O Único Deus
Êxodo 20.3 3 Não terás outros deuses diante de mim.
4 Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra.
5 Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o SENHOR teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam.
Quando o povo de Israel deixou o Egito, por mão forte e braço poderoso do Senhor, viu-se liberto de seus opressores. Ao cruzar o mar para a liberdade, o povo trouxe consigo uma influência cultural e religiosa muito forte, recebida dos egípcios. Ainda era muito fácil aos hebreus trocar o Deus Vivo e Verdadeiro por um Bezerro de Ouro (Êx 32).
Isto, porque o simples fato da libertação física do jugo e da opressão dos egípcios, não significava que tinham também se livrado dos usos, costumes, cultura, tradições e religiosidades adquiridos durante cerca de 400 longos anos.
Havia sim, a necessidade de um tratamento interno na mente, no coração deste povo. Deus os conduziria até o final onde, por meio dos mandamentos, traria ao povo uma orientação segura e equilibrada, que promoveria cura interior nas memórias latentes dos dias de pecado no Egito.
Talvez a maior de todas as lembranças e o que se tornaria para Israel um dos maiores desafios, se relacionava com a idolatria. Postes ídolos, imagens de barro, de fundição, de ouro, de madeira, etc. Isto, porque no Egito existiam muitos deuses-animais, imagens antropomórficas, figuras da natureza, seres inanimados, rios com jeito de deus, deus com cara de gente como no caso de Faraó.
O desafio deste texto inicial da Lei, era promover a libertação interior do povo da idolatria e de toda forma de culto que não poderia subsistir na vida daqueles que foram libertos e resgatados pelo Único Deus, Vivo e Verdadeiro.
Ao retratarmos a indignação de Deus para com a idolatria na vida de uma nação, estamos a retratar nosso próprio drama de nação brasileira, arraigada a diversos costumes, cultos e formas de religiosidades, as quais projetam deuses à semelhança dos do Egito.
Em 12 de outubro de 1995, um acontecimento marcou o ano como fato religioso em nossa nação. O caso do pastor que, pregando contra a idolatria, chutou a imagem da santa; tal ato gerou, via mídia, uma comoção nacional. Este episódio demonstrou que a nossa nação está atolada na idolatria.
Nosso país é manipulado pelas mesmas mãos que confeccionam e administram tais imagens para ilusão e veneração do povo. E, de igual modo, denunciam a intolerância que certas pessoas cultivam quanto à liberdade de expressão religiosa.
Assim, ao olharmos os ensinos bíblicos nos mandamentos do Senhor, encontramos de início a afirmação ao povo que deseja ser povo de propriedade exclusiva de Deus. Que deseja servir amorosamente Àquele que os libertou do cativeiro, da escravidão e da manipulação religiosa: "Não terás outros deuses diante de mim ".
Por que não ter outros deuses, se não existe outro deus além do Deus Único e Verdadeiro? Por que proibir a adoração a outros deuses, se não passam de projeções humanas?
1 - EXCLUSIVIDADE CONQUISTADA PELA LIBERDADE PROPORCIONADA
Ao sair do Egito, o povo trazia na memória os cultos, as festas religiosas, os dias santos e de comoção nacional pelos feitos de tais deuses... Era ainda viva a memória dos banquetes, das panelas de carne e das orgias que serviam para honrar tais divindades e para humilhar o homem.
Como Deus único, verdadeiro e vivo, o Senhor requeria do povo, exclusividade. Não aceitava outros deuses, pois não existiam outros deuses para libertá-los da escravidão. Não houve deus que se levantasse para socorrê-los. Por que haveriam outros deuses para ser adorados?
O profeta Elias ousou desafiar os 450 profetas, gurus e guias estabelecidos por Baal. Reuniram- se no Monte Carmelo, na casa de Baal para um desafio.
E a Palavra afirma: "Tomaram o novilho que lhes fora dado, e invocaram o nome de Baal, desde a manhã até ao meio dia, dizendo: Ah, Baal, responde-nos! Ao meio dia Elias zombava deles dizendo: Clamai em altas vozes, pode ser que esteja meditando, ou atendendo a necessidades, ou de viagem, ou a dormir... Porém não houve voz, nem resposta" (I Rs 18.25-29).
Deus não queria qualquer tipo de associação com os deuses que foram vistos no Egito. Os ídolos não falam. Não puderam lhes socorrer. Não são seres inteligentes e criadores. Os ídolos desde então, são criados para manipular pessoas e a massa do povo. Estavam a serviço da opressão e exploração a mando de Faraó. Devido a isto, Deus queria distinção.
No livro dos Juízes existe um ciclo que demonstra como o povo de Israel, mesmo em Canaã, ainda estava ligado à idolatria, e não portava diante do Senhor em exclusividade de coração. Os ciclos são:
1. o povo livre, afasta-se do Senhor;
2. criam para si deuses;
3. Deus repulsa a idolatria do povo;
4. o povo cai escravo de seus inimigos;
5. o povo clama a Deus no cativeiro;
6. Deus socorre seu povo e levanta um juiz libertador;
7. o povo livre, afasta-se do Senhor...
O apóstolo Pedro conclama a Igreja a estar bem atenta para não incorrer neste mesmo erro. Em I Pe 2.9,10 ele afirma: "Vós sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus; a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz".
2 - EXCLUSIVIDADE QUE CONDENA A FALSIDADE
Neste mandamento estudado, Deus revela seu desagrado com a idolatria, devido ser esta a própria encarnação da falsidade. Os ídolos não são deuses. São apenas projeções "artísticas". São idealizações humanas.
O livro dos Salmos afirma: "Prata e ouro são os ídolos deles, obras das mãos de homens. Têm boca, e não falam; têm olhos, e não veem; têm ouvidos, e não ouvem; têm nariz, e não cheiram. Suas mãos não apalpam; seus pés não andam... " (Salmo 115.4-7).
Por outro lado, afirmam alguns que as imagens são apenas representações artísticas do ser de Deus - a adoração, todavia, segundo estes, é direcionada a Deus. Ao lermos Jo 1.18, encontramos: "Ninguém jamais viu a Deus". E o grande líder Moisés, rogou ao Senhor que lhe mostrasse a sua glória. E Deus lhe disse: "Não poderás me ver a face, porquanto homem nenhum verá a minha face e viverá" (Êx 33.20).
Como entender então, o fato de confeccionar-se uma imagem de um Deus que ninguém pode até hoje, ver fisicamente sua face? Um Deus que a si mesmo se define dizendo: "Deus é espírito..." (Jo 4).
Como ser inspirado à adoração a Deus por uma pretensa imagem "dele" sem qualquer glória, sem qualquer esplendor e refulgências do Deus vivo e verdadeiro? Pura imitação. Apenas uma falsa idealização de Deus. E quem trabalha com imitações distorcidas, com realidades falsas, mentirosas e enganosas é o diabo - o pai da mentira.
Até mesmo na literatura apócrifa encontramos textos que combatem a idolatria, que desmascaram a falsidade dos ídolos como no livro de Sabedoria 13.10-19:
"São uns desgraçados, põem sua esperança em seres mortos, estes que chamam deuses a obras de mãos humanas, ouro, prata, lavrados com arte, figuras de animais, ou uma pedra inútil, obra de mão antiga.
Eis um carpinteiro: ele serra uma árvore fácil de manejar; raspa-lhe cuidadosamente toda a casca, convenientemente a trabalha e dele faz um utensílio para os usos da vida.
A sobra de tudo o que para nada serve, um pau retorcido e nodoso: ele o toma e o esculpe nos momentos de lazer, modela-o com capricho para distrair-se e dá-lhe figura de um homem; ou então torna-o semelhante a um animal desprezível, cobre-o de vermelho, enrubesce-lhe a superfície fazendo desaparecer todas as manchas.
Depois faz- lhe um nicho digno dele e o coloca na parede, prendendo-o com um prego! Toma precauções para que não caia, sabendo que ele não pode valer-se a si mesmo: é uma imagem e necessita de ajuda!
Entretanto, se quer rezar por seus bens, casamento e filhos, não se envergonha de dirigir sua palavra a este ser sem vida: para a saúde, ele invoca o que é fraco para a vida, implora o que é morto; para uma ajuda, solicita o que não tem experiência; para uma viagem, dirige-se a quem não pode dar um passo e, para ter lucro e êxito em seus trabalhos e empresas, pede vigor ao que nenhum vigor tem em suas mãos!"
3 - EXCLUSIVIDADE RESULTANTE DA SANTIDADE
O termo santo, nas Escrituras Sagradas, significa "separado". Deus é um ser separado, diferente e exclusivo. "Quando o artífice pega a pedra ou o pau e lhe dá forma, de certa sorte, além de expressar sua arte, coloca o que tem dentro de si na obra".
Significa que o artífice é o dono da obra, é o seu proprietário e que obra foi dedicada a interesses pessoais ou mesmo coletivo. Deus não tem dono e não pode ser manipulado, dirigido, marionetado por nada e por ninguém.
No Egito, pela abundância de ídolos, as pessoas tinham os seus prediletos, de devoção diária; quando não associavam vários em um só ato de devoção. O sincretismo religioso reinava abundantemente. Sincretismo nunca foi sinônimo de liberdade religiosa.
Josué afirma: Escolhei hoje a quem sirvais; se aos deuses a quem serviram os vossos pais... ou aos deuses dos amorreus em cuja terra habitais. Eu e a minha casa serviremos ao Senhor"(Js 24.15).
Diante deste desafio de Josué e desta oportunidade. de escolher, o povo escolhe servir ao Senhor. Josué porém alerta: "Não podeis servir ao Senhor, porquanto é Deus santo, Deus ciumento..."(Js 24.19).
A santidade de Deus não permite associação, coligação "partidária"... Você pode escolher o que quiser. Conquanto, se quiser servir ao Senhor, há se ter em mente esta implicação: a santidade de Deus requer exclusividade dos seus. O Senhor Jesus, quanto a isto, afirmou: "Não podeis servir a dois senhores" (Mt 6.24).
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Um grande abraço
P.Saran
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