Campanha no segundo turno entre Tarso Genro (PT) e José Sartori (PMDB) foi marcada por debates tensos; desde a redemocratização, nenhum governador gaúcho conseguiu se reeleger
As eleições para o governo gaúcho opõem duas candidaturas que repetem o cenário da disputa nacional: de um lado, Tarso usa a artilharia petista que controla a máquina do Estado, e do outro, o ex-prefeito de Caxias do Sul tenta se apresentar como um ator da mudança – no segundo turno, inclusive, alinhado com o candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves.
Tarso sofre com o desgaste de quatro anos de um governo marcado por disputas com professores da rede estadual e a explosão da dívida pública – o estado gaúcho é o campeão em dívidas no país.
Em terceiro lugar nas pesquisas na largada da campanha, Sartori viu sua candidatura decolar graças aos ataques desferidos pela campanha de Tarso contra a candidata Ana Amélia Lemos (PP), que aparecia como favorita nas pesquisas na época. Nas urnas, Sartori não só ultrapassou Ana Amélia, como terminou com mais votos do que Tarso.
No segundo turno, a campanha de Tarso voltou seus ataques contra o peemedebista, tentando colar nele a imagem de que seria despreparado. Em seus programas, o petista afirmou que administrações do PMDB ou que contaram com a participação do partido causaram estragos no Estado. Os petistas também exploraram uma barbeiragem cometida por Sartori na reta final: o peemedebista fez uma piada com um dos pleitos dos professores gaúchos, que exigem o pagamento do piso nacional para a categoria. Sartori sugeriu que os professores buscassem o piso numa loja de material de construção.
A campanha de Sartori, que se apoiou no primeiro turno em plataformas genéricas e poucos ataques, decidiu reagir nos últimos dias. Ele acusou Tarso de não cumprir promessas da sua campanha de 2010, dizendo que o petista “governa olhando para o retrovisor” e também reforçou o palanque para o candidato Aécio Neves, apostando no antipetismo de parte do eleitorado do Estado. Um dos programas de TV do candidato chegou a chamar Tarso de “desequilibrado” e “fanático”. As inserções acabaram sendo tiradas do ar por ordem do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) gaúcho.
Além da desvantagem nas pesquisas, Tarso também tem contra ele uma tradição que vigora no governo no Estado: desde que a reeleição foi instituída, nenhum governador do Rio Grande do Sul conseguiu renovar o mandato. Mais: desde a redemocratização do país, nenhum partido conseguiu se manter à frente do Palácio Piratini por dois mandatos consecutivos.
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