Talvez
você deseje ser mais intencional na sua leitura bíblica em 2019. De fato, há
espaço para isso. Uma pesquisa recente aponta que Brasil é o 2º país que mais
gasta tempo nas redes sociais. Em média, gastamos mais de três horas por dia
nas redes sociais[1].
Queremos deixar aqui algumas
dicas que podem ajudá-lo a interagir com a palavra de Deus nesse ano de maneira
sistemática e disciplinada.
1.
Tenha um plano de leitura bíblica
Há aqueles que defendem que a
vida cristã deve ser guiada somente pela espontaneidade, enquanto outros
acreditam que tudo gira em torno da disciplina. Nós acreditamos que ambos fazem
parte da nossa caminhada. Há dias em que o nosso coração está sedento por Deus
e o deseja de maneira especial (espontaneidade). Mas é verdade que há dias em
que parecemos incrédulos e nosso coração está tomado por frieza. Simplesmente
não temos vontade de orar nem de ler a palavra. Nesses dias, a disciplina
devocional nos manterá no caminho. Portanto, a vida cristã é uma caminhada
nessa estrada de mão dupla: espontaneidade e disciplina.
Nada melhor para manter uma vida disciplinada de leitura da
palavra com um plano de leitura bíblico. Aliás, naqueles dias em que o nosso
coração se encontra frio, por mantermos a nossa disciplina e recorremos à
palavra de Deus (mesmo sem vontade), Deus irá trazer vida a esse “vale de ossos secos”.
Temos que crer naquilo que Jesus mesmo disse: “As palavras que eu lhes disse são espírito e vida”
(Jo 6.63). Você pode encontrar ótimos planos de leitura bíblica aqui.
2.
Escolha o plano mais adequado para você
Duas coisas devem ser levadas
em conta na escolha de um plano de leitura: o ritmo de vida e a capacidade de
leitura. Cada um tem um ritmo de vida diferente, por isso não devemos cair na
tentação de imitar a disciplina devocional de outros irmãos. Há de se
considerar também que há aqueles que leem com facilidade e outros que ainda não
têm esse hábito. Não há necessidade de escolher um plano que vá te frustrar
logo na primeira semana por não ter conseguido cumpri-lo. Escolha um plano
adequado à sua realidade e capacidade.
Lembre-se que o plano não deve virar um ídolo. Deus nos deu
muitas ferramentas que auxiliam no nosso crescimento e maturidade. Um plano de
leitura bíblica é uma dessas ferramentas. Mas temos que ter o devido cuidado de
não permitir que a ferramenta se torna o alvo em si. O alvo da nossa leitura é
conhecer mais a vontade de Deus. É experimentar, por meio da Palavra, aquele
convite feito pelo nosso Salvador: “Provai,
e vede que o Senhor é bom“.
Quando o plano vira um ídolo,
a leitura bíblica acaba virando algo que nos sobrecarrega — ao invés de uma
expressão da graça maravilhosa de Deus.
3.
Lembre-se que a palavra de Deus é “viva e eficaz”
Hebreus 4.12 diz: “Pois
a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais afiada que qualquer espada de dois
gumes; ela penetra ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e
julga os pensamentos e intenções do coração”.
Deus
fala conosco de maneira extraordinária e rotineira através da palavra dele. É
extraordinário porque estamos lidando com o sobrenatural, um Deus vivo e uma
palavra viva. É rotineira, pois deve fazer parte do nosso dia a dia.
Se considerarmos isso como
verdade, estaremos livres da culpa na nossa disciplina devocional. É comum
vermos pessoas desistindo na disciplina da leitura bíblica por terem perdido
alguns dias do plano de leitura, mas é nesse momento que precisamos nos lembrar
que a palavra de Deus é viva! Quando perdemos um dia na nossa leitura, devemos
prosseguir para o próximo dia lembrando que a passagem que iremos considerar
TAMBÉM É VIVA! Não há necessidade de ficar “querendo tirar o atraso” e se se
sentir culpado(a) achando que está sendo reprovado no vestibular da devocional!
Nossa sugestão é que você deixe o atraso de lado e siga no caminho do próximo
dia, tirando benefício da sua leitura. Quando aparecer aqueles dias cheios de
contratempos, dê graças a Deus quando alguma leitura pode ser feita — mesmo não
podendo fazer toda a leitura prevista no plano. A ideia é se alimentar
diariamente.
4.
A vida devocional é mais simples do que imaginamos
Precisamos quebrar um “tabu”
quanto à disciplina devocional. Por lermos biografias de homens e mulheres de
Deus na história e aprendermos acerca da devoção deles, pode ser que somos
tentados a copiá-los.
Há também aqueles que
nasceram em ambiente mais pietista, onde a devocional deve ser feita de acordo
com uma lista de exigências: tem que ser no seu quarto, durar cerca de uma
hora, deve-se ler tantos capítulos por dia e gastar um tempo grande em oração.
Considerando que estamos
vivendo em uma época diferente das biografias e que não precisamos ter uma vida
devocional para sermos aceitos por Deus (Jesus Cristo já nos garantiu isso),
devemos encaixar a disciplina devocional à nossa realidade.
Se você usar o seu celular para ler a palavra, talvez dentro de
um ônibus ou metrô no caminho do seu trabalho, ou preferir no intervalo da sua
faculdade, seja disciplinado assim mesmo! O nosso Deus não “habita no nosso quarto feito por
mãos humanas” e “vivemos,
nos movemos e existimos nele” (At 17.24, 28). Temos a promessa que
podemos nos aproximar de Deus em todo momento e em qualquer lugar. Não é o
tempo da nossa devocional que conta, e sim se fazemos com fé e em nome de
Cristo Jesus.
Entendemos que a devocional
não é o mesmo que estudo teológico, mas a leitura direta da palavra de Deus
(sem intermediários). Deixe os comentários, livros teológicos e outras
ferramentas para outra hora. A ideia da devocional é ler o texto por você mesmo
e aplicá-lo à sua vida. Tente focar naquelas partes que você compreendeu bem no
texto. As partes mais complicadas, estude depois se quiser.
5.
Ore antes e depois da leitura bíblica
Ore antes da leitura para
lutar contra seu próprio coração pecaminoso que se distrai facilmente e tem
outros prazeres mais elevados que o próprio Deus. A própria palavra nos ensina
isso:
“Abre os meus olhos para que eu veja as maravilhas da tua lei” (Sl
119.18).
“Oro também para que os olhos do coração de vocês sejam
iluminados, a fim de que vocês conheçam a esperança para a qual ele os chamou,
as riquezas da gloriosa herança dele nos santos” (Ef
1.18)
Medite sobre o que foi lido
brevemente e ore depois da leitura aplicando o texto bíblico ao seu coração. É
assim que internalizamos a palavra de Deus em nós e direcionamos a nossa oração
à vontade divina e não à nossa. Nossa oração é viciada, oramos sempre pelas
mesmas coisas. Mas, se tivermos a disciplina de orarmos o próprio texto que
lemos, seja uma única palavra do texto ou um verso, estamos nos submetendo em oração
à “boa, perfeita e agradável vontade de Deus” para as nossas vidas. É essa
oração que Deus sempre responde!
6.
Procure Cristo, procure Cristo, procure Cristo
A Palavra de Deus é cheia de
informações, detalhes e histórias inspiradoras. Mas ela não existe para encher
nossas cabeças de fatos e frases. Histórias em si não salvam nossas almas.
Antes, é por meio de Jesus Cristo que somos perdoados e transformados. Por
isso, ao ler uma passagem do texto bíblico, faça essa pergunta: “Como esse
texto aponta para a esperança que há em Jesus Cristo?”; “Como esse texto revela
a vontade Deus para o seu povo que confia em Jesus Cristo?” As respostas serão
mais claras em algumas passagens do que outras. Mas procure fazer leituras que
são cristocêntricas. “As Escrituras,” disse Jesus Cristo em João 5.39,
“testificam de mim.” Mais do que um livro de histórias, a Palavra de Deus é a
fonte da nossa esperança eterna.
7.
Faça perguntas e procure respostas
Às vezes, podemos ter dificuldade em aplicar nossa leitura ao
nosso dia-a-dia. Pode ser que as aplicações não saltam das páginas. Lemos dois,
três ou quatro capítulos e ficamos com a pergunta: “O que esse texto tem a ver
comigo hoje?”
Não tenha receio de fazer perguntas ao texto. Seguem alguns exemplos que podem
nos ajudar:
·
O que esse texto diz acerca (revela sobre) da soberania ou
santidade de Deus?
·
O que esse texto diz sobre a vida e obra do nosso salvador Jesus
Cristo?
·
Como esse texto aponta para o evangelho?
·
Como esse texto desafia o não-cristão que crê que suas boas
obras são suficientes?
·
Como esse texto confronta o meu orgulho?
·
Como esse texto aponta a minha nova identidade em Cristo?
·
Como esse texto revela que os “caminhos de Deus são mais altos
do que os meus”?
·
Como esse texto me convoca à obediência? Ao descanso? À
evangelização? A confessar o meu pecado?
·
Como esse texto conforta a minha luta com meu pecado? O que o
texto diz para mim na minha dor? Quando me frustro com as futilidades da vida?
·
Como esse texto me convida à adoração apesar das minhas
circunstâncias?
·
Qual atributo divino está destaque? Qual promessa divina? Como
posso, em oração, agradecer ao meu Salvador pela forma que ele está descrito
aqui?
·
Como esse texto encoraja a Igreja de Jesus Cristo a não perder
sua esperança? À não abandonar a doutrina genuína? À não tirar seus olhos de
Cristo?
É isso querido leitor. Que
essas dicas sejam úteis para a nossa caminhada na palavra nesse novo ano.
Desejamos a todos um ano na
vontade de Deus!
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