Uma mutação genética que causa uma doença muscular muito rara impede que o sistema imunológico humano seja infectado pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) gerado pela AIDS, segundo um novo estudo publicado por pesquisadores espanhóis na revista PLOS Pathogens.
A única imunidade natural ao HIV registrada até o momento correspondia à mutação do gene CCR5 : o conhecido como 'paciente de Berlim' foi a primeira pessoa a se livrar desse vírus depois de receber um transplante de medula óssea com esse material genético.
Nesse caso, é o defeito no gene Transportina 3 ( TNPO3 ), que causa distrofia muscular autossômica dominante tipo 1F (LGMD1F), uma condição que apenas uma centena de pessoas sofre em todo o mundo e acredita - se que todas pertencem a membros da mesma família, localizados principalmente na Espanha.
Já se sabia que o TNPO3 desempenha um papel durante a inserção do HIV nas células, mas esses especialistas descobriram que, em pessoas com LGMD1F, a mutação desse gene codifica uma proteína - TNPO3_mut - em cuja presença o HIV-1 , a variante mais agressiva desse vírus, praticamente não pode infectar células.
Esta conclusão é o resultado de um experimento realizado com membros dessa família, cujas amostras de sangue foram expostas ao vírus. Os cientistas observaram que a integração viral foi reduzida 16 vezes em comparação com os controles e os marcadores virais refletiram que em nenhum momento houve uma transferência do genoma do HIV-1 para as células.
"Isso nos ajuda a entender melhor o transporte do vírus na célula", embora "ainda haja muitas coisas que não sabemos bem", como "por que 5% dos pacientes infectados não acabam com AIDS", explicou José Alcami, virologista do Instituto de Saúde Carlos III de Madri (Espanha) e líder desta pesquisa, à agência AFP.
Nenhum comentário:
Postar um comentário