CASTELOS MEDIEVAIS: ADMIRAR SAUMUR É ENTRAR NA ALMA DE SÃO LUIS.



CASTELOS MEDIEVAIS: Admirar Saumur é entrar na alma de São Luís

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Admirar Saumur é entrar na alma de São Luís

Posted: 15 Aug 2017 01:30 AM PDT

Agulha de Saumur (épis de faîtage em francês)
foi criada com base na iluminura
































































































































































































continuação do post anterior: Da terra ao Céu: do Saumur da pedra ao Saumur do sonho



O castelo de Saumur não é um sonho de toxicômanos. O castelo tem uma harmonia e um equilíbrio que, ao mesmo tempo em que parece flutuar no ar, não dá a impressão de que vai cair.

Por causa disso ele se divide em duas partes bem nítidas: a parte superior ligeira, leve, graciosa; e a parte inferior, fortíssima.

O castelo tem como que garras postas no chão; são subterrâneos, masmorras, cofres, arquivos, salas de armas na parte fortíssima. Esta segura o castelo e o equilibra no que ele poderia ter de demais aéreo.

Se o castelo fosse todo como a parte de baixo, seria um pesadelo.

Se fosse tudo como é em cima, seria uma brincadeira.

Mas ele não é nem um pesadelo, nem uma brincadeira. É uma obra-prima de equilíbrio de espírito, em que cada coisa tem seu papel.

O que toca na terra é sólido, sério, vigoroso, guerreiro. São muralhas de uma fortaleza. De quando em quando há uma seteira. Não há janela.

Há uma rampa de acesso com uma ponte levadiça e mais muralhas, de maneira que se alguém quiser entrar burlando esse esquema, encontra muralhas dentadas de onde podem ser jogadas setas, água em ebulição, óleo, pedras.

A conjunção na elevação do nobre e do popular
A ponte levadiça passa por cima de um abismo que é preciso atravessar para quem quiser tentar um assalto.

Assim o castelo é prudentíssimo nas realidades terrenas, mas é santamente idealista nas coisas superiores.

O burrico que vai descendo mostra o gosto medieval pela vida quotidiana na sua plenitude. Inclui seus aspectos mais elevados e os mais prosaicos também.

Porém, o pragmático se ordena em função do elevado, e o sombrio e o prosaico se regeneram; ficam delicados e a gente sorri, vendo o burrico descer.

Se há um animal que não tem graça é um burrico. Mas aqui ele fica engraçadinho como num presépio de Natal.

Uma camponesa leva um peso qualquer na cabeça. A cor do vestido dela é clara, seu passo é leve. Ela se sente bem. É o equilíbrio que formam os opostos não contraditórios juntando-se uns aos outros.

Exemplo de castelos que poderiam ter existido
Exemplo de castelos que poderiam ter existido
De um lado o castelo termina abruptamente. Do outro se prolonga. Há outras construções: um forno de padaria com uma chaminé, um silo para guardar trigo, tudo abrigado por muralhas.

Todas as realidades da vida estão consideradas com espírito católico. O que domina tudo é o desejo do Céu, dos bens do espírito, e as partes materiais existem para atender aos bens do corpo.

É a magnífica e harmônica visão global do universo que a Igreja Católica nos dá.

Há um convívio da aristocracia com a plebe, do gênero humano com o reino animal e o vegetal.

Tudo tão bem posto que lembra o Gênesis, onde diz que após criar o mundo Deus repousou, considerando que cada coisa era boa e o conjunto era melhor ainda.

Na iluminura pode-se dizer que cada parte é boa, mas o melhor é o conjunto todo, inclusive o burrinho.

Se não foi construído pelo rei São Luís IX, é histórico que foi usado por ele.

São Luís era o tipo de rei capaz de inspirar um arquiteto e mandá-lo construir esse castelo. A santa alma de São Luís está inteira dentro da iluminura.

São Luís ofereceu um histórico banquete em Saumur
São Luís ofereceu um histórico banquete em Saumur
Nenhuma reprodução dá adequadamente o olhar de São Luís. E sem olhar, nenhuma face é face.

O centro psicológico da face são os olhos.

Em Saumur, parece que nós sentimos o olhar de São Luís.

Essa iluminura descreve mais sobre São Luís do que muitas pinturas que tentam representar sua face.

No século XIX, o rei Luís II, da Baviera teve o desejo de realizar algo assim nos castelos que ele construiu, como o famoso Neuschwanstein.

Mas não conseguiu, seus arquitetos fizeram coisas, mas quão inferiores!

Saumur é único. É o castelo medieval por excelência, a imagem plena da Idade Média!

Assim como a Suma Teológica dá inteiramente a ideia da teologia medieval, Saumur dá ideia do espírito medieval, ou seja, do melhor brilho do espírito católico.

Comparemos mentalmente esse castelo com algum prédio moderno. Que graça tem o arranha-céu de Manhattan em comparação com Saumur?


Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs

(Autor: Plinio Corrêa de Oliveira, excertos de palestra de 27.11.1970 não revistos pelo autor).



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