◘ CASAIS DE RATOS DO MESMO SEXO TIVERAM CRIAS.

Cientistas da Academia Chinesa fizeram nascer crias de ratos de casais do mesmo sexo através de uma nova técnica que utiliza células estaminais modificadas.

A nova técnica desenvolvida pelos cientistas chineses mistura células estaminais modificadas que apagam grupos químicos de ADN associados ao sexo.

Através desta técnica, foi possível reproduzir crias de ratos a partir de casais do mesmo sexo. A investigação foi publicada no passado dia 11 na revista Cell Stem Cell.

De acordo com a revista Nature, algumas espécies de pássaros, peixes e lagartos conseguem reproduzir-se usando apenas um sexo ou um indivíduo, algo que, para os mamíferos é impossível pois precisam de membros do sexo oposto para criar a próxima geração.

“Estamos interessados na questão de os mamíferos apenas puderem submeter-se à reprodução sexual”, conto Qi Zhou, co-autor do estudo.

Na investigação, os cientistas tiveram de enfrentar um complicado processo de modificação genética ao eliminar todas as anormalidades geradas no processo reprodutivo de casais do mesmo sexo.


New study from Qi Zhou & Co:"Generation of Bimaternal and Bipaternal Mice from Hypomethylated Haploid ESCs with Imprinting Region Deletions."Using haploid mouse ESCs and gene editing this study helps understand the barriers to same-sex reproduction. https://www.cell.com/cell-stem-cell/fulltext/S1934-5909(18)30441-7#%20 …

Genericamente, todos os mamíferos herdam dois conjuntos de genes, um de cada progenitor – um do pai e outro da mãe.

Contudo, existe um grupo químico do ADN associado ao sexo chamado “impressão genética”, herdado apenas de um dos progenitores.

Neste caso, o subconjunto do outro progenitor está inativo, uma vez que quando tenta transmiti-lo é automaticamente apagado pela existência daquele cedido pelo outro progenitor.

As anomalias nas crias surgem quando este processo não é concluído de forma adequada. Misturar material genético de crias do mesmo sexo pode apresentar elevados riscos para os bebés que recebem a importação genética.

Na investigação, os cientistas conseguiram reproduzir 29 crias a partir de 210 embriões utilizando conjuntos de ADN de ratos fêmea. Neste lote, as crias conseguiram sobreviver até à idade adulta e ainda reproduzir-se com normalidade.

No entanto, os ratos exclusivamente provenientes de material genético masculino só conseguiram sobreviver durante 48 horas.

Segundo a Science Media Centre, Dusko Ilic, investigador da King’s College de Londres, considerou que esta investigação da Academia Chinesa “abre caminho sobre diferentes aspetos da reprodução entre mamíferos e abre novas portas para futuras investigações”.

“Os autores deram um passo extremamente importante para que possamos entender o porquê de os mamíferos apenas se puderem reproduzir sexualmente”, explicou Christophe Galichet, investigador do Instituto Francis Crick, sediado em Londres.

De acordo com o Observador, esta é a primeira vez que este método é aplicado com sucesso e a investigação da Academia Chinesa poderá melhorar o processo de clonagem nos mamíferos e nos tratamentos de fertilidade para o mesmo sexo.

Os riscos

Apesar do importante avanço, os cientistas estão algo céticos quanto à capacidade de utilizar esta técnica em humanos.

“A maioria, se não todos os embriões, que foram desenvolvidos eram anormais e não podiam sobreviver”, contou Jacob Hanna, geneticista molecular do Instituto Weizmann para a Ciência em Rehovot, Israel.

Os autores da investigação apenas obtiveram uma taxa de sucesso de 14% nos embriões provenientes das mães e 2,5% nos embriões dos pais.

“Penso que será quase impossível que isto seja permitido numa aplicação clínica“, contou Hanna.

“Quando reproduzimos, queremos que todos os fatores tenham um bom resultado”, disse Allan Spradling, biólogo reprodutivo no Instituto Carnegie para a Ciência, em Baltimore, que acrescenta que “nada indica quão normais estes ratos são, ou quão suscetíveis são às doenças”.

“Não acho que esta investigação possa levar as pessoas a terem, geneticamente, dois pais ou duas mães”, contou Spradling. “Nós não o entendemos suficientemente bem e pode ser muito arriscado levar a experiência tão longe“, acrescentou.

Fonte: ZAP

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