocorrer em
duas fases. No primeiro estágio, o aparelho faria elétrons e pósitrons
colidirem a fim de gerar o máximo de bósons de Higgs possível.
Já em um segundo estágio, atuaria como um
colisor próton-próton de 100 TeV capaz de gerar novas partículas para expandir
ou até substituir o Modelo Padrão.
Prazo
A meta é que o projeto seja iniciado até 2038,
o que irá depender basicamente de quanta grana o CERN conseguirá juntar até lá.
O custo estimado do FCC é provavelmente alto
demais para ser financiado somente pelos membros europeus da organização.
Talvez o conselho precise criar uma colaboração global que inclua parceiros
como os EUA, a China e o Japão, por exemplo.
Uma vez que o FCC não tem uma missão tão clara
quanto o LHC tinha, angariar fundos para a máquina pode se revelar um desafio.
Dito isto, a necessidade do aparelho para a
física de partículas é grande. No ponto em que estamos, criar mais hipóteses
sem poder testá-las não vale a pena.
“Sabemos que a
única maneira de encontrar respostas é através de experimentos e o único lugar
para encontrá-las é onde ainda não conseguimos procurar”, explicou a física
britânica Tara Shears à Nature.
Por enquanto…
Ao comunicar seus novos planos, o CERN enfatizou
que a prioridade atual da organização é completar uma atualização no LHC com
ímãs supercondutores.
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