Betina, da máfia do hospital do Câncer
e protagonista de um flagrante telefônico estarrecedor, hoje, doente, precisa
dos remédios que negava aos pacientes
Entre os inúmeros escândalos – e não foram
poucos – protagonizados nos períodos em que André Puccinelliesteve a frente da prefeitura e do governo do
estado de Mato Grosso do Sul, talvez o mais relevante e traumático, tenha sido
o que envolveu o Hospital do Câncer de Campo Grande, comandado pelo médico
Adalberto Siufi e sua filha Betina.
Um crime que contou com a conivência e
parceria do próprio governador, da secretária de saúde, médicos e empresários.
Uma verdadeira ‘máfia’, que transformou o câncer, esta terrível doença, numa
verdadeira fonte de enriquecimento ilícito.
Na época em que o caso veio a publico,
trazido pelo programa Fantástico da Rede Globo (relembre abaixo), no emaranhado de denúncias,
averiguações, auditorias e processos, referentes às falcatruas no hospital, um
flagrante telefônico entre duas mulheres foi estarrecedor: Betina Siufi,
diretora financeira e Renata Burale, bioquímica, chefe geral da farmácia.
Transcrição telefônica:
Renata Burale – “Estou com uma prescrição aqui de um paciente do CTI, que a
médica passou um antifúngico pra ele”.
Betina Siufi – “É caro pra cacete esse negócio. Nem f…, desculpa o termo tá?”
Renata Burale – “Essa doutora Camila que passa essas coisas cabulosas. Na hora
que vi o preço, eu falei não”.
Uma completa inversão de valores, desrespeito
com a médica e crime contra a vida do paciente. Uma coisa macabra. As duas
detentoras da vida ou morte de pacientes acamados, chorosos, dependentes de
medicação adequada, visualizaram apenas a questão do valor do medicamento e
decidiram pela sua não aplicação. Homicídio doloso.
Presentemente, naquela coisa de “às voltas
que o mundo dá”, Betina contraiu a doença.
Não acredito em castigo. Deus não castiga
ninguém.
Uma fatalidade, mas hoje é ela, a Betina,
quem precisa dos medicamentos ‘cabulosos’.
Betina trava batalha na Justiça Estadual de
Mato Grosso do Sul para conseguir que o governo do Estado forneça a ela o
medicamento importado Afatinib, cujo custo mensal é de R$ 30 mil.
Betina é ré em várias ações. Uma delas pede a
devolução de R$ 27 milhões em prejuízos sofridos pelo hospital. Uma outra por
improbidade administrativa, na qual seus bens e do pai, e de outros dois
ex-diretores do Hospital do Câncer foram bloqueados. O valor chega a R$ 51
milhões. E uma ação criminal, com mais cinco réus.
Talvez, se a atuação da ‘máfia’ não tivesse
sido tão danosa, o dinheiro necessário para o tratamento de Betina fosse mais
fácil de ser conseguido.
De qualquer forma, ela tem o direito a vida.
O direito que ela negou a inúmeros pacientes.
Que Deus tenha piedade dessa moça…
Vídeo:
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