ECONÔMIA ► A INFLAÇÃO VAI DERRETER EM 2017


"A inflação vai derreter em 2017"


Com a perspectiva de preços comportados, prioridade deve ser renegociar dívidas, segundo Carlos Thadeu de Freitas Gomes


Por Márcio Juliboni


Pela primeira vez em muito tempo, os brasileiros não deverão se preocupar com a inflação no ano que vem. 


Mas não adianta nada saber que os preços ficarão comportados, se consumidores e empresas não tiverem dinheiro.


Por isso, ao lado das reformas macroeconômicas, a prioridade do governo deve ser reduzir o nível de endividamento da sociedade em geral. Essa é a avaliação de Carlos Thadeu de Freitas Gomes, ex-diretor da Área Bancária do BC e economista-chefe da CNC.


Muitas das medidas necessárias para desafogar o bolso dos consumidores têm outra vantagem: não dependem de aprovação do Congresso. 


Veja os principais trechos da conversa com O Antagonista:


O Antagonista: O que pode ser feito para estimular a economia no curto prazo?


Carlos Thadeu de Freitas Gomes: A permissão para as pessoas sacarem uma quantia das contas inativas do FGTS é positiva, mas é muito pouco. 


O Banco Central poderia, por exemplo, reduzir o compulsório. 


 Isso permitiria que indivíduos e empresas endividadas renegociassem suas dívidas em condições mais favoráveis de taxas e prazos. 


O elevado endividamento de empresas e consumidores é um dos problemas básicos hoje.


O Antagonista: Muitas medidas precisam ser aprovadas pelo Congresso. Isso é um gargalo para a recuperação?


Gomes: Há projetos que não são tão polêmicos assim. 


A MP que permite a cobrança de preços diferentes, conforme o meio de pagamento, é um exemplo. Já existem propostas semelhantes tramitando no Congresso e deve passar sem problemas. Mas há iniciativas que não dependem dos parlamentares. 


A redução do compulsório é um caso. A flexibilização dos empréstimos consignados também. 


 Elas dependem apenas de decisões do Banco Central.


O Antagonista: Ninguém espera um crescimento relevante em 2017. Qual é o seu cenário?


Gomes: O Brasil já está mostrando que pode crescer 0,5% no ano que vem. 


É muito pouco, é claro. Mas isso é devido, em parte, ao fato de que a Selic já deveria ter caído há muito tempo. 


Se ela baixar para um dígito no fim de 2017, o país vai crescer mais em 2018.


O Antagonista: Em que nível a Selic deveria estar, na sua opinião?


Gomes: Ela deveria chegar ao fim de 2017 ao redor de 9,5%. Veja, a inflação vai derreter no ano que vem. 


O próprio relatório de inflação do BC, divulgado nesta quinta-feira, mostra isso.


O Antagonista: Mas ainda existirão problemas de fundo, como a crise dos Estados.


Gomes: A crise dos Estados vai se arrastar por algum tempo. Mas é possível fazer o país crescer sem depender da máquina pública. 


Para isso, basta incentivar o consumo das famílias e os investimentos. 


Por isso, insisto que é importante renegociar as dívidas das empresas e dos indivíduos. 

 

 

 

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