Eike Batista, de 56 anos, é exuberante, barulhento, extrovertido. Jorge Paulo Lemann, de 73, é discreto, silencioso, reservado. Se pudesse, Lemann passaria a vida longe das colunas sociais. Eike as frequentava quase diariamente quando era marido da modelo Luma de Oliveira – e, depois do divórcio, seus namoros continuam a ser assunto. O exuberante Eike sempre quis ser o homem mais rico do mundo. Dizia ter dúvidas sobre se ultrapassava o bilionário número um, o mexicano Carlos Slim, “pela direita ou pela esquerda”. O discreto Lemann nunca perseguiu esse objetivo. Depois de arquitetar e construir a maior cervejaria do planeta, a AB InBev, e de comprar, nos últimos anos, empresas de varejo, alimentos e fast-food, Lemann se tornou o homem mais rico do Brasil, com uma fortuna estimada em cerca de US$ 18 bilhões. No último ano, Eike viu seu patrimônio encolher de US$ 30 bilhões para perto de US$ 10 bilhões. Ele continua bilionário – mas sua história, contada da perspectiva de hoje, tornou-se um enredo de queda. Ao passo que a história de Lemann, vista neste momento, é uma das mais impressionantes fábulas de sucesso do Brasil atual.
O mais interessante ao examinar as duas trajetórias em paralelo – como faz ÉPOCA nesta edição – não é comparar a fortuna de um ao infortúnio do outro. As duas histórias – diferentes em gênero (epopeia e drama) e número (US$ 18 bilhões e US$ 10 bilhões) – têm algo em comum: estão entre as sagas empresariais mais vibrantes da história recente do país. A de Eike mostra um empresário criativo, ambicioso, capaz de atirar em várias direções – cujo erro pode ter sido exatamente abarcar setores econômicos em excesso. A de Lemann descortina um império assentado sobre poucas e sólidas ideias, forjadas num início de carreira que, entre outros percalços, registra uma falência e erros de administração. Como toda aventura humana, as sagas de Lemann e Eike são feitas de sucessos e fracassos. Ambos estão entre os maiores empresários do Brasil e com ambos é possível aprender lições de empreendedorismo, uma das causas de ÉPOCA. É nesse espírito que publicamos duas reportagens que contam a trajetória desses dois brasileiros na edição desta semana. Refletir sobre as trajetórias dos que sonharam alto é sempre inspirador para aqueles que cultivam sonhos de todos os tamanhos.
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