ESCORPIÕES EM ESCOLAS ASSUSTAM PAIS E PROFESSORES EM RIO PRETO.

 

Escola de educação infantil Amália Senir Pontes Gestal, no bairro Romano Calil, tem terreno com mato alto ao lado: foi encontrado escorpião na escola (Guilherme Baffi 8/8/2023)

Joseane Teixeira  Publicado em 8 de agosto de 2023

Adaptado à região e com ambiente propício à proliferação, escorpião deixa três pessoas feridas por dia em Rio Preto; risco é grande quando envolve criança – e os bichos têm aparecido até em escolas.

De janeiro a julho deste ano foram registrados 718 acidentes com escorpiões em Rio Preto, uma média de três casos por dia. 

O número é o maior do período em pelo menos dez anos. Em 2021, foram registrados 443 casos e, no ano passado, 681. 

A preocupação aumenta quando as crianças estão expostas ao risco de picada. 

O grupo de vítimas com idades entre 0 e 14 anos representa 15% dos acidentes registrados neste ano, segundo relatório da Secretaria de Saúde de Rio Preto. 

 A Secretaria Municipal de Educação registrou pelo menos 30 notificações de aparecimento de escorpiões durante o horário de funcionamento das escolas neste ano. 

Uma delas foi na Cachinhos de Ouro, localizada na Vila Diniz. 

 “O meu filho tem 4 anos. Esses dias, na volta da escola, ele comentou que a professora mostrou um escorpião ‘desse tamanhão’ para as crianças. 

Foi encontrado no banheiro das meninas. 

A ação teve como objetivo alertar os alunos de que não pode tocar no animal se ver outro parecido. 

Perguntei para a professora e ela confirmou a ocorrência. 

Que mãe fica tranquila?”, disse a vendedora Daiane Sole Marassutti. Situação parecida aconteceu na escola de educação infantil Amália Senir Pontes Gestal, no bairro Romano Calil. 

Uma criança de 5 anos relatou à mãe que o amiguinho encontrou um escorpião enquanto brincava no playground. 

A ocorrência também foi confirmada pelos funcionários. A escola é cercada por uma área pública em desuso, que está abandonada. 

A reportagem do Diário esteve no endereço nesta terça-feira, 8, e constatou que o mato ao redor da escola, que acolhe crianças de 4 a 6 anos, está da altura do muro ao lado do parquinho onde elas brincam. 

 Camila Santana, gerente da Vigilância Ambiental de Rio Preto, diz que o aumento dos casos de picada de escorpião é uma realidade em todo o estado de São Paulo. 

 “O animal está super adaptado ao meio urbano e, além do calor, encontra ambiente propício para a proliferação, ou seja, galerias de esgoto com população de baratas e terrenos com mato alto e entulhos”, afirma. 

 Segundo a gerente, ao ser notificada pela direção da escola, a Vigilância Ambiental realiza visitas noturnas no endereço para realizar a busca ativa do animal. 

 “Também reforçamos as ações de manejo ambiental, ou seja, orientamos a realizar a limpeza do ambiente que possa ser foco de escorpião, além do fechamento de ralos, pias e rodapés de portas”, afirma. 

 A Vigilância Ambiental também realiza ações educativas nas escolas apresentando às crianças escorpiões vivos (armazenados em potes) e orientando sobre a necessidade de se afastar do bicho e comunicar um adulto, além de verificar o calçado antes de colocar no pé. 

 A Secretaria Municipal de Educação informou que, quando notificada, solicita o reforço na dedetização da escola e orienta que faça o registro junto à Vigilância Sanitária. 

 “Todos os prédios vinculados à Educação recebem dedetização duas vezes por ano com foco na desinsetização e desratização para controle da população destes animais. 

Além disso, frequentemente são realizadas as trocas de ralos (abre e fecha) e instalação de rodinhos nas portas para vedação e proteção”, consta em nota. 

 Reação tem a ver com peso No ano passado, de 58 soros antiescorpiônicos disponibilizados pelo Centro de Informação e Assistência Toxicológia (Ciatox) do Hospital de Base, 50 foram aplicados em crianças até 14 anos. 

Neste ano, até agora, 19 crianças receberam o antídoto contra apenas dois adultos. “A chance de desencadear reação grave está proporcionalmente relacionada ao peso da vítima. 

O veneno do escorpião em um indivíduo de 10 kg distribui muito mais rápido pelo corpo do que em um indivíduo de 100 kg”, alerta Carlos Caldeira, coordenador do Ciatox. 

 De acordo com o médico, o primeiro sintoma da inoculação do veneno é uma dor intensa no local. 

 “Em menos de 10 minutos as crianças evoluem para náuseas, vômito e suor excessivo, podendo sofrer uma parada cardiorespiratória. 

Por isso o Hospital da Criança e Maternidade de Rio Preto tem porta aberta para esse tipo de emergência. 

Ou seja, a menos que haja uma unidade de saúde mais próxima, a criança pode ser trazida diretamente para cá pelos pais”, avisa. 

 Caldeira afirma que até mesmo nos casos em que não há manifestação sistêmica do veneno, o protocolo médico estabelece a aplicação do soro antiescorpiônico em crianças até 10 anos de idade. (JT) Saiba mais Tipos Existem três espécies de escorpiões que vivem na região de Rio Preto. 

São elas o Tityus bahiensis (marrom), Bothriurus (preto, tem várias subespécies) e o Tityus serrulatos – amarelo e considerado o mais perigoso e causador dos acidentes mais graves. 

Características dos escorpiões Os amarelos são partenogênicos. 

As fêmeas procriam sozinhas e podem gerar, em média, de 14 a 18 filhotes a cada seis meses. Quando nascem, vivem em cima da mãe até a primeira troca de esqueleto. 

Alimentação O escorpião amarelo come principalmente insetos como cupins e grilos, mas sua refeição favorita são as baratas. São predados por corujas, gaviões, sapos, algumas espécies de aranha e lagartos. 

Do que gostam De ambientes úmidos e escuros, onde escondem-se durante o dia, como no vão de tijolos, no meio do lixo, embaixo de entulho, cascas de árvores velhas, dormentes de estradas de ferro, folhas secas, lajes de túmulos e frestas de muro. 

Ou seja, gostam de lugares semelhantes aos de seu alimento preferido, as baratas. 

Como entram em casa Pelo vão embaixo da porta, pelas janelas e pelo ralo. 

Como evitar levar uma picada Mantenha os ambientes limpos. Isso evita o aparecimento de escorpiões e também de seu alimento, os insetos. 

Além disso, também permite uma maior visualização do espaço e, se houver algum escorpião no local, será mais fácil ver. 

Não deixe lixo aberto para não atrair insetos. Roce os terrenos. 

Reboque paredes e muros para que não tenham vãos e frestas. Use telas nas janelas. Tampe o ralo de pias e tanques e compre ralos para banheiro com proteção. Proteja as soleiras das portas. 

Examine calçados, roupas e toalhas antes de utilizar. Observe sempre o local onde vai se sentar ou deitar. 

Preste atenção no berço antes de colocar o bebê. Mantenha berços e camas afastados das paredes. 

Nunca deixe cobertores ou mosqueteiros de berços tocando no chão. Isso facilita a escalada dos bichos. 

Veneno não mata escorpião – os inseticidas apenas acabam com seu alimento. 

Se quiser matar o bicho, é preciso bater nele. Levei uma picada. E agora? 

 Procure o serviço de saúde o mais rápido possível ainda que esteja se sentindo bem. 

Em Rio Preto, o Hospital de Base realiza o tratamento sorológico. 

Números Acidentes com escorpião em Rio Preto (janeiro a julho de cada ano) 

 2019: 293 

2020: 510 

2021: 443 

2022: 681 

2023: 718 

Casos neste ano Leve 699 Moderado 

10 Grave 9 Faixa etária 0 a 14 anos 108 15 a 64 anos 499 Acima de 65 anos 111 Soroterapia? 

Não 701 Sim 15 Sem informação 

2 Local da picada Dedo da mão 

172 Pé 152 Mão 

103 Dedo do pé 

80 Tronco 

65 Braço 

40 Coxa 33 

Perna 33 Cabeça 

22 Antebraço 

13 Sem informação 5 

 Fonte: https://www.diariodaregiao.com.br/cidades/riopreto/escorpi-es-em-escolas-assustam-pais-e-professores-1.1259957

Nenhum comentário:

Postar um comentário

EM DESTAQUE

SUMÉRIOS HISTÓRIA DO MUNDO

  DROPS história Os sumérios foram uma das primeiras grandes civilizações da história humana, surgindo na antiga Mesopotâmia, no sul da atua...

POSTAGENS MAIS ACESSADAS