.GENERAIS
DO EXÉRCITO ACABAM DE FAZER "DECLARAÇÃO BOMBÁSTICA" CONTRA HC DE LULA
E PRIVILÉGIOS.
PRESÃO
DE GENERAIS FAZ EXÉRCITO GANHAR ESPAÇO NA LUTA PARA SALVAR BRASILEIROS DOS
CORRUPTOS. No contexto de polarização política, e às vésperas de um julgamento
que poderia determinar o destino de Lula, o general colocou o Exército ao lado
dos "cidadãos de bem" que repudiam "a impunidade" e
garantiu que a instituição se mantém atenta "às suas missões institucionais"
— sem detalhar quais são elas. Palavras que reverberaram em todo o país.
Trata-se de uma ameaça de intervenção militar caso o ex-presidente Lula fique
livre e seja eleito? O general extrapolou suas funções legais ao se posicionar
sobre um tema sobre um assunto que diz respeito à Justiça? Durante todo o seu
mandato, o presidente Michel Temer (MDB) buscou agradar os setores militares
seja através de declarações ou nomeações, colocando-os de volta no núcleo
decisório do país — sobretudo após a intervenção federal no Rio de Janeiro.
Pouco a pouco, foram ganhando espaço e voz política. Estaria o Brasil voltando
aos tempos em que a opinião e os comunicados dos altos comandos militares
merecem destaque no noticiário? Pelo sim pelo não, tanto o comandante como os
principais generais que incensaram o incendiário tuíte de Villas Bôas à véspera
do julgamento no STF, silenciaram nos dias seguintes sobre questões nacionais,
inclusive durante a decreto de prisão do ex-presidente Lula e os dias seguintes
em que negociou sua entrega à PF. A única exceção foi o general de reserva
Paulo Chagas que manteve seu estilo 'sem papas na língua', com críticas a Lula,
mas sem palavras que pudessem soar a ameaça.“O PT, para conquistar e manter-se
no poder, escamoteou a verdade, iludiu incautos, agradou bandidos e praticou,
sem pudor, todas as formas de imoralidade. Por gosto e incompetência, criou uma
crise generalizada e gerou um caos cuja paternidade não assume”, diz um dos
tuítes dele, do dia 8. Chagas é pré-candidato ao governo do Distrito Federal.
Desde que assumiu o poder, Temer vem governando de braços dados com os
militares. Nomeou o general linha-dura Sérgio Etchegoyen como ministro do
Gabinete de Segurança Institucional e lhe conferiu influência dentro do
Governo; indicou o general da reserva Sebastião Roberto Peternelli Júnior,
defensor da ditadura militar, para a FUNAI — e depois recuou diante das reações
negativas. Também escolheu o comandante militar do leste, o general Walter
Braga Netto, como interventor federal no Rio. Mantém, também, na pasta de
Defesa o general da reserva Joaquim Silva e Luna, o primeiro militar desde o
Governo FHC a ocupar a pasta. Em março deste ano, disse que o povo brasileiro
"se regozijou" com a "centralização absoluta do poder" após
o golpe militar de 1964. A mensagem de Villas Bôas era uma extensão desse
espaço dado por Temer. No dia 6 de abril, o comandante disse ao jornal O Globo,
por meio de seu porta-voz, general Otávio Rêgo Barros, do Centro de Comunicação
do Exército, que a polêmica com o tuíte, era “assunto ultrapassado”. Nem ele,
nem a maioria dos generais Daniel Aarão Reis, professor de História
Contemporânea da Universidade Federal Fluminense (UFF), classifica a
manifestação de Villas Bôas como “intempestiva e completamente indevida”. Para
ele, que foi guerrilheiro durante a ditadura militar, o Brasil possui "uma
tradição histórica" de sofrer "com a ingerência das Forças
Armadas". Algo que "remonta à proclamação da República, fruto de um
golpe militar". Isso porque "os militares não se reconhecem nem
querem ser reconhecidos como funcionários públicos uniformizados, mas como
tutores da nação, uma espécie de 'anjos da guarda' da República", explica
ao EL PAÍS. Autor de livros como Luís Carlos Prestes - Um revolucionário entre
dois mundos (Companhia das Letras, vencedor do prêmio Jabuti em 2015) e
Ditadura e Democracia no Brasil (Zahar), Aarão Reis também cita as
"intervenções golpistas" que instauraram a ditadura do Estado Novo
(1937-45) ou a última ditadura civil-militar (1964-85). Mas também fala de uma
série de "ameaças, veladas ou explícitas", ao longo do século XX. Com
a redemocratização, ele diz, "os constituintes de 1988 capitularam face ao
lobby das Forças Armadas e mantiveram na Carta Magna artigos que autorizam a intervenção
militar para 'garantir a lei e a ordem' (GLO)". Depois, entre os governos
FHC e Dilma, as Forças Armadas viram o Ministério da Defesa ser ocupado por
civis, a criação da Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos da
ditadura militar e, posteriormente, a constituição da Comissão Nacional da
Verdade. Submeteram-se ao poder civil e se voltaram para os quartéis, perdendo
relevância na vida política do país.
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