Com informações da Technology Review
Inventor da técnica de edição do DNA diz que a técnica possui riscos e ainda não está pronta para ser testada em humanos.[Imagem: MIT Technology Review/Greg Peverill-Conti] |
Um dos inventores da edição genética fez um alerta para que seus colegas cientistas procedam com cautela antes de testar a técnica em humanos.
Feng Zhang, pesquisador do MIT (EUA), ajudou a inventar uma técnica para alterar o DNA que ele próprio compara a uma função de "procurar e substituir para o genoma" - uma comparação à função dos programas de computador que procuram uma palavra e a substituem por outra.
Em termos simples, os cientistas tentam "editar" o DNA para corrigir "erros genéticos" que levam a doenças. Mas também há quem fale em gerar efeitos protetores contra praticamente qualquer doença.
Várias empresas já estão sendo criadas na tentativa de transformar essa técnica em novas terapias e novos medicamentos - são as chamadas terapias gênicas, ou genéticas.
Erros fatais
Mas o professor Zhang, falando em uma conferência realizada no próprio MIT, afirmou que há riscos de erros fatais, e que os riscos da edição genética precisam ser melhor entendidos antes que a tecnologia possa ser usada em estudos clínicos.
"O conceito é muito poderoso, mas fazer qualquer correção no corpo é muito desafiador", disse ele.
A grande sombra que paira sobre os cientistas é a morte de Jesse Gelsinger, um voluntário de um estudo de terapia gênica na Pensilvânia em 1999. A morte do voluntário foi um enorme revés para os medicamentos genéticos.
Depois disso, já se demonstrou que esses tratamentos, mesmo quando funcionam, às vezes podem causar câncer, gerando alterações indesejadas no genoma dos pacientes.
"Uma das primeiras lições da terapia genética é ir devagar," disse Zhang. "A lição é que precisamos entender um sistema cuidadosamente antes de colocá-lo em uma pessoa".
Substituições indesejáveis
Contudo, quinze anos depois da morte do voluntário, diversos tratamentos genéticos agora estão sendo testados em pacientes.
O perigo, disse Zhang, é que os tratamentos que utilizam edição genética podem revelar-se tóxicos, ou os cientistas poderiam acabar mudando o DNA de uma pessoa de forma indesejada.
Além disso, colocar esses medicamentos dentro do corpo não é uma tarefa fácil. Geralmente é necessário usar vírus inoculados, manipulados geneticamente para não produzir doenças.
"Estamos trabalhando tão duro e rápido quanto possível para levar a tecnologia a um estado onde possa ser usada para tratar doenças", concluiu ele, destacando o fato de que a tecnologia ainda não está madura como muitos gostariam.
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