Uma planta das família da aráceas, um pouco de engenharia genética, e já está. Investigadores da Universidade de Washington criaram uma planta que consegue filtrar moléculas poluentes do ar e usá-las no seu próprio crescimento
A planta chama-se Photos ivy, pertence à família das aráceas, tal como os vulgares jarros que muita gente tem nas suas casas, e foi a escolhida para a experiência.
Com a intervenção dos cientistas, que consistiu numa alteração genética, a planta passou a conseguir filtrar do ar duas moléculas poluentes, o clorofórmio e o benzeno - este um componente da gasolina -, que transformam e usam depois em seu próprio proveito.
A equipa de Stuart Strand, professor e investigador no departamento de engenharia do ambiente da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, inspirou-se num processo que ocorre naturalmente no fígado quando bebemos álcool, e durante o qual uma proteína chamada 2E1, que todos os mamíferos têm, é ativada para fazer aquele processamento.
Na prática, os investigadores introduziram no genoma da planta um gene que expressa a proteína 2E1 e que transforma as moléculas do clorofórmio e do benzeno noutras, como o dióxido de carbono e o fenol, que a planta consegue depois utilizar para a sua própria nutrição e crescimento.
"Pensámos que era importante reproduzir este processo numa planta, fora do organismo de um mamífero, enquanto modelo de um "fígado verde", até porque o processo acaba por também ser benéfico para a própria planta", explica o coordenador do estudo, Stuart Strand, num comunicado da sua universidade.
Todo o processo de investigação e desenvolvimento da planta demorou dois anos, durante os quais os investigadores produziram uma versão sintética do gene que comanda a expressão da proteína 2E1 e que, em seguida, introduziram no genoma da planta, de forma que cada uma das suas células pudesse expressá-lo.
A equipa testou depois as suas plantas modificadas, comparando a sua performance com as plantas Photos Ivy sem a alteração genética, e verificou que nos habitats artificiais criados para fazer esses testes, as concentrações de clorofórmio e de benzeno que ali haviam sido introduzidas para a experiência tinham diminuído consideravelmente.
No caso do clorofórmio, as moléculas no ar ficaram reduzidas a 82% ao fim de três dias, e eram quase indetetáveis após seis dias nos habitáculos das plantas modificadas. Quanto ao benzeno, diminuiu para 75% ao oitavo dia nesses mesmos recipientes.
Os cientistas acreditam que estas plantas modificadas podem ter um papel ambiental importante em casas cuja atmosfera possa ter excesso de concentração daqueles dois componentes, por estarem, por exemplo, contíguas a garagens.
"Uma planta destas numa sala acabaria por tem um efeito visível", explica o coordenador do estudo, que foi publicado na revista Environmental Science & Techology.
Fonte: DN
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