Sem foro: investigação será na primeira instância (Felipe Dana/ AP)
Reportagem de VEJA mostra que o ex-presidente tem feito investidas junto a ministros do STF para atrasar o julgamento do mensalão
Laryssa Borges
Sob o argumento de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não tem mais direito a foro privilegiado, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, encaminhou nesta terça-feira à Procuradoria da República no Distrito Federal a representação que partidos de oposição no Congresso protocolaram no Ministério Público contra o cerco de Lula ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Reportagem da edição de VEJA desta semana mostra que o ex-presidente tem feito investidas junto a ministros da mais alta corte do país para atrasar o julgamento dos réus do esquema do mensalão, o maior escândalo político do governo Lula. O petista procurou pessoalmente o ministro Gilmar Mendes, do STF no final de março para defender que o julgamento fosse realizado apenas após as eleições municipais de outubro. Em troca, Lula ofereceu ao magistrado blindagem na CPI do Cachoeira. “É inconveniente julgar esse processo agora”, disse o ex-presidente do ministro.
Na representação contra Lula, o cerco aos ministros do Supremo é classificado pela oposição como coação, tráfico de influência e tentativa de obtenção de vantagem indevida. A investida contra os magistrados do STF foi classificada como “indevida” pela oposição. Porém, tanto o presidente da CPI do Cachoeira, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), quanto o relator, deputado Odair Cunha (PT-MG), rejeitaram a possibilidade de o ex-chefe do Executivo se explicar à comissão de inquérito, instância sobre a qual o petista alega exercer influência.
Nesta terça, o presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), disse ser "inevitável" que debates sobre o julgamento do mensalão sejam levados a autoridades. "O tema do mensalão e as discussões com os ministros do STF são normais. Eu em várias oportunidades tive encontros em que o tema aconteceu. É inevitável", afirmou.
Sobre o encontro revelado por VEJA entre Lula e Gilmar Mendes no escritório do ex-ministro e ex-presidente do STF, Nelson Jobim, Maia resumiu: “É perfeitamente normal que três pessoas que dialogam sobre a política, ao se encontrarem, tratem sobre esse assunto e façam comentários sobre esse tema”.
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