Monsanto é condenada nos EUA por não advertir que seu agrotóxico podia
ser cancerígeno
Multinacional deve pagar
quase 290 milhões de dólares a Dewayne Johnson, vítima de um linfoma incurável
causado pelo produto, segundo a decisão judicial
A Monsanto, que já não goza de
boa reputação, recebeu um duro golpe na sexta-feira, 10 de agosto, após
perder o primeiro julgamento por causa de um herbicida de glifosato nos Estados Unidos. Um júri de San Francisco ordenou que o gigante industrial
pague quase 290 milhões de dólares (cerca de 1,1 bilhão de reais) em danos a
Dewayne Johnson por não advertir que o glifosato contido no herbicida era
cancerígeno. Johnson desenvolveu um linfoma não-Hodgkin incurável que,
segundo ele, apareceu após utilizar os produtos da empresa nos terrenos
escolares da cidade de Benicia, na Califórnia, razão pela qual processou a
multinacional.
O juiz de primeira instância concluiu
que a companhia agiu com “malícia” e que seu herbicida Round Up, assim como sua
versão profissional Ranger Pro, contribuiu “substancialmente” para a doença
terminal de Johnson. A resposta da empresa, quase imediata, foi que vai
recorrer. “A decisão de hoje não muda o fato de que mais de 800 estudos e
revisões científicas, além de conclusões da Agência de Proteção Ambiental dos
EUA, dos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA (NIH) e das autoridades
reguladoras do mundo todo, respaldam o fato de que o glifosato não causa câncer
e não causou o câncer do Sr. Johnson”, afirmou Scott Partridge, vice-presidente
da Monsanto.
Johnson, de 46 anos, tem um linfoma não-Hodgkin incurável
que ele atribui ao fato de ter aplicado os agrotóxicos Round Up e Ranger Pro
nos terrenos da escola onde trabalhou entre 2012 e 2014. O caso se baseou nas
conclusões do Centro Internacional de Pesquisa do Câncer, uma agência da Organização Mundial da
Saúde (OMS) que em 2015 catalogou o glifosato como
“provavelmente cancerígeno”.
É a primeira vez que a Monsanto, adquirida pela alemã
Bayer em junho por 66 bilhões de dólares (251 bilhões de reais),
está no banco dos réus devido aos potenciais efeitos cancerígenos desses
produtos que contêm glifosato, uma substância polêmica. Os especialistas
concordam que a decisão judicial pode abrir as portas a centenas de novos
processos. O maior produtor mundial de sementes transgênicas tem uma reputação
ruim e é uma das companhias mais controvertidas no universo corporativo global.
Não parece que vá abandonar essa fama tão cedo.
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