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►Europa, está chegando a hora da verdade


 por Thais Herédia
O olho do furacão na Europa agora está passando pela Espanha. Grécia ainda é motivo de muita preocupação, mas pelo tamanho dos estragos possíveis que cada um pode causar no resto do mundo, os espanhóis dão mais medo.

A sensação entre analistas internacionais e investidores é de que o tempo está se esgotando. No ano passado, lá para setembro, também se dizia que não havia mais tempo ou espaço para tirar a Europa do colapso. Agora, dizem: "dessa vez é para valer, porque estão em jogo países muito mais importantes do que a Grécia", disse um analista.

O que está sendo esperado agora pelos investidores, são medidas muito mais dramáticas e assertivas do que as adotadas até agora. Mas será possível apertar ainda mais o torniquete da austeridade naqueles países?

"As sociedades europeias estão dando um recado político bem claro, dizendo:  chega de austeridade. Os franceses escolheram um presidente que nunca trabalhou no governo porque ele falou em mais crescimento.  Há países que ainda tem credibilidade e alguma estabilidade – Alemanha, Holanda, Suíça e outros nórdicos. Eles deveriam expandir fiscalmente  para ajudar quem está fazendo ajuste", diz o economista de um importante banco estrangeiro que atua no Brasil.
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Um banqueiro central dos Estados Unidos, em encontro com investidores brasileiros comentou que "fazer política fiscal apertada com um presidente, um congresso, um país, já é coisa dificílima. Imagine fazer com 17 deles?", se referindo aos países membros da união europeia, que adotaram o euro.
O que muitos se perguntam agora é quais são as soluções possíveis e em que distancia os lideres europeus estão de adota-las. Há quatro pontos considerados cruciais neste momento:

1)   No curto prazo, é preciso que "alguém" ofereça uma "linha de defesa" para os bancos,  para que não haja uma corrida bancaria, principalmente na Espanha. A medida seria fundamental para também evitar uma "corrida" de um país para outro. Esse "alguém" pode ser o Banco Central Europeu ou a União Europeia, ou os dois juntos.

2)   Para ser implementado urgentemente, os líderes precisam encontrar um mecanismo mais viável para impor a chamada consolidação fiscal entre os países do euro. Teria que ser uma solução que seja mais efetiva e dependa menos de referendos e aprovações de cada país. Aqui pulariam o canal democrático dos regimes europeus. Na crise de 2008, o governo americano fez algo semelhante quando saiu comprando ativos podres de bancos privados e transferiu para os cidadãos americanos o custo do problema.

3)   A capitalização dos bancos teria que ser aprofundada. O Banco Central Europeu lançou uma programa de mais de um bilhão de euros no final do ano passado para ajudar os bancos a administrarem suas carteiras. Mas o dinheiro já acabou e não garante com a mesma intensidade a solvência do sistema financeiro da região. O BCE está jogando duro, principalmente com os espanhóis.

4)   O tema mais tabu é a socialização das dívidas soberanas, ou seja, dos países da zona do euro. Os alemães tem ataques de nervos só de ouvir falar em assumir a dívida da Espanha ou qualquer outro vizinho pré-falido, com dinheiro do cidadão alemão. Aqui, o que muitos analistas esperam, é que a força de destruição da crise não solucionada acabe dobrando o governo alemão, principalmente sua chanceler, Angela Merkel, que arrisca sua carreira política ao tentar salvar a Europa sem precisar se jogar no oceano.

"Hoje, um país europeu sozinho não tem condições de levantar dinheiro necessário para resolver seus problemas bancário e soberano. Na Espanha, por exemplo, o buraco não é só no governo central. As províncias espanholas que estão gerando o grande déficit na economia do país. Ou o governo espanhol junta tudo e tenta salvar o país, ou vai ficar mais difícil ainda. A mesma coisa entre os países da zona do euro", comenta um gestor de um fundos de investimento americano.

Aos líderes europeus, não basta apenas saber o que fazer, é preciso estarem de acordo e prontos para assumir todos os riscos e consequências, políticas inclusive. O recado social está claro e o receio dos investidores custa cada dia mais caro aos países. Como teria dito o pensador e filósofo chinês Confúcio, "quando os médicos diferem, o paciente morre".
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