" IA " CONSEGUE LER TEXTO DE 2.000 A.C. ► QUE ERA HINO Á CIDADE DA BABILÔNIA.

 


Canção que descreve como a primavera chegava à metrópole desempenhou papel importante nas salas de aula babilônicas há milhares de anos, segundo pesquisadores

Cientistas criaram sistema de inteligência artificial (IA) capaz de decifrar fragmentos de textos antigos LMU

Cientistas estão treinando um algoritmo que já identificou centenas de manuscritos, incluindo um hino à Babilônia e um fragmento da mais antiga peça de literatura sobrevivente do mundo, a Epopeia de Gilgamesh, datada de 130 a.C..

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O sistema de inteligência artificial (IA), apelidado de “Fragmentarium”, pode decifrar algumas das histórias mais antigas já escritas por humanos. 


O trabalho foi conduzido por equipe da Universidade Ludwig Maximilian (LMU), na Alemanha, que tenta digitalizar todas as tábuas cuneiformes babilônicas desde 2018.


Em uma das descobertas com a ferramenta, Enrique Jiménez, líder da equipe, junto de um colega iraquiano, identificou o hino à cidade da Babilônia, fundada no segundo milênio antes de Cristo. “O texto é encantador. Você pode imaginar a cidade com muita clareza. Descreve como a primavera chega à Babilônia”, relata o professor, em comunicado.


De acordo com Jiménez, anteriormente não havia hinos conhecidos às cidades na literatura babilônica. “Encontramos 15 novos fragmentos deste texto. Sem o ‘Fragmentarium’, o processo de reconstrução levaria 30, 40 anos”, estima.

Software reconheceu fragmento que pertence à tabuleta mais recente da Epopeia de Gilgamesh, que data do ano 130 a.C. — Foto: LMU

A equipe também descobriu que o texto em questão desempenhava um papel importante na sala de aula, pois os alunos da Babilônia eram obrigados a copiá-lo como um exercício. “Os novos textos que estamos descobrindo estão nos ajudando a entender a literatura e a cultura da Babilônia como um todo”, comenta o pesquisador.


Traduções automáticas

Ao longo dos séculos, estudiosos transferiam para o papel caracteres impressos em pedaços de argila antigos. 


Eles comparavam minuciosamente suas transcrições para reconhecer quais fragmentos pertenciam um ao outro, e assim preenchiam lacunas dos textos babilônicos, escritos nas complicadas línguas suméria e acadiana.


O “Fragmentarium” facilitou esse processo. Desde sua criação, processou aproximadamente 22 mil trechos textuais. “É uma ferramenta que não existia, um enorme banco de dados de fragmentos”, afirma Jiménez. 


“Acreditamos que pode desempenhar um papel vital na reconstrução da literatura babilônica, permitindo-nos fazer um progresso muito mais rápido”.

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O pesquisador espera publicar o projeto ainda em fevereiro, lançando também, pela primeira vez, uma versão digital da Epopeia de Gilgamesh. A edição será a primeira a conter todas as transcrições conhecidas de fragmentos cuneiformes até o momento.

O épico de Gilgamesh discutia a busca pela imortalidade há mais de 4 mil anos. Para Jiménez, as perguntas que os babilônios se faziam nos preocupam até hoje. “As pessoas sempre falam sobre Gilgamesh e a questão da mortalidade. Os babilônios tentaram respondê-la. 


Eles não tiveram sucesso, porque não há resposta para a pergunta. Mas o próprio fato de terem abordado isso, de terem tentado encontrar uma resposta, é útil, no entanto”, ele diz.

Enrique Jiménez originalmente estudou filologia clássica, mas hoje é especialista em literatura babilônica e usa IA para reconstruir textos babilônicos — Foto: LMU

Além dos fragmentos diretos, os designers responsáveis pelo “Fragmentarium” esperam que ele seja capaz de transcrever fotos de escritas cuneiformes no futuro. 


Até o momento, milhares de resquícios cuneiformes adicionais foram fotografados em colaboração com o Museu Britânico em Londres, na Inglaterra, e o Museu do Iraque em Bagdá.


Desde o início do projeto, cerca de 200 acadêmicos em todo o mundo tiveram acesso à plataforma online. Agora, a tecnologia também será disponibilizada ao público. “Todos poderão brincar com o ‘Fragmentarium’. Existem milhares de fragmentos que ainda não foram identificados”, conta Jiménez.


Confira o que dizia o hino à Babilônia decifrado pelo sistema de IA:

"(O rio da Babilônia,) Araḫtu é seu nome, (criado por Nudimmud, o senhor da sabedoria,) Rega o pasto, encharca o matagal de junco, Derrama suas águas no mar e na lagoa. Seus campos brotam com novos brotos. Em seus prados, brilhando, a cevada brota.


Graças ao seu fluxo, montes de grãos são empilhados, o pasto cresce alto, para os rebanhos vagarem e pastarem. Ele multiplica, esbanja e rega a terra com riqueza e esplendor - o que convém à humanidade".

Por Redação Galileu 08/02/2023  

https://revistagalileu.globo.com/ciencia/arqueologia/noticia/2023/02/ia-consegue-ler-texto-de-2-mil-ac-que-era-hino-a-cidade-da-babilonia.ghtml

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