Na avaliação do Ministério Público Federal, o diálogo via
WhatsApp é um indício de "conhecimento prévio da ordem de prisão"
A Operação Lava Jato apresentou ao Tribunal Regional Federal da
2ª (TRF-2) uma cópia de uma curta conversa que o ex-presidente Michel Temer e o
ex-ministro Moreira Franco (Minas e Energia) tiveram na madrugada de 21 de
março, horas antes de serem presos.
Na avaliação do Ministério Público Federal,
o diálogo via WhatsApp é um indício de "conhecimento prévio da
ordem de prisão".
À 1h24 daquele dia, Temer escreveu: "Estás acordado?".
Moreira Franco tenta ligar de volta à 1h40, mas o ex-presidente não atende.
Um
minuto depois, o ex-ministro envia uma mensagem. "Sim. Liguei, mas vc não
atendeu."
A
Operação Descontaminação, que levou o ex-presidente e seus aliados à
prisão, está ligada a uma investigação iniciada pela Procuradoria-Geral da
República (PGR)a durante o período em que Temer ainda era o mandatário da
nação.
Após o fim do
mandato e a perda do foro privilegiado do emedebista, o inquérito foi
transferido para a Lava Jato no Rio.
Na terça-feira, 2, o
juiz Marcelo Bretas, da 7.ª Vara Federal do Rio, abriu duas ações penais
contra o ex-presidente, Moreira Franco e outros 12 investigados no
âmbito da Operação Descontaminação, braço da Lava Jato no Rio que
mira supostas propinas nas obras da usina de Angra III, da Eletronuclear.
Os investigados são
acusados pela força-tarefa por corrupção, lavagem de dinheiro, evasão de
divisas e peculato.
O ex-presidente
também foi denunciado nesta terça, 2, em outra frente de investigação, na Lava
Jato em São Paulo, pelo crime de lavagem de dinheiro na reforma da casa de sua
filha, Maristela, supostamente bancada pelo Coronel Lima.
Defesas
Após o recebimento
da ação pelo juiz Bretas, as defesas de manifestaram. Para o criminalista
Eduardo Carnelós, que defende Michel Temer, "considerando-se como
foram decretada a prisão e determinadas outras
medidas constritivas contra o ex-presidente, o recebimento da
denúncia estava anunciado. Reitere-se o que já se disse quando do oferecimento
das imputações: Michel Temer nunca praticou nenhum dos crimes narrados, e
as acusações insistem em versões fantasiosas, como a de que Temer teria
ingerência nos negócios realizados por empresa que nunca lhe pertenceu",
escreveu em nota.
"A partir
disso, constrói-se uma tese acusatória completamente dissociada da
realidade, usando-se, inclusive, fatos que são objeto de outros feitos. Ainda
que tardiamente, essas e as demais acusações que se fazem ao ex-presidente
terão o destino que merecem: a lata de lixo da História!", finalizou.
O criminalista
Moraes Pitombo, defensor de Moreira Franco, disse que a "existência
de um processo judicial pode servir para que autoridades públicas imparciais
investiguem os fatos com interesse na busca da verdade e na compreensão quanto
à inocência de um acusado. Agora, resta à Justiça Federal definir quem são tais
autoridades e qual seu grau de imparcialidade em relação a Wellington Moreira
Franco."
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