Poliploidia é o nome da condição que afeta uma célula que tem mais cromossomos do que o normal. Estudando pacientes com câncer, os cientistas notaram que cerca de 14% dos portadores de câncer de mama e 35% dos portadores de câncer do pâncreas têm células com esta condição, com três ou mais conjuntos de cromossomos, em vez do normal, que é dois.
Tentando repetir o mecanismo que produz células com poliploidia, os cientistas descobriram uma forma de divisão celular desconhecida à ciência.
Normalmente, a divisão celular começa com uma fase de síntese, quando uma duplicata de todo o conteúdo da célula é feita, incluindo os cromossomos no núcleo. Durante a mitose, os dois conjuntos são separados, viajando para direções opostas dentro da célula. Finalmente, na citocinese, a célula é dividida em duas células, marcando o fim da mitose.
O pesquisador, professor Mark Burkard, da Escola de Medicina e Saúde Pública da Universidade de Wisconsin (EUA) e sua equipe, estava tentando criar células com mais de uma cópia dos cromossomos, imitando o câncer. Para isto, ele bloqueou a citocinese com um componente químico, e esperou para ver o que acontecia.
Em vez de gerar células anormais, a divisão acabava formando células normais na maioria dos casos. Tentando descobrir como isto acontecia, os cientistas começaram a fazer testes. O primeiro deles foi com uma célula com dois núcleos, que surpreendentemente se dividia em duas células normais, sem passar pela mitose.
Esta nova forma de divisão recebeu o nome de clerocinese, que significa "herança distribuída", para diferenciá-la da citocinese. Em cerca de 90% das vezes que uma célula com poliploidia se dividia, ela gerava duas células normais.
O prof. Burkard pretende descobrir uma forma de disparar o mecanismo da clerocinese nas células com poliploidia, elevando a 99% o número de vezes que são geradas células-filhas normais. Ele acredita que, se conseguir isto, será capaz de baixar o índice de incidência de câncer causado por células com poliploidia. [Science 2.0, G1, iSaúde]
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