Temer se reúne com Dilma e nega ter negociado cargos no futuro governo
Publicada em 03/11/2010 às 10h16m
Chico de Gois e Gerson Camarotti
BRASÍLIA - A presidente eleita, Dilma Rousseff, se reuniu na manhã desta quarta-feira, pela primeira vez com o vice Michel Temer em Brasília. Ao sair da casa de Dilma, Temer negou ter negociado a divisão de cargos no futuro governo. Temer tentou não carimbar no PMDB a imagem de partido fisiológico, e disse que a legenda "não está atrás dos cargos". ( Leia também: Dilma diz que salário-mínimo deve superar os R$ 600 no final de 2011 e nega que vá criar nova CPMF )
" Não vamos nem tocar neste assunto agora porque a impressão que se tem é que o PMDB está atrás dos cargos, e não é isso "
- Não vamos nem tocar neste assunto agora porque toda vez que se toca neste assunto a impressão que se tem é que o PMDB está atrás dos cargos, e não é isso. Eu falo aqui mais como vice presidente, membro do governo, do que como presidente do PMDB - afirmou Temer, após a reunião de quase uma hora ( Veja o especial sobre a Era Lula )
Na noite da véspera, porém, o vice já começou a negociar com o presidente do PT, José Eduardo Dutra, os cargos que o PMDB pretende ter a partir de janeiro. O líder da legenda da Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (RN), chegou a dizer que o partido não cederá "um milímetro" .
Após a reunião, o peemedebista negou ainda qualquer atrito entre os partidos por conta de o PMDB não ter participado das articulações feitas no dia seguinte da vitória no segundo turno:
- (O PMDB) nunca perdeu essa pacificação, mas agora está mais pacificado ainda.
Para apagar um incêndio com a direção do PMDB, Dilma incluiu o nome de Michel Temer na equipe de transição entre os governos. Ele será um dos quatro coordenadores da transição.
Mas Dutra admitiu que a entrada de Temer, por enquanto, é apenas institucional, sem uma função definida.
O vice explicou que ele e Dilma trataram apenas das diretrizes do próximo governo no encontro.
" Todos os partidos terão participação como têm hoje no governo Lula. Será uma espécie de quase sequência do governo "
- Começamos a fazer uma avaliação do que será o próximo governo. Temos uma base aliada que estará no próximo governo - relatou o vice.
- Vamos verificar as várias sugestões, vamos avaliar para começarmos um novo governo com muita tranquilidade.
Dissemos que todos os partidos terão participação como têm hoje no governo Lula. Será uma espécie de quase sequência do governo. Agora, sem nome, sem definição de ministro por enquanto - completou.
Sobre a escolha do novo presidente da Câmara, Temer disse que a decisão sobre qual partido vai ocupar o primeiro ou segundo biênio será deixada para janeiro. Com isso, a equipe de transição pretende evitar qualquer contaminação nas negociações de composição do futuro governo.
- A única coisa que vamos firmar é um documento pelo qual haverá um rodízio entre PMDB e PT. O primeiro biênio com um o partido e o segundo biênio com outro. Quem irá ocupar o primeiro ou o segundo vamos deixar lá para janeiro.
O rodízio entre os dois partidos na presidência da Câmara foi decidido na véspera. Pelo acordo, será escolhido o sistema de biênio, em que o PT ficaria dois anos na presidência da Câmara, e o PMDB, outros dois.
A presidente eleita segue ainda nesta quarta, para Porto Alegre, onde vai descansar até domingo. Na segunda-feira, ela viaja com Lula para Moçambique e, de lá, para Seul, onde participará da reunião do G-20.
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