Novo reator nuclear brasileiro será arma
contra o câncer; entenda como:
Depois de 60 anos produzindo conhecimento e
elementos radioativos para aplicação na medicina, o reator nuclear do Instituto
de Pesquisas Energéticas e Nucleares está com os dias contados.
E, por incrível
que pareça, a notícia é animadora.
Não só para cientistas como para toda a
sociedade.
O reator de pesquisa que fica aqui no campus da Universidade de São
Paulo será substituído por um novo; maior, mais moderno e mais potente: o RMB -
Reator Multipropósito Brasileiro.
O principal pilar de um reator de pesquisa é a
produção de elementos radioativos.
Entre diversas aplicações dos chamados
radioisótopos, a mais importante e que reflete na nossa vida é na medicina
nuclear.
Ao associar esses elementos radioativos a fármacos, o composto é
injetado no corpo do paciente e o sinal radioativo é analisado por equipamentos
grandes e modernos como estes.
Centenas de exames são feitos através da
medicina nuclear, incluindo estudos cerebrais, diagnósticos e tratamento de
tumores, avaliação das condições pulmonares e coração, rins…
O uso do iodo radioativo é um dos mais eficientes
tratamentos no câncer de tireóide.
Hoje, todo material radioativo para
utilização na medicina nuclear processado aqui em São Paulo é importado! São
cerca de dois milhões de procedimentos anuais.
O novo reator promete tornar o
país independente na produção de radiofármacos na medicina nuclear.
Essa
autonomia significa muito mais do que qualquer economia financeira.
Com o novo reator multipropósito, além de 100% do
iodo radioativo, outra substância recém-descoberta para o tratamento do câncer
de próstata e outra caríssima para o câncer de fígados passarão a ser
produzidas no Brasil.
A previsão é que o Reator Multipropósito Brasileiro
fique pronto em 2022.
A construção ficará em Iperó, próximo a Sorocaba, no
interior de São Paulo.
O local foi escolhido por ser uma região onde já existe
um grande trabalho de desenvolvimento nuclear feito pela Marinha.
A região
também é próxima a centros como São Paulo e Campinas e deve se tornar um grande
laboratório nacional próximo às grandes universidades do país.
O Brasil possui a quinta maior reserva de urânio do
mundo.
O urânio é um elemento químico capaz de se partir em dois fragmentos
quando bombardeado por partículas nucleares sem carga atômica, os nêutrons.
O
fenômeno é conhecido como "fissão nuclear"; uma espécie de reação em
cadeia que libera energia, radiação e calor.
E é exatamente isso que acontece
no fundo da piscina, dentro de um reator de pesquisa.
Quando o assunto é dinheiro, há quem torça o nariz
para o novo reator nuclear, cuja construção é avaliada em 500 milhões de
dólares.
A Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear defende
que a especialidade precisa ser democratizada no país.
Com produtos importados,
ainda é muito cara e restrita, especialmente para a rede pública de saúde.
A
medicina nuclear no Sistema Único de Saúde ainda é de muito difícil acesso.
A
autorização de um exame pode levar até três meses - tempo demais para um
paciente com câncer esperar…
Nenhum comentário:
Postar um comentário