A edição deste mês da revista “Geology” traz
um artigo impressionante: segundo pesquisadores, a atração gravitacional da
Terra está mexendo com a lua, abrindo rachaduras na crosta lunar.
Assim como a atração gravitacional da lua faz com que os mares e lagos
subam e desçam com as marés na Terra, a Terra exerce forças de maré na lua.
Os
cientistas já sabem disso há algum tempo, mas agora eles descobriram que essa
atração, na verdade, abre falhas no satélite natural.
“Sabemos que a estreita relação entre a Terra e a lua remonta às suas
origens, mas foi uma surpresa descobrir que a Terra ainda está ajudando a
moldar a lua”, afirmou em entrevista ao portal Space.com o principal autor do
estudo, Thomas Watters, cientista planetário do Museu Nacional Aéreo e do
Espaço da Smithsonian Institution, em Washington, DC.
Os pesquisadores analisaram dados do Orbitador de Reconhecimento Lunar
(LRO, do inglês Lunar Reconnaissance Orbiter) da Nasa, que foi lançado em 2009.
Em 2010, a nave espacial ajudou os cientistas a descobrir que a lua está
diminuindo: imagens de alta resolução revelaram 14 escarpas em forma de lóbulo
falhadas, ou falésias, que provavelmente foram formadas à medida que o interior
quente da lua esfriava e se contraía, forçando a crosta sólida a ceder.
Formações recentes
Depois de mais de seis anos em órbita e registrando imagens de quase
três quartos da superfície da lua, o LRO detectou mais de 3.200 dessas escarpas.
Estas falésias são a característica tectônica mais comum na lua, e tipicamente
têm dezenas de metros de altura e menos de 10 quilômetros de comprimento.
Pesquisas anteriores haviam sugerido que elas tinham menos de 50 milhões de
anos de idade e que provavelmente ainda estariam ativas hoje.
Se a única influência na formação das falhas escarpadas lunares fosse o
resfriamento do interior do satélite, os penhascos estariam distribuídos de
forma aleatória, porque as forças de contração seriam iguais em todas as
direções, disseram os pesquisadores.
“Foi uma grande surpresa descobrir que as
falhas escarpadas não têm orientações aleatórias”, disse Watters.
Em vez disso, segundo a equipe, há um padrão que sugere que algo mais
está influenciando sua formação, algo que também está atuando em uma escala
global. Esse algo é a atração gravitacional da Terra.
Maré terrestre
As forças de maré da Terra não agem igualmente por toda a superfície da
lua; elas atuam mais fortemente sobre as partes que estão mais próximas ou mais
distantes da Terra.
O resultado é que muitas escarpas são alinhadas do norte ao
sul em latitudes baixas e médias, perto do equador da lua, e de leste a oeste
em altas latitudes, próximas aos pólos lunares.
De acordo com Watters, os efeitos das forças de maré da Terra são
provavelmente cerca de 50 a 100 vezes menores do que as de contração da lua.
Um
modelo que incorpora os efeitos das forças de maré e contracionais na
superfície da lua é muito parecido com as falhas escarpadas observadas na
superfície lunar.
“Com o LRO, conseguimos estudar a lua globalmente em detalhes que ainda
não são possíveis em qualquer outro corpo no sistema solar além da Terra.
Isso
nos permite trazer à tona processos sutis, mas importantes, que de outra forma
permaneceriam escondidos”, apontou John Keller, cientista do projeto LRO no
Goddard Space Flight Center da Nasa em Greenbelt, nos Estados Unidos, em um
comunicado à imprensa.
Se estas falhas lunares ainda estão ativas, terremotos lunares de pouca
profundidade podem ocorrer ao longo delas. Esses tremores devem acontecer com
mais frequência quando os efeitos das marés da Terra são maiores na lua –
quando ela está mais distante da Terra em sua órbita.
Watters espera que um dia
uma rede de sismógrafos na superfície da lua possa detectar esses tremores. [LiveScience]
Nenhum comentário:
Postar um comentário