Tudo aconteceu em um instante: uma desequilíbrio ou escorregão do topo
de uma árvore fez com que a Australopithecus afarensis batizada
de Lucy caísse de uma altura de cerca de 12 metros e morresse.
Ao analisar as
fraturas na ossada deste fóssil de 3 milhões de anos, pesquisadores descobriram
que ela tentou amortecer a queda com os braços, sem sucesso.
A análise do fóssil acontece desde sua descoberta, em 1974, mas apenas
agora, com estudo da universidade de Texas, essas informações foram
confirmadas.
Foram usadas técnicas forenses, tecnologia de imagem e exames
tradicionais com um ortopedista.
Com as informações obtidas, os pesquisadores
conseguiram reconstruir o cenário dos últimos segundos de vida de Lucy.
Uma das dificuldades em analisar fósseis é que depois da decomposição do
corpo, os ossos ainda sofrem danos antes da fossilização, seja por erosão ou
outro processo.
Com a ajuda de ressonância magnética, os antropólogos
constataram que fragmentos de ossos da fratura do braço de Lucy acabaram se
alojando em seu ombro.
“[Os traumas de Lucy] são consistentes com o que vemos para o tipo de
fratura em que uma pessoa cai de uma altura considerável”, diz o ortopedista
Stephen Pearce.
Com base em seu peso e da altura em que caiu, estima-se que Lucy tenha
atingido o solo a uma velocidade de 56km/h.
John Kappelman, antropólogo da Universidade de Texas em Austin, é o
pesquisador principal deste trabalho, e conta que a causa da morte de Lucy
causou empatia nele.
“Podemos nos identificar com ela naquele momento, e senti
uma onda de empatia que nunca senti antes com qualquer outro fóssil que
estudei.
Minha mente conseguiu visualizar aquela pequena forma quebrada,
sangrando, deitada no pé da árvore”, diz ele.
Kappelmen e sua equipe passaram 10 dias estudando cuidadosamente o
esqueleto de Lucy, produzindo 35 mil imagens dele.
Fraturas no úmero direito
eram as que mais de destacavam.
Mas outras fraturas menos severas no ombro
esquerdo, tornozelo direito, pélvis e joelho esquerdo também eram consistentes com
a hipótese de queda.
Lucy viveu na África oriental entre 3.85 e 2.95
milhões de anos atrás, e é um dos 300 Australopithecus afarensis encontrados. Eles tinham narizes achatados e
cérebros pequenos, mas braços fortes e dedos curvos que podem ter ajudado a
escalar árvores.
Assim como os humanos modernos, eles tinham dentes caninos
pequenos, provavelmente utilizavam ferramentas e andavam sobre as perdas
traseiras, com pés curvados.
Lucy era pequena, com apenas 1m de altura, pesando
27kg.
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