Direção nacional não consegue conter a debandada de líderes e militantes. Mais de 300 filiados, ao menos dois senadores e cerca de 100 prefeitos devem deixar a sigla nas próximas semanas Ludmilla Amaral (ludmilla@istoe.com.br)
As medidas anunciadas pelo governo na segunda-feira 14 servirão para acelerar o êxodo petista e fazer o partido chegar ainda mais fragilizado nas eleições municipais do próximo ano.
O alerta foi feito na semana passada pelo senador Lindbergh Farias, do Rio de Janeiro, um dos parlamentares mais próximos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"O governo atira contra a nossa própria base, o pessoal que costuma ir às ruas para defender o partido e nossas propostas", disse o senador referindo-se ao pacote anunciado pelos ministros Joaquim Levy e Nelson Barbosa.
"Assim fica difícil", completou Lindbergh.
Não é de hoje, porém, que o PT vem perdendo filiados.
Desde o escândalo do Mensalão a legenda da estrela vermelha, que já foi reconhecida pela garra de seus simpatizantes, vem se esvaziando.
Primeiro foram militantes, alguns históricos como o jurista Hélio Bicudo, que condenaram a compra de apoio político no Congresso e resolveram abandonar o PT.
Depois, com o escândalo do Petrolão, a insatisfação aumentou e dezenas de prefeitos eleitos pelo partido buscaram novas legendas com o intuito de evitar que o desgaste da imagem da sigla contaminasse suas gestões e a possibilidade de serem reeleitos.
Apenas no Estado de São Paulo, aproximadamente 20% dos 68 prefeitos eleitos em 2012 já deixaram a agremiação e, segundo cálculos feitos pela direção nacional do PT, nos últimos meses mais de 130 outros prefeitos manifestaram o interesse de sair em todo o País.
"Cerca de 80% desses se filiaram ao PT em 2011 quando houve a onda Lula", disse à ISTOÉ um dirigente nacional da legenda tentando definir a diáspora petista como se fosse um movimento protagonizado apenas por oportunistas.
Trata-se apenas de um discurso que procura tapar o sol com a peneira.
INSATISFAÇÃO GERAL
O desânimo e a indignação tomam conta de quadros históricos que não aceitam os malfeitos adotados pelo PT no poder
Depois de perder a senadora Marta Suplicy (SP), o PT deverá sofrer mais duas baixas de importantes lideranças no Senado.
Em entrevista publicada na edição da última semana de ISTOÉ, o senador Paulo Paim, do Rio de Grande do Sul, afirma que até o final do ano deverá deixar a legenda.
Um dos fundadores e ícone petista, Paim não está satisfeito com os rumos do PT e do governo comandado pela presidente Dilma Roussef.
"Nós surgimos para fazer política de uma forma diferente, com ética e princípios que vêm sendo frequentemente agredidos por algumas lideranças", diz Paim, que poderá nas próximas semanas ligar-se ao PSB, caminho escolhido por grande parte dos petistas descontentes.
"O governo atira contra a nossa própria base, o pessoal que costuma
ir às ruas para defender o partido e nossas propostas"
Lindbergh Faria, senador do PT
Ainda no Senado, um outro símbolo do PT deverá abandonar o barco nas próximas semanas.
Trata-se de Walter Pinheiro, da Bahia. Para tentar manter o senador entre seus quadros, líderes estaduais chegaram a lhe assegurar a legenda para disputar a Prefeitura de Salvador no ano que vem.
Em nota, porém, o senador recusou a oferta. No documento encaminhado ao diretório municipal, Pinheiro declinou do convite e disse que sua prioridade é cumprir o mandado de senador.
Descontente com os rumos traçados pela gestão de Dilma Rousseff, o senador baiano não tem participado das reuniões de bancada e nem de outras atividades partidárias.
Foto: Leonardo Wen/Folhapress;
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