28/09/2015
Com o governo Dilma
Rousseff ladeira abaixo, empurrado pela repercussão da Operação Lava Jato e
pela economia em queda livre, o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da
Silva anunciou, no final de agosto, que estava de volta à lida.
"Voltei a voar",
disse Lula. Mas, na verdade, o ex-presidente jamais "desembarcou" de
sua atuação política e de vendedor de suas ideias sobre o país.
Os detalhes dessa sua intensa
agenda de viagens nacionais e internacionais nos últimos anos estão em fase
final de coleta de informações na investigação sigilosa que ocorre no Núcleo de
Combate à Corrupção (NCC) do Ministério Público Federal do Distrito Federal.
Enquanto Lula abre suas asas
sobre o País, o MPF-DF ajusta o radar exatamente na direção dele.
Os
procuradores querem saber quem paga a conta do sobrevoo continental do
ex-presidente e suas consequências.
Levantamento do Instituto Lula
aponta que, de 2011 a 2014, ele não economizou tempo e presença visitando boa
parte do Planeta. A maratona aérea teve 174 reuniões nas quais Lula se
encontrou com 107 chefes de Estado, autoridades, empresários e dirigentes de
organismos multilaterais e organizações sociais, 63 deles no Brasil e 111 no
exterior.
Neste período, Lula amealhou 28
títulos e tem uma lista de mais 65 outorgados a receber. Contando a despesa com
passagens aéreas somente de 2013, 2014 e 2015, o ex-presidente gastou, a preços
de classe econômica, cotados nesta semana em empresas aéreas, cerca de US$ 38
mil – o que chega a cerca de R$ 152 mil.
Em ofício de maio, a procuradora
do NCC Mirella de Aguiar, que está afastada por licença maternidade, assinou
pedido de apuração da movimentação de Lula pelo mundo para “aferir-se se
encontram adequação típica no ordenamento jurídico nacional, caso em que poderá
ser instaurada ou requisitada investigação”.
A procuradora substituta indicada,
Anna Carolina Resende Maia Garcia, porém, não pretende assumir a tarefa tão
cedo e permanece na Procuradoria-Geral da República trabalhando na equipe do
procurador-geral Rodrigo Janot.
O caso das viagens de Lula
ganhou peso no Núcleo de Combate à Corrupção em julho quando o procurador
Valtan Timbó Martins Furtado, interino no 1º Ofício, fez andar despacho sobre
uma Notícia de Fato (NF 3.553/2015) solicitada pelo procurador do 4º Ofício,
Anselmo Lopes, que recolheu material de imprensa sobre as viagens de Lula e as
relações dele com empreiteiras investigadas na Lava Jato.
A canetada de Furtado
transformou a Notícia de Fato de Lopes em Procedimento de Investigação Criminal
(PIC), ato que, segundo o MPF, corresponde a um inquérito na esfera da Polícia
Federal.
A investigação quer “elucidar
suspeitas” de ligações do ex-presidente com empresas patrocinadoras de viagens
e compradoras de palestras. Furtado, que não comenta o processo, já sofreu uma
ação movida pelo “investigado”. Mas a representação foi arquivada.
O PIC determinou que a DAG
Construtora e a Odebrecht expliquem preços de passagens e custos de viagem ao
Caribe e à África, assim como entreguem as listas de passageiros desses voos.
Pediu ainda ao chefe da Delegacia Especial do Aeroporto Internacional do
Distrito Federal, da Polícia Federal, os registros de entrada e saída de Lula e
do ex-diretor da Odebrecht Alexandrino de Alencar, assim como dados sobre voos
privados (jatinhos).
A Odebrecht entregou os dados no dia 22 de agosto. A Líder
não comenta o caso, que corre em sigilo a pedido do Instituto Lula, do BNDES e
do Itamaraty.
As informações são do jornal “O
Estado de S. Paulo”.
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