◘ CIRCUNCISÃO – RISCOS E BENEFÍCIOS.

Cada vez mais popular, a circuncisão pode ser realizada por motivos de saúde, pessoal ou religioso.

A circuncisão é um procedimento cirúrgico, frequente realizado em crianças, no qual é removido o prepúcio, a pele que recobre a glande (cabeça do pênis).
Historicamente realizado por motivos religiosos, a circuncisão tem se tornado cada vez mais comum por motivos de higiene e por ser um procedimento que reduz a incidência de doenças urológicas.
Neste texto vamos explicar como e por que é feita a circuncisão, abordando seus riscos e benefícios.

O que é o prepúcio?

O prepúcio é aquela camada de pele retrátil que recobre e protege a glande, conhecida popularmente como cabeça do pênis. Apresenta duas faces, a externa composta de pele comum, e a interna, virada para a glande, que é uma mucosa responsável por manter o pênis hidratado e protegido contra agressões do meio externo.
O prepúcio, nos adultos, encobre a glande quando o pênis está flácido, mas se retrai quando o mesmo está ereto.
Essa pele que recobre o pênis começa a ser formada já nas primeiras semanas de desenvolvimento do feto. Desde o nascimento até os primeiros anos de vida do homem, o prepúcio encontra-se aderido à glande, um processo chamado de fimose fisiológica.
Com o crescimento, a região interna vai se desprendendo gradualmente da glande, até ser totalmente retrátil quando o pênis encontra-se ereto. Não se deve forçar o descolamento do prepúcio nas crianças, pois o mesmo ocorre naturalmente com o passar dos anos.

Por que é feita a circuncisão?

A circuncisão é um dos procedimentos cirúrgicos mais antigos da humanidade, havendo relatos da prática entre os egípcios, há mais de 15.000 anos, como modo de aumentar a higiene masculina e “purificar a alma”.
A circuncisão, apesar de ser um procedimento cirúrgico, até hoje ainda é feita frequentemente por questões de tradição e religião, sem que haja necessariamente indicação médica para tal, como são os casos das circuncisões rotineiras em crianças judias e muçulmanas.
No final do século XIX e início do século XX, a circuncisão começou a se tornar um procedimento médico comum, mesmo em famílias sem motivação religiosa. Em alguns países como EUA e Coréia, mais de 80% da população masculina é circuncidada (atenção: o termo circuncisada não existe). É bom deixar claro que, apesar dos conhecidos benefícios – que serão explicados mais à frente -, as principais Sociedades de Pediatria do mundo não recomendam a realização rotineira da circuncisão sem indicação médica.
A circuncisão por indicação médica é normalmente feita nos casos de infecção do pênis (bálano-postite) ou fimose patológica, ou seja, ausência de retratilidade do prepúcio em crianças mais velhas e adolescentes.

Benefícios da circuncisão

A circuncisão, quando feita na infância, apresenta alguns benefícios, entre eles, podemos citar:
a) Redução das infecções urinárias
infecção urinária em homens é incomum, porém, ocorre mais frequentemente em crianças não circuncidadas devido ao favorecimento do crescimento de bactérias nas secreções armazenadas no prepúcio.
Obs: o esmegma é uma espécie de muco branco composto por células esfoliadas e gordura que pode se acumular sob o prepúcio.
b) Redução das infecções do pênis
A balanite (infecção da glande) e a postite (infecção do prepúcio) também ocorrem menos frequentemente em crianças circuncidadas.
c) Redução do câncer peniano e do câncer do colo do útero nas parceiras
Homens circuncidados apresentam menor risco de terem câncer peniano. Todavia, é bom destacar que esta doença também é rara em não circuncidados (cerca de 1 caso a cada 100.000 pessoas). Este beneficio só existe quando a circuncisão é feita ainda na infância. Homens circuncidados após a adolescência não apresentam taxas de menores de câncer peniano.
Além da redução do câncer peniano, parceiras de homens circuncidados, que não apresentam histórico de promiscuidade, apresentam menor taxa de câncer do colo do útero. A explicação parece estar no fato de homens não circuncidados terem maior risco de contaminação e transmissão do HPV.
d) Redução de DST e HIV
Além do HPV, homens circuncidados apresentam uma menor taxa de contaminação por outras DST, nomeadamente tricomoníase HIV.
Curiosamente, a circuncisão não apresenta evidencias de proteção contra a gonorreia e há dados conflituosos em relação à sífilis.

Riscos da circuncisão

A circuncisão é um procedimento cirúrgico que, como tal, possui riscos. Todavia, a cirurgia é rápida e simples (dura cerca de 10 minutos) e apresenta taxas de complicações cirúrgicas abaixo de 0,5%. As complicações mais comuns são sangramentos, infecções e insatisfação com o resultado estético.
A circuncisão, como qualquer outra cirurgia, deve ser feita sob anestesia, evitando que a criança ou mesmo o adulto sintam dor durante o procedimento.

Perda de sensibilidade após A circuncisão

A mucosa do prepúcio é muito inervada e contribui para a sensação de prazer. Um dos argumentos contra a circuncisão sem indicação médica é o risco de redução da sensibilidade do pênis. Todavia, apesar da lógica por trás desta teoria, o fato é que, na prática, homens circuncidados não apresentam uma satisfação menor com suas vidas sexuais.
Mesmo em homens que se submeteram à circuncisão somente quando adultos e com vida sexual já ativa, não há provas contundentes de que haja mudanças da qualidade da vida sexual dos mesmos. Existem relatos pessoais de diminuição da sensibilidade, porém, existem também trabalhos científicos com grandes grupos, que mostram ausência de alterações na qualidade do sexo. É um tema polêmico.
O fato é que a circuncisão feita em crianças, sem indicação médica formal, é atualmente um procedimento que causa controvérsias. Existem grupos contra a circuncisão que apresentam os seguintes argumentos:
  • A circuncisão causa dor nos recém-nascidos trazendo estresse desnecessário ao bebê.
  • O trauma da circuncisão realizada quando bebê é carregado pelo resto da vida, mesmo que o indivíduo não se dê conta disso.
  • A circuncisão vai de encontro aos direitos humanos, pois mutila um ser incapaz de tomar decisões.
A posição da maioria dos Colégios de Pediatria é de não indicar a circuncisão sem motivo médico claro. Entretanto, não há contraindicações à sua realização por motivos pessoais ou religiosos.

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