Por Ana Flor
BRASÍLIA, 13 Ago (Reuters) - O advogado de Roberto Jefferson, delator do chamado mensalão e réu na ação penal em julgamento pelo STF, fez duros ataques nesta segunda-feira ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, responsável pela acusação, e pediu à Corte diligências para a investigação das responsabilidades do ex-presidente Lula no suposto esquema de compra de apoio no Congresso.
O advogado Luiz Francisco Corrêa Barbosa afirmou que seu cliente foi incluído como réu no processo para ser "silenciado", já que desta forma não poderia ser testemunha de acusação.
"(Roberto Jefferson) é denunciado aqui só para não abrir sua boca enorme", disse Barbosa durante apresentação da defesa no Supremo Tribunal Federal.
Jefferson, presidente nacional do PTB e ex-deputado federal pelo Rio de Janeiro, denunciou o suposto esquema que envolveria o desvio de recursos públicos e compra de apoio da base aliada no Congresso, o que detonou a pior crise política do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O caso veio à tona em 2005.
Segundo o advogado, Lula "não só sabia, como ordenou o desencadeamento de tudo isso". "(Lula tinha conhecimento) Não como um pateta, mas se portou como um omisso, que traiu a confiança do povo", acrescentou.
As críticas a Gurgel foram de que o Ministério Público não conseguiu produzir provas no caso e não aceitou pedidos de investigar a responsabilidade de Lula. Ele afirmou ainda que o procurador-geral está sendo "demandado por crime de omissão".
"A Procuradoria não fez seu trabalho", disse o advogado. Segundo ele, a ineficiência irá originar "um festival de absolvições".
" A prova é precária, o mandante está fora", disse ele, referindo-se a Lula.
Barbosa utilizou boa parte dos 41 minutos utilizados na defesa para atacar o trabalho do procurador-geral e para falar da responsabilidade de Lula no suposto esquema.
Ao defender Jefferson dos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, afirmou que os 4 milhões de reais que Jefferson confirmou ter recebido eram recursos do PT para o PTB que seriam usados nas eleições municipais de 2004, e que não representavam ilícito.
Ele voltou a afirmar que Jefferson esteve com Lula para avisar do suposto esquema e citou como testemunhas então ministros e líderes do governo e aliados, como Walfrido Mares Guia, Aldo Rebelo, Arlindo Chinaglia.
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