Em 3 de
Março de 1980, a Audi revolucionaria o mundo automóvel e, especialmente, o
mundo dos ralis, com a apresentação do Audi Quattro, no Salão de Genebra. O
Ur-Quattro, como também é conhecido, proveio da imaginação de Jörg Bensinger,
após testar as funcionalidades do sistema de quatro rodas motrizes no
Volkswagen Iltis, ajudado pelo facto da FIA passar a permitir automóveis de
tracção total nos ralis.
O Audi Quattro utiliza a plataforma do Audi 80, mas aqui com um formato coupé e
que seria, posteriormente, utilizado no Audi Coupe, que curiosamente foi
lançado após o Quattro. A carroçaria é muito semelhante, mas no Audi Coupe esta
é menos agressiva, mesmo tendo sido equipada com uma versão de quatro rodas
motrizes, mas sem turbo. Utiliza uma maior abrangência de motores, de quatro e
cinco cilindros, com cilindradas de 1,6 a 2,3 litros.
Voltando ao Audi Quattro, o desenvolvimento do sistema, na altura utilizando um
Audi 80, ficou a cargo de Walter Treser, que como iremos ver mais à frente,
teve um papel fundamental na produção de automóveis únicos com base em modelos
Audi. O Quattro iria também marcar a história automóvel, ao ser o primeiro
modelo a consolidar o motor frontal com sobrealimentação e tracção integral.
Inicialmente, o Quattro esteva disponível com o
motor turbo de cinco cilindros em linha, com 2144cc, uma única árvore de cames
à cabeça e dez válvulas, para produzir 200cv e 285 Nm de binário.
Posteriormente, em 1989, o motor é alargado para os 2226cc e a cabeça é
alterada para agora receber duas árvores de cames e 20 válvulas no total, para
uma potência de 220cv. A 17 de Maio de 1991, os últimos Quattro seriam
produzidos, para dar lugar a uma nova geração.
Entretanto, Walter Treser tinha saído da Audi e
decidiu fundar a sua própria empresa, a Treser, para produzir automóveis
únicos, com base nos modelos que melhor conhecia. Um dos seus sonhos sempre foi
produzir uma versão descapotável do Audi Quattro, algo que a direcção da Audi
não concordava, mas, agora com a sua empresa, Walter podia fazer então a versão
que sempre quis.
O Treser Audi Quattro Roadster, como é denominado,
foi apresentado no Salão de Frankfurt de 1983, sendo então a primeira conversão
do Quattro em descapotável, algo que outros preparadores fizeram nos anos
seguinte.
O Audi Quattro Roadster da Treser estava equipado
com um hardtop em fibra de vidro, que nos primeiros exemplares eram operados
manualmente, sendo preciso pressionar um botão para abrir a secção traseira e
depois tinha-se que abrir dois linguetes e empurrar o tejadilho para a
bagageira. Posteriormente, foi instalado um sistema automático, com actuadores
hidráulicos, sendo só necessário abrir os linguetes.
Devido ao facto de o tejadilho ser bastante
grande, os bancos traseiros tiveram de ser substituídos por uns diferentes e
foram recolocados mais à frente, não sendo, por esse motivo, possível sentar
dois adultos na traseira. Walter Treser adicionou vários reforços ao chassis do
Quattro, visto ter perdido rigidez por agora já não ter o tejadilho rígido.
Além disso, recebeu jantes TRX, pára-choques diferentes, alargamentos da
carroçaria mais pronunciados, suspensão desportiva e havia ainda a
possibilidade de ser aumentada a potência em 50cv, passando assim a debitar
250cv.
A produção do Treser Audi Quattro Roadster durou
até 1995, altura em que produziu cerca de 39 exemplares, com a grande maioria a
ser vendidos no Médio Oriente, E.U.A e Reino Unido, com alguns modelos
produzidos de volante à direita. O exemplar que foi apresentado ao público foi
o primeiro construído e o protótipo, pois tem algumas diferenças em relação aos
restantes, como a cobertura do tejadilho quando recolhido e o aileron traseiro.
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