Lorcaserina, o remédio para emagrecer sem riscos
cardíacos
Remédios
para emagrecer existem às centenas, com diferentes graus de eficácia e quase
sempre com graves riscos e efeitos colaterais. Pela primeira vez cientistas
relataram evidências clínicas de um medicamento para perda de peso que não
ocasiona problemas cardíacos.
O otimismo é justificável e podemos estar diante
de um novo patamar de segurança no combate à epidemia de obesidade.
As descobertas foram detalhadas em um
artigo no The New England
Journal of Medicine e apontam que a droga lorcaserina – vendida
nos Estados Unidos sob o nome comercial Belviq – não ocasionou um aumento de
riscos cardíacos em um estudo clínico com 12 mil pacientes.
No entanto, a droga
também não propulsionou uma redução de problemas no coração, sugerindo que a
perda de peso por si só não é suficiente para tratamento de problemas cardíacos
tais como pressão arterial, frequência cardíaca e glicemia.
O medicamento não é novo no mercado,
sendo comercializado desde 2013 nos EUA com o custo médio de US$220-290 por
mês. No entanto, estudos de longo prazo sobre sua eficácia e segurança ainda
não haviam sido realizados. “Pacientes e seus médicos sempre relutaram em usar
medicamentos para tratar a obesidade, e por um bom motivo.
Há um longo
histórico de sérias complicações devido ao uso dessas drogas”, afirmou ao
jornal “Boston Globe” a pesquisadora líder do estudo, Erin Bohula,
do Hospital Brigham and Women, em Boston.
O estudo e
resultados
Para garantir que a lorcaserina não
apresentava os mesmos riscos que drogas similares, Bohula e sua equipe
realizaram um estudo clínico com 12 mil pacientes com sobrepeso ou obesidade,
com idade média de 64 anos, que receberam duas doses ao dia do medicamento ou
um placebo.
Após um período de pouco mais de três
anos, os pacientes que tomaram a lorcaserina perderam uma média de quatro
quilos, praticamente o dobro que os pacientes que receberam o placebo.
Ainda
que os resultados sejam modestos no que se refere ao emagrecimento, o maior
trunfo está na segurança e sustentabilidade referente a doenças do coração.
A
quantidade de pacientes com problemas cardíacos no período foi praticamente o
mesmo em ambos os grupos: 6,1% do grupo que tomou lorcaserina e 6,2% do grupo
placebo.
Tam Fry, do Fórum Nacional de Obesidade do Reino Unido, disse ao
“The Guardian”que a droga é potencialmente o “santo graal” para perda de peso.
É importante ressaltar que ainda que o
remédio não ocasione efeitos adversos no coração, outros efeitos colaterais
foram relatados pelos pacientes participantes: tontura, fadiga, dor de cabeça,
náusea e diarreia.
Outros
especialistas ainda sugerem que mais testes são necessários antes de comprovar
a segurança e eficácia da lorcaserina. Medicamentos similares para perda de
peso no passado tiveram um início promissor, mas logo enfrentaram contratempos.
O rimonabanto era seguro do ponto de vista cardiovascular, mas foi retirado de
vários mercados no mundo em 2008, incluindo na Europa, devido a sérios efeitos
colaterais neuropsiquiátricos (e nunca foi aprovado nos EUA).
A
responsável pelo estudo, no entanto, mantém seu otimismo cauteloso.
“Acho que essas são descobertas importantes e podemos agora dizer com confiança
que a [lorcaserina] é segura em termos de riscos cardiovasculares maiores.
Acredito que mais médicos e pacientes estarão inclinados a usar este agente
farmacológico daqui em diante”, declarou Bohula ao portal TCTMD. [Science Alert, Tcdmd, Boston Globe, Guardian]
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