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Meu marido gosta de pornô de sexo com a mãe | ID #31
* * * Serei bem honesto, Vitória, tenho certeza que sua pergunta causará uma dose de repulsa e constrangimento nos homens. Repulsa por vergonha alheia, afinal, soa um pouco deprimente um homem depois dos 12 anos ter esse nível de relação com a mãe. O constrangimento é por conta de que muitos se identificarão levemente, em algum nível consciente ou inconsciente. O conforto eterno do larMães são os seres mais palatáveis para um homem. Quando ele vem ao mundo, diferente da filha mulher, trás em sua bagagem inconsciente a redenção para algum tipo de pendência, ainda que pouco clara, dessa mãe. Se passou por algum tipo de decepção ou desarmonia com alguém (talvez com o pai da criança), sem que o perceba, projeta no filho uma espécie de salvação, uma garantia de que poderá criar nele um homem superior que possa suplantar todos os demais, seja em vigor físico, emocional, caráter ou financeiro. Esse homem-miniatura passará por um “treinamento” exaustivo no qual terá um misto de regalias e punições que forjarão sua personalidade para sempre. A marca psíquica será “o homem mais importante”. Receberá proteção e/ou liberdades em excesso que lentamente criarão correntes invisíveis aos pés daquela mulher tão amada quanto odiada pelo motivo de nunca poder ser não-referenciada. A grande mãe psicológica que abençoa e puneCorri um grande risco quando escrevi o livro “Mães que amam demais”, pois coloquei um dedo na ferida de mães e filhos que talvez nunca se deram conta de que mães são apenas mulheres, maduras ou imaturas, que engravidaram. Ou seja, os pactos subliminares que uma mãe cria com o filho podem impulsioná-lo ou mortificá-lo por grande parte da sua vida. Se ele não fizer um movimento contrário, ficará passivo diante de sentimentos que julga serem seus (como medo, raiva, paralisia), mas são heranças do primeiro amor de sua vida. Essa relação é muito paradoxal, pois como um deus do velho testamento, na mesma medida que dá a vida pode tomá-la (em sentido figurado, óbvio) a qualquer momento. Quando não abençoa ou aprova uma escolha do seu filho, que o afaste de suas vontades, é como se abrisse uma fenda no coração desse homem ainda apegado aos velhos padrões maternos, achando que são seus. Os preconceitos tipicamente machistas contaminam suas vítimas e mesmo as mães. Quando incentivam seus filhos a serem machinhos que dominam o mundo ou semi-eunucos emocionais que idealizam e temem as mulheres, perpetuam o vínculo infinitamente. O homem que acredita no binômio “para casar” ou “para transar” está sob o domínio da mãe que, ao criar uma dicotomia inviável sobre as outras mulheres, garante que seu filho seja um eterno insatisfeito. Assim, quando algo der errado, recuará para a casa aconchegante da mãe. Se é que um dia saiu de lá, realmente. O medo de ser o próprio muro de arrimoO que estaria, então, à espera do homem que decide romper o vínculo com sua mãe imaginária? Três coisas: 1. O passe livre para a diversão irrestrita. A sensação de que não há um amanhecer e que tudo é um grande jogo sujo, onde pessoas são coisas e ações não tem consequências, acaba quando um homem rompe com a imagem materna que carrega internamente. A mãe psíquica é um grande seio que oferece prazer irrestrito, é aquela que dá de mamar para quem quer que sustente uma passividade profissional, emocional, amorosa, política ou social. Se espera que seus problemas se resolvam automaticamente, procrastinando infinitamente ou recuando aos testes da vida adulta numa camada de “vida louca” ou “zé droguinha”, esse alguém ainda está sendo embalado pela mamãe que o cega de ver o mundo e a si mesmo com todas as suas cicatrizes. 2. A sensação de garantia existencial. A sensação de responsabilidade que se segue ao entendimento da liberdade é o que coloca um homem de verdade diante de sua ação no mundo, de peito aberto e sem esperar recompensas por bom mocismo, completamente exposto à aridez de uma parte da realidade. Nada do que faça diminui o apelo irrecusável da fragilidade de estar vivo num corpo perecível. Quando abdica do colo da mãe, ele pode desbravar o mundo de verdade, e uma mulher também, afinal, nada pode obliterar sua liberdade essencial, se não os seus medos. 3. A vida ideal. Se não tem garantia ou arrimo, ele próprio precisa assumir os riscos e benefícios de estar por si, diante das pessoas e de suas escolhas. O sonho pode inspirar suas ações, mas nunca descoladas dos meios e dos fins implicados. Quando conhece uma mulher, portanto, ele não espera alguém que nunca falhe ou que tenha dimensões físicas de paniquete (mais um artifício erótico da mãe que bloqueia seu filhinho oferecendo objetos impossíveis) e sim uma mulher real, insuficiente, falível, e assim como ele, um projeto possível. A mulher não-mãe está fora de controleVocê, Vitória, provavelmente causa calafrios no seu marido, mas não que ele conscientemente saiba disso. Isso aparece de modo indireto, na incapacidade de confiar plenamente na sua presença, ainda que pudesse fazer todos os esforços do mundo. Você é a mulher que ele não pode controlar, domesticar, anestesiar e diminuir, pelo menos não diretamente. Já a sua sogra, mãe dele, pode ser manobrada numa via de mão-dupla em que o fantoche e o títere se fundem numa relação simbiótica parasitária. Pornô-mãeA busca pelo pornô mamãe é um tipo de fetiche por uma relação sexual não ameaçadora, daquelas em que ele pode admitir, sem temor, que sabe pouco da vida e dos seus desejos. São vídeos que permitem que se rompa o tabu máximo entre homens e suas mães, ou seja, que se conclua alguma espécie de desejo carnal sobre a imagem virginal. No íntimo desse homem, ele busca se refrescar do peso de estar no controle e pode se deleitar por uma mulher que o ensine, passo-a-passo, cada manobra sexual. O fotógrafo Leigh Ledare resolveu encarar o fato de que sua mãe, assim como qualquer mulher do mundo, descabelada ou não, desfruta de tudo aquilo que o seu corpo pode permitir. Clicando na imagem você vê o texto do Frederico Mattos sobre o ensaio Diante dessa mulher-mãe reproduzida nas virgens que ele quer deflorar na vida cotidiana, ou nas mulheres “pouco rodadas” (“para casar”) ou o mais inexperientes e imaculadas possíveis, ele se sente pouco ameaçado ou exigido. É a mulher desejosa, mas não antropofágica, é a vagina dócil, a mesma que o colocou no mundo e agora o recebe de volta para insuflar alguma vida que falta. Na vida real, o sentimento que esse homem filho-da-mãe tem é a eterna insatisfação com tudo e uma eterna incapacidade de gozar a vida se nada for perfeito segundo suas métricas restritas. Portanto, minha querida Vitória, o cenário não é favorável para você. A estratégia infame seria, como grande parte das mulheres faz, ignorar esse pacto macabro entre mãe-filho e se alinhar como uma substituta maternal que ama, tolera e pune até dar a ele um filho. Essa estratégia faz com que ele se sinta adulto, mesmo que não assuma efetivamente a parte nas desventuras da educação, se alienando emocionalmente no papel de trabalhador-provedor. Essa linha de conduta costuma incorrer numa “inevitável” sequência de traições, afinal, esposas-mães são permissivas nos pactos com seus filhos. Tudo por amor. Um passo ousado e pouco trilhado por mulheres no seu lugar, seria abdicar desse pacto de infantilidade e procurar onde há imaturidade também em si mesma. E, só assim, decidir se segue num misto de pseudo-realizada ou em busca de um companheiro que, se pelo menos não se auto-pariu, estaria em vias de. Antes que surja a tendência de culpar, achando que essa mãe faz tudo de caso pensado, vale lembrar que ela também está cega pelo papel semi-divino que lhe foi atribuído e do qual não abdicaria tão facilmente, sob pena do ninho vazio e de encarar sua própria escolha amorosa. Entre isso e o filho-refém, ela prefere seguir dando banhos morninhos no por do sol. *** Convite: Dia 14 de outubro (terça-feira) na “Livraria da Vila” no Shopping Pátio Higienópolis em SP das 18:30 às 21:30 estarei na noite de autógrafos do meu último filho e (confesso) mais querido até agora. No livro “Relacionamento para Leigos” (série For Dummies), que na verdade serve para qualquer um, escrevi (quase) todo o meu pensamento sobre tudo o que envolve um relacionamento amoroso. Da fase da conquista ao término (se houver), da superação de crises e das virtudes para se viver com sabedoria e leveza, além de reflexões práticas sobre os detalhes pouco falados como dinheiro, família, diferenças de personalidade e a logística toda de uma relação. Escrevi incansavelmente durante 6 meses esse texto inédito. Minha convicção enquanto escrevia é de que se eu morresse no dia seguinte à essa publicação eu já teria dito o que havia de mais importante em matéria de relacionamentos amorosos da minha perspectiva. Será uma alegria ter os leitores do PdH nesse momento especial! por Frederico Mattos |
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