Há milhares de milhões de anos, a Lua da Terra pode ter tido as condições necessárias para albergar vida, segundo um estudo publicado esta segunda-feira.
Quando falamos em condições favoráveis à existência de vida na Terra falamos em água líquida, uma atmosfera capaz de manter a água estável à superfície, um campo magnético capaz de fornecer proteção à radiação solar e cósmica e compostos orgânicos. Segundo os autores do estudo, algumas destas condições-chave poderão ter existido na Lua.
“Se a água líquida e uma atmosfera significativa estiveram presentes na Lua durante longos períodos de tempo, achamos possível que a superfície lunar tenha sido habitável, pelo menos temporariamente”, explica Dirk Schulze-Makuch, astrobiólogo da Washington State University e co-autor do estudo, publicado na Astrobiology, esta segunda-feira.
No entanto, astronautas e robôs nunca encontraram nenhuma prova de vida na Lua e, mesmo que o material orgânico tivesse existido no satélite do nosso planeta, não sabemos se iriam restar vestígios.
Esta ideia de que a Lua poderá já ter sido habitável é baseada numa série de descobertas, feitas principalmente na última década, que mostram que a Lua não é tão seca quanto pensávamos. Há milhares de milhões de anos atrás, poderá ter havido grandes quantidades de água líquida na sua superfície.
Há cerca de 4500 milhões de anos, uma Proto-Terra e outro corpo planetário colidiram e foram vaporizados, segundo um artigo publicado este ano. Segundo esta teoria, a Lua formou-se dentro da Terra, quando o nosso planeta ainda não se tinha formado completamente e não passava de uma nuvem fervente e giratória de rocha vaporizada, chamada sinestia.
Assim, os cientistas defendem que estes gases poderiam ter sido suficientes para criar uma atmosfera. Este período de tempo foi o primeiro momento no qual se verificaram na Lua as condições necessárias para sustentar vida.
A segunda vez aconteceu durante um período de intensa atividade vulcânica, cerca de 500 milhões de anos depois. Os cientistas sugerem que esta atividade poderá ter criado uma atmosfera ainda mais densa com mais água na superfície lunar.
Desta forma, e de acordo com os cálculos citados no artigo científico, poderá ter havido água líquida durante 70 milhões de anos, especialmente se na altura houvesse um campo magnético a proteger a Lua dos ventos solares.
Durante estes dois períodos, a vida poderia já existir na Terra, isto porque os cientistas ainda não sabem como é que o material orgânico apareceu pela primeira vez no nosso planeta. Além disso, os investigadores também não sabem o quão comum são as condições que sustentam a existência de vida em todo o Universo.
As cianobactérias são as evidências mais antigas de vida no planeta Terra. De alguma forma, certas moléculas precursoras fundiram-se para formar materiais orgânicos, que evoluíram eventualmente para essas cianobactérias. Não sabemos quanto tempo este processo demorou, mas alguns cientistas estimam que terá demorado 10 milhões de anos.
Por esta lógica, defendem os cientistas, houve tempo suficiente para algo semelhante acontecer na Lua. Se o material orgânico estivesse previamente lá, a vida poderia ter emergido durante estes dois períodos de tempo.
No entanto, mesmo que não tenha existido material orgânico na Lua, estes dois períodos foram certamente intensos a nível de atividade meteórica. Esses meteoritos poderão ter trazido microrganismos que sobreviveram.
No entanto, há muitas dúvidas que pairam no ar. Assim, os cientistas mantêm a esperança de que as futuras missões à Lua forneçam evidências sobre estes períodos de atividade vulcânica, nomeadamente através de amostras das camadas da Lua.
Fonte: ZAP
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