Um avanço científico no Brasil pode representar uma virada histórica para pessoas que sofreram lesões graves na medula espinhal.
A polilaminina, um medicamento experimental desenvolvido por
pesquisadores da Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ) em parceria com o laboratório Cristália,
tem mostrado capacidade de restaurar movimentos em pacientes paraplégicos ou
tetraplégicos.
Neste artigo, vamos explicar como essa descoberta funciona, os
resultados já observados, os desafios que ainda faltam vencer e por que a
perspectiva é tão positiva.
O
que é a polilaminina e como ela surgiu?
A polilaminina é
uma proteína derivada da laminina,
extraída da placenta humana, capaz de estimular a regeneração de neurônios na
medula espinhal.
- Ela forma
uma malha que serve de suporte para os neurônios reencontrarem conexão
após uma lesão.
- A
molécula é produzida naturalmente no organismo durante o desenvolvimento
embrionário, mas com o tempo sua presença decai, dificultando reparos em
lesões adultas.
- A
polilaminina busca suprir essa deficiência.
- A
pesquisa conta com financiamento de agências como a Faperj, o apoio prático e de
infraestrutura por pesquisadores da Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), além da
produção do laboratório Cristália.
Resultados
obtidos até agora.
Os experimentos com humanos mostram resultados animadores, ainda que iniciais.
Aqui estão os destaques:
§Vários pacientes com lesão medular completa que comprometeu totalmente a função motora (nível A) recuperaram parte dos movimentos e força para retornar a níveis como o C, ou seja, com algum controle motor.
§Um caso emblemático é o de Bruno Drummond de Freitas, que, após ficar sem mobilidade total — braços, pernas, abdômen — mexeu o dedão do pé logo após o tratamento, evoluindo para caminhar normalmente.
§Os testes indicam que quanto mais rápido for aplicado o tratamento após a lesão — idealmente nas primeiras 24 horas — melhores são os resultados.
Como o tratamento é aplicado?
É importante entender como se dá o uso da polilaminina para avaliar sua viabilidade:
1. O medicamento é aplicado diretamente na medula espinhal, geralmente durante procedimento cirúrgico, no local da lesão.
2. A aplicação costuma ser única — uma dose — seguida de fisioterapia intensiva para reabilitação motora.
3. O tempo entre o trauma e o tratamento é determinante: quanto menor esse intervalo, maior a chance de recuperação maior.
Mas há evidência de ganhos também em lesões mais antigas, embora menos expressivos.

Benefícios
observados e implicações
Os
potenciais benefícios da polilaminina são muitos, tanto para pacientes quanto
para o sistema de saúde:
- Permite
recuperação de mobilidade que antes se via como impossível em muitos
casos.
- Pode
reduzir o tempo de dependência de cuidados médicos intensivos ou longos
períodos de internação.
- Promove
melhor qualidade de vida, autonomia e integração social para quem sofre
com paraplegia ou tetraplegia.
- É uma
alternativa mais
acessível e segura que terapias com células-tronco,
dada a previsibilidade até então observada.
Quais
as limitações e desafios que permanecem?
Apesar
dos resultados promissores, existem ainda desafios importantes:
- O número
de pacientes testados é pequeno,
tornando os dados iniciais pouco robustos para generalização ampla.
- Resultados em lesões crônicas (há muito tempo) são menos previsíveis e normalmente menos intensos.
- A eficácia nesses casos continua em investigação.
- A aprovação regulatória ainda não ocorreu: é aguardada a autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para a fase 1 dos ensaios clínicos.
- Essa fase é essencial para confirmar
segurança e dosagem adequada.
- Há
variabilidade nos tempos de recuperação entre pacientes, o que indica que
fatores individuais (gravidade da lesão, idade, intervenções médicas
acessórias) influenciam fortemente o resultado.
Leia também: Este cometa interestelar pode ser um dos objetos mais
antigos de toda a galáxia.
Por
que esse avanço pode mudar o futuro da paraplegia no Brasil?
A polilaminina representa uma das descobertas mais significativas recentes no tratamento de lesões medulares no Brasil.
Eis por que ela pode fazer diferença:
- A
pesquisa une ciência básica, experimentação humana e aplicação prática,
respeitando protocolos e envolvendo instituições reconhecidas.
- Pode
colocar o Brasil em destaque mundial na linha de regeneração neural e
medicina regenerativa.
- Oferece
esperança real para milhares de pessoas que hoje vivem com mobilidade
reduzida ou nenhuma, com possibilidade de recuperação antes considerada
inviável.
- Se as
fases clínicas seguintes confirmarem os dados iniciais, poderão surgir
políticas públicas que viabilizem acesso mais amplo ao tratamento.
Em resumo, a polilaminina surge como uma esperança genuína para quem sofreu lesão medular.
Embora ainda esteja em fase de testes e haja incertezas quanto à amplitude de aplicação, os resultados até agora são suficientemente fortes para gerar otimismo.
O futuro depende de mais estudos, aprovação regulatória, investimento e tempo — mas o horizonte é promissor.
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