O Volkswagen SP2 é atualmente um dos mais cobiçados clássicos brasileiros.
Desperta paixões não apenas no Brasil, o único país do mundo em que foi fabricado, mas também no exterior onde faz parte de museus e coleções particulares.
Produzido por apenas três anos e meio, entre junho de 1972 e dezembro de 1975, teve pouco mais de dez mil exemplares comercializados. Na época do seu lançamento foi considerado, pela revista alemã Hobby, o Volkswagen mais bonito do mundo.
Ainda que o motor de 1.700cc não garantisse um desempenho realmente esportivo, continua a ser um dos mais carismáticos automóveis construídos no Brasil.
Apaixonado desde muito jovem pelo pequeno esportivo de dois lugares, o designer e projetista belga radicado no Brasil Juan Dierckx lançou recentemente o primeiro e único livro sobre a criação e a trajetória ímpar do Volkswagen SP2.
Esta começa, na verdade, com o lançamento modelo anterior do SP1 de 1.600 cc, com apenas 84 unidades fabricadas.
Em “VW SP-A História de Um Ícone”, Dierckx realiza um meticuloso trabalho de arqueologia automotiva.
Das origens do motor boxer aircooled que equipava o SP2 ao sucesso atual do modelo entre colecionadores do mundo, o escritor revela histórias incríveis sobre os bastidores desta máquina – tudo documentado por rigorosa pesquisa e farto material fotográfico.
O autor conta que decidiu escrever o livro porque percebeu que havia pouca informação confiável sobre o automóvel. Uma tarefa que consumiu muito tempo e energia.
“A maior dificuldade que encontrei foi recolher o testemunho de pessoas que viveram a época e, principalmente, que estavam envolvidos no desenvolvimento. Encontrar material escrito confiável também foi uma grande dificuldade.
A documentação é escassa e muitas vezes
pouco confiável”.
Entre as muitas informações que Dierckx reuniu com
as suas pesquisas estão as de que aproximadamente 680 exemplares foram
exportados pela Volkswagen e que existem hoje apenas 1.297 SP1 e SP2
sobreviventes, embora menos de 800 estejam em condições de uso. .
Quanto às controvérsias em relação ao nome do carro, Dierckx é categórico: “Apesar de várias teorias, a sigla ‘SP’ significa ‘São Paulo’, o estado onde o carro era produzido.”
O autor não confirma a informação de que o cantor norte-americano Michael Jackson chegou a ter um SP2 em Neverland.
“Não encontrei nada que prove a veracidade
dessa informação. Por conta disso, não cito isso no meu livro”.
Mosca branca de olhos azuis, como se referem os
comerciantes brasileiros de clássicos aos modelos muito raros, a cotação de um
SP2 em excelente estado de conservação já ultrapassa facilmente o equivalente a
15 mil euros no Brasil, com sinais de aumentar.
“O preço deste modelo vai continuar a crescer.
A principal causa desse fenômeno é que colecionadores
estrangeiros oferecem quantias muito elevadas, em outras moedas como o euro ou
o dólar, o que inflaciona o mercado nacional”, diz Dierckx.
Mas, por que é que um carro tão icônico ficou tão
pouco tempo em produção e seu sucessor, o SP3, jamais saiu de uma ideia.
Dierckx tem uma explicação:
“O projeto do SP3 era, a meu ver, fantástico. Ele não foi para a frente porque as diretrizes da Diretoria da VWB tinham mudado.
Com projetos mais modernos como o Passat e a prioridade dada à lucratividade, a
gama de produtos com motores refrigerados a ar estava com os dias contados.
SP2, Karmann Ghia TC e TL foram os primeiros a saírem de linha”.
Juan Dierckx esperou 20 anos para realizar o sonho
de ter um SP2 na sua garagem. Durante esse tempo, tentou por diversas vezes
adquirir um exemplar.
Mas o que ele desejava mesmo era o SP2 de um vizinho –
que se recusava a vendê-lo. A persistência valeu a pena. Um dia, o vizinho
finalmente decidiu se desfazer do veículo e Dierckx tornou-se então
proprietário do esportivo com o qual sonhava desde sua juventude.
Fotos: Eduardo Scaravaglione
Irineu Guarnier Filho é brasileiro, jornalista
especializado em agronegócios e vinhos, e um entusiasta do mundo automóvel.
Trabalhou 16 anos num canal de televisão filiado à Rede Globo. Atualmente
colabora com algumas publicações brasileiras, como a Plant Project e a Vinho
Magazine.
Como antigomobilista já escreveu sobre automóveis clássicos para blogues e revistas brasileiras, restaurou e coleccionou automóveis antigos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário