Dois senadores americanos criaram um projeto de lei para conceder vistos de três anos a estrangeiros que invistam mais de US$ 500 mil em propriedades.
O projeto pretende aproveitar um momento em que novos ricos dos países emergentes procuram formas de investimento para as suas fortunas.
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Comprar uma casa nos Estados Unidos é uma de diversas opções de investimento. Graças aos compradores estrangeiros, cidades como Miami e Los Angeles têm escapado da crise provocada pela execução de hipotecas imobiliárias nos Estados Unidos.
A contribuição estrangeira pode funcionar como um impulso para o país em tempos de dificuldade econômica.
No período de 12 meses que se encerrou em março, os estrangeiros compraram casas no valor de US$ 82 bilhões – 24% a mais do que no período anterior, segundo dados da Associação Nacional de Agentes Imobiliários (NAR, na sigla em inglês).
Este dinheiro é semelhante ao valor aportado pelo governo americano em 2009 para incentivar o setor automotivo do país, que enfrentava uma crise.
Canadenses, chineses, britânicos e mexicanos são, nesta ordem, os principais investidores em residências nos Estados Unidos, segundo a NAR. A associação disse também que cresceu o número de brasileiros, argentinos e colombianos comprando casas no país.
"Sem eles, a recuperação do mercado em Miami teria sido muito mais lenta", disse à BBC Mercedes Guinot, uma agente imobiliária da cidade. Um em cada quatro compradores de casas no sul da Flórida é estrangeiro.
Críticas
Os senadores Charles Schumer (Partido Democrata) e Mike Lee (Partido Republicano) dizem que a lei trará benefícios ao país e sem nenhum custo.
"A reforma gerará mais demanda, sem que o governo precise gastar um centavo", afirma Schumer.
O projeto de lei teve boa repercussão entre agentes imobiliários. No entanto, analistas ouvidos pela BBC questionaram a sua eficácia.
Um dos problemas é que o visto de residência não garantiria o direito de trabalho ao imigrante, o que pode ser um empecilho na decisão de ele se mudar para os Estados Unidos.
Além disso, o projeto obrigaria os compradores a residir por pelo menos 180 dias por ano no país, o que os forçaria a pagar imposto de renda nos Estados Unidos.
Atualmente, boa parte dos investidores estrangeiros aluga suas casas a terceiros.
"Esta proposta é desnecessária", disse à BBC Richard Smith, que é diretor-executivo da agência imobiliária Realogy.
"Os senadores têm a boa intenção de estimular o mercado imobiliário, mas seu projeto é uma solução em busca de um problema."
Na sua avaliação, os investidores estrangeiros já têm incentivos suficientes no valor das casas americanas.
"O verdadeiro interesse destes compradores está na disponibilidade de casas e em seu preço relativamente reduzido", afirma.
Os analistas também mencionam a baixa cotação do dólar como um fator que provocou o aumento da demanda.
O economista-chefe da consultoria Capital Economics, Paul Ashworth, diz que os canadenses, atuais líderes em compras de residências nos Estados Unidos, podem permanecer até seis meses no país sem a necessidade de visto.
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