O que faz o MEL ser tão saudável,
‘eterno’ e não estragar?
O que faz o mel ser ‘eterno’ e não estragar?
Edição e imagens: Thoth3126@protonmail.ch
O que faz o MEL ser tão saudável,
‘eterno’ e não estragar?
Estima-se que foi pintada há cerca de
8 mil anos, prova de que, ao menos desde então, nós nos arriscamos para
conseguir essa delícia que as abelhas produzem com a ajuda das flores.
O sabor do mel, a segunda coisa mais
doce que se encontra na natureza depois das tâmaras, encanta o ser humano desde
que ele passou a ficar na posição ereta.
E
o mais assustador é que, se o autor dessa pintura oito milênios atrás tivesse
deixado um pote de mel no mesmo lugar, é muito provável que ele ainda estivesse
bom para comer – no caso, o professor Jaime Garí Poch, que descobriu as
cavernas onde estava a pintura no início do século 20, teria sido o agraciado
com o pote.
Mas o que tem no mel para que se
mantenha fresco por tanto tempo?
Encontrado em
toda parte
Ao longo da história, a humanidade já
se alimentou, se banhou e até se tratou com mel.
Em uma tábua de argila de Nippur, o
centro religioso dos sumérios no Vale do rio Eufrates, que data aproximadamente
do ano 2000 a.C., há uma receita escrita para cuidar de machucados desta forma:
“Moer até que a areia do rio vire pó (faltam algumas palavras) e amassar com
água e mel, azeite puro e óleo de cedro e colocar quente sobre a ferida”.
No
Antigo Testamento, a terra de Israel é chamada “terra que corre leite e mel”.
Depois, no Novo Testamento, conta-se que João Batista comia lagostas com mel
silvestre.
O grande guerreiro cartaginês Aníbal
deu ao seu exército mel e vinagre quando cruzaram os Alpes em elefantes para
lutar contra Roma.
Para a medicina chinesa, o mel tem
uma característica equilibrada (não é yin nem yang) e atua de acordo com os
princípios do elemento Terra, entrando no pulmão, no baço e nos canais
intestinais, segundo textos antigos.
Durante a dinastia Zhou Oriental
(770-256 a.C.), um dos manjares reservados para a realeza era uma mistura de
mel com larvas de abelha. Nas Poesias de Chu, uma antologia antiga (século 11
a.C-223 a.C.), se fala de vinho e mel.
E, no antigo Egito, os faraós partiam
para outro mundo carregados de mel. Arqueólogos modernos encontraram uma vez ou
outra nas antigas tumbas egípcias vasilhas de mel de milhares de anos que
estavam perfeitamente conservadas.
São poucos os alimentos que sobrevivem
com o passar do tempo. As batatas dessecadas dos incas são um exemplo, mas,
diferentemente do mel, elas foram processadas. Se você encontra sal ou arroz
seco em uma tumba antiga, no meio do nada, é provavel que você consiga
utilizá-los para preparar um prato sem problemas.
Desenho antigo em caverna na Espanha mostra um homem pendurado em um cipó e alcançando uma colmeia para coletar mel de abelhas selvagens.
Mas
a diferença está aí: você precisará preparar algo. O mel guardado de maneira
apropriada dura por um tempo indefinido, e, se você encontra um pote em uma
tumba no meio do nada, supostamente pode se lambuzar com ele.
Como é possível?
A “magia” acontece por uma série de
fatores que operam na mais perfeita harmonia e em equilíbrio. O mel é um
açúcar, e os açúcares são higroscópicos. Isso significa que eles têm pouca
água, mas podem absorver a umidade se expostos a ela.
São raros os micro organismos que
podem sobreviver em um ambiente assim.
Para que algo estrague, é preciso haver
algo que gere esse processo – mas o mel é um “hospedeiro” ruim para eles,
então, os micro organismos costumam se manter longe dele. Ao mesmo tempo, o mel
é extremamente ácido. Seu pH fica entre 3 e 4,5 (7 seria neutro), e essa acidez
mata micro organismos.
Quando
as abelhas fazem o mel, elas coletam com o néctar das flores e, depois, o
regurgitam no favo. Ao fazer isso, há uma mistura com uma enzima que elas têm
no seu estômago, a glicose oxidase.
O néctar se decompõe em ácido
glucônico e peróxido de hidrogênio, a famosa água oxigenada, muitas vezes usada
para limpar feridas por matar bactérias e que protege o mel de coisas que
queiram “crescer” nele.
Assim, esse “tesouro dourado” é
eterno por ser extremamente doce e ácido, o que impede que qualquer bicho sobreviva
– além disso, tem um poderoso Antisséptico natural.
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