Cinco décadas atrás, o pesquisador Leroy Stevens descobriu um tumor no saco escrotal de um rato. Ao examinar o animal, ele identificou vários tecidos, incluindo dentes e cabelos. A partir desta constatação, traçou a origem do tumor e deu início ao estudo das células-tronco.
30 anos mais tarde, cientistas norte-americanos e ingleses conseguiram isolar células-tronco embrionárias a partir do blastocisto de um roedor. Em 1998, duas equipes independentes anunciaram o isolamento de células-tronco embrionárias humanas. E assim, passo a passo, nasceu a linha de pesquisa com células-tronco que traz diversas esperanças para a medicina.
Células-tronco são células com a capacidade de se dividirem e darem origem a outras células semelhantes às progenitoras. As células-tronco embrionárias (que formam os embriões de animais e humanos) tem a grande capacidade de transformarem-se, através da diferenciação celular, possivelmente em qualquer tipo de tecido do corpo.
Hoje em dia, o foco da pesquisa é em terapias para combater doenças cardíacas, doenças degenerativas do cérebro, diabetes, derrame, doenças sanguíneas, etc. O grande propósito dos estudos é utilizar essas células para a recuperação de tecidos danificados por condições e traumas que, de outra maneira, não teriam cura.
Conheça alguns fatos sobre essas incríveis células que podem salvar vidas:
5. Renovação constante
Diferente de outras células do corpo, como as células musculares, do sangue ou do cérebro, que normalmente não se reproduzem, células-tronco podem se replicar várias vezes. Isso significa que a partir de uma cultura de células-tronco é possível produzir milhares.
Os pesquisadores ainda não sabem exatamente como induzir a proliferação e autorrenovação dessas estruturas, mas elas fazem esse trabalho muito bem sozinhas.
Graças às células-tronco, você ganha uma nova pele aproximadamente a cada quatro semanas, um novo intestino todos os dias, e incríveis 2 milhões de novos glóbulos vermelhos a cada segundo.
4. Povoação ou lotação
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Pesquisadores descobriram células-tronco na polpa dentária de dentes humanos em 2000. Conforme o tempo passa, nós continuamos a encontrá-las em diversas partes do corpo.
Existem vários tipos de células-tronco. Elas podem ser classificadas em totipotentes, quando conseguem se diferenciar em todos os tecidos do corpo humano; pluripotentes ou multipotentes, quando são capazes de se transformar em quase todos os tecidos, exceto placenta e anexos embrionários; oligotentes, quando podem se diferenciar em poucos tecidos; e onipotentes, quando podem se transformar em um único tecido.
Essas estruturas basicamente podem ser divididas, de acordo com a origem, em células-tronco derivadas de tecidos embrionários (somáticas) e células-tronco derivadas de tecidos não embrionários (adultas). Células-tronco pluripotentes poderiam, teoricamente, derivar de qualquer célula humana.
Já as células-tronco embrionárias se formam no interior do blastocisto, um aglomerado celular que dá origem a tecidos e órgãos necessários ao desenvolvimento do feto. A maioria das pesquisas utiliza este tipo de célula para produzir mais células-tronco (o objetivo é dividi-las em laboratório e estimulá-las para se tornarem tecidos especializados).
Outro tipo bastante utilizado em pesquisas são células-tronco pluripotentes induzidas, células adultas que foram geneticamente reprogramadas para o estágio de células-tronco embrionárias. No momento, a técnica está sendo analisada para ver se poderia ser utilizada de forma segura em seres humanos.
Alguns especialistas acreditam que células-tronco existem possivelmente em quase todo o tipo de tecido. Já foram encontradas células embrionárias no cordão umbilical, na medula óssea, no sangue, no fígado, na placenta e no líquido amniótico.
3. Regeneração possível
O carbono-14 produzido pelos testes de bomba nuclear da Guerra Fria possibilitou que pesquisadores determinassem que o nosso coração pode se regenerar (muito lentamente), graças às células-tronco.
O estudo, publicado em 2009 na revista Science, conseguiu estabelecer a idade de músculos cardíacos por meio de técnicas de datação por incorporação de carbono-14 ao DNA de pessoas expostas à radioatividade.
Os cientistas suecos constataram que os músculos cardíacos humanos apresentam capacidade de renovação anual de 1% a 2% nas primeiras décadas de vida, e de 0,45% a partir da quarta década, em que a probabilidade de um infarto do miocárdio é maior.
As taxas de renovação indicaram que cerca de 50% das células dos músculos cardíacos humanos são substituídos ao longo de toda a vida de uma pessoa com 70 anos.
Isso deu esperanças para uma das terapias mais esperadas com células-tronco: a reparação cardíaca. A utilização de células-tronco adultas da medula óssea, ou de células derivadas do tecido adiposo, ou até de células adultas geneticamente modificadas para estimular a formação de novos vasos vem sendo constantemente estudada.
2. Pele por demanda
Outra área de pesquisa com células-tronco tem a ver com sua utilização para crescer “camadas” inteiras de epiderme em laboratório, apenas sem pelos ou glândulas sudoríparas. Esta “pele criada” pode ser utilizada como enxerto para pacientes com queimaduras graves.
Alguns anos atrás, pesquisadores inventaram uma “pistola” que funciona usando células-tronco saudáveis da pele do próprio paciente, misturadas com uma solução que possibilitaum efeito de spray. Esse spray ajuda a regenerar o local danificado. O dispositivo tratou com sucesso mais de uma dezena de vítimas de queimaduras.
Outros estudos também conseguiram provar que células-tronco podem ajudar a recuperar a visão. A Universidade de Oxford (Reino Unido) usou o transplante de células estaminais em desenvolvimento nos olhos de ratos cegos, ajudando-os a formar novamente uma camada sensível à luz na retina e, portanto, enxergar de novo.
1. Transplantes salvadores
Nos últimos 20 anos, mais de 20.000 pacientes receberam transplantes de sangue do cordão umbilical, em sua maior parte para tratar distúrbios do sangue, como leucemia, em crianças. As terapias na área estão ficando cada vez melhores, e se provando cada vez mais eficazes.
Há pouco tempo, pesquisadores da Universidade de Cambridge (Reino Unido) desenvolveram uma nova técnica para a obtenção de células-tronco a partir do próprio sangue dos pacientes.
Consideradas uma das maiores promessas da medicina regenerativa, já que podem ser convertidas em qualquer tipo de célula existente no organismo, as células-tronco são potencialmente úteis em terapias de combate a doenças cardiovasculares, neurodegenerativas, diabetes mellitus do tipo 1, acidentes vasculares cerebrais, doenças hematológicas diversas, traumas na medula espinhal, etc.
Elas são encontradas em células embrionárias, na placenta, no líquido amniótico, no cordão umbilical e em vários locais do corpo, como na medula óssea, no sangue e no fígado.
No passado, as principais questões levantadas pela sua utilização se relacionavam com o fato de que algumas de suas fontes de obtenção (como embriões humanos) sãoconsideradas controversas do ponto de vista ético. Também, como a fonte provém de outro organismo, o material obtido está sujeito à rejeição, de forma análoga ao que pode ocorrer com o transplante de órgãos.
A nova técnica promete resolver ambas essas questões: além de possibilitar que células-tronco sejam obtidas diretamente do sangue do paciente, sem a necessidade da utilização de embriões humanos, diminui o risco de rejeição, já que o material vem do próprio organismo do beneficiado.
O estudo de células-troncos em transplantes continua a todo vapor. A ideia é que, em poucos anos, a terapia celular seja amplamente utilizada como tratamento padrão nos hospitais de todo o mundo.[HIW, IG, DiariodaSaude]
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