"Estudo alerta para risco de nova crise financeira mundial"


  24.06.12















 A situação geral do setor bancário neste ano se assemelha à que ocorreu com o colapso do Lehman Brothers, afirma o BIS (sigla em inglês de Banco para Compensações Internacionais), que também advertiu para o risco do Brasil.

Em seu último relatório anual, no qual o BIS analisa o sistema financeiro internacional entre junho de 2011 e começo de junho de 2012, a instituição adverte para a dependência de muitos bancos do financiamento dos bancos centrais.

"Com esta perspectiva negativa do mercado e uma crise de confiança entre as próprias instituições financeiras, vários bancos dependem do financiamento do banco central e não estão em condições de promover o crescimento econômico", segundo o BIS.

A instituição fez um apelo para que os bancos centrais prestem mais atenção às repercussões no mundo das suas políticas internas.Brasil e outros países têm reclamado de que um cenário monetário muito frouxo pode desestabilizar os fluxos de capitais para os mercados emergentes.
"Isso cria riscos de desequilíbrios financeiros 
similares aos vistos nas economias avançadas nos anos que precederam a crise", declarou o BIS.

Nos últimos anos, os bancos centrais dos EUA e dos países europeus repassaram bilhões de dólares aos respectivos setores financeiros, principalmente após as turbulências de 2008, para evitar o agravamento da crise.

A inundação de dólares levou o ministro brasileiro Guido Mantega a divulgar a expressão "guerra cambial", já que um dos possíveis "efeitos colaterais" desse mecanismo é desvalorizar as moedas fortes e fortalecer as moedas das economias emergentes.Com uma moeda mais forte na comparação com o dólar, as exportações de um país podem perder competitividade, afetando o equilíbrio de suas contas externas.

O aumento do crédito muito acima do crescimento econômico é normalmente presságio de turbulência econômica. Esse é o caso quando tal descompasso supera os 6%, segundo o BIS.

A instituição sustentou que o Brasil está na zona de perigo por considerar haver um descompasso entre o crescimento do crédito e da expansão da economia.

Citou também preocupação com o nível de endividamento das famílias e das empresas brasileiras e com o forte crescimento dos preços do mercado imobiliário.Na Tailândia e na Turquia, o descompasso entre 
crescimento e crédito é de pelo menos 15%. 

Brasil e Indonésia também estão na zona de perigo, com mais de 6%, de acordo com o BIS.O aumento do crédito na Argentina e na China também ultrapassou o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), mas o descompasso deles está bem abaixo da marca de 6%.O preço de ativos também é um problema em muitaseconomias emergentes, afirmou o BIS. 

Em alguns mercados locais brasileiros, os preços de imóveis praticamente dobraram. Em algumas cidades chinesas, os preços subiram ainda mais rápido.Outra preocupação é endividamento. 

O montante que lares e empresas no Brasil, China, Índia e Turquia destinam a dívidas está no seu nível mais alto desde o fim dos anos 1990, apesar das baixas taxas de juros.

O BIS sustentou que uma saída é adotar medidas macroprudenciais como ação para reduzir o crescimento do crédito.

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